Quando
eu era garoto e o “politicamente correto” não existia, os nativos, nos filmes
passados na África, tratavam os colonizadores como Buana (na Ásia, eram Sahib).
Livremente
traduzido, era Patrão.
Nas
cinco horas que passou no Brasil – chegou às 10h e decolou logo após dar 15h –
Elon Musk foi, aqui, Buana e Sahib.
Acreditem,
é o bastante para que haja gente que acredite que ele vai colocar centenas de
satélites sobre a Amazônia e conectar todos os caboclos e índios, das terras
mais remotas, à Internet e proteger a floresta dos desmatadores e garimpeiros
que a destroem.
Uma
plateia de empresários – entre eles o indefectível Luciano Hang – e a nata da
República postou-se a sua frente para ouvir ele dizer – o que é que ele disse,
mesmo? – coisa alguma e ouvir, do presidente que ele estava ali começando um
namoro que ia dar em casamento.
Nem
um programa, nem um contrato, nem mesmo um protocolo de intenções, nada.
Apenas
um troféu para Bolsonaro exibir, pespegando-lhe no pescoço uma comenda de
cavaleiro da Ordem de Não-Sei-o-Quê.
Todos
servis e corteses: Buana, Buana, Buana.
Nada
contra fazermos negócios com o homem mais rico do mundo. Seria antes um dever e
uma oportunidade, mas qual é o negócio e o que ganhamos com isso?
Tivemos
apenas uma exibição de vassalagem, do viralatismo rodrigueano
clássico a um sujeito que sequer foi ver a região da qual se pretende
benemérito.
Nunca
senti tanta vergonha de meu país, ao ver a nossa classe dirigente abando o
rabo, como um cão, e oferecendo a área mais rica e preservada do planeta a uma
bisbilhotice sem disfarces.
Tijolaço.
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