Será
esta semana a “Cúpula do Clima”, na qual o Brasil tentará arrancar alguns
milhões de dólares dos EUA com compromissos hipócritas de defesa do
meio-ambiente que, todos sabem, não se realizarão.
É
possível que Joe Biden, apesar das pressões de organismos civis, de lá e de cá,
acabe por conceder algum pequeno crédito (literalmente) de confiança ao Governo
brasileiro.
Como
uma esmola que se dá sabendo que aquilo nada mudará a situação do mendigo.
Paga,
talvez, o ingresso de uma sessão de teatro, de um presidente devastador fazendo
juras de combate ao desmatamento, que todas sabem falsas, para receber, ali
pela porta dos fundos, algumas sobras dos enormes recursos que o seu colega
norte-americano tem a oferecer.
Nas
não paga o o fato de não termos, a dirigir a postura deste país imenso, um
estadista.
Alguém
que seja capaz de dizer que exigem – e muito bem o fazem – que dividamos a
preservação de nossas florestas com o mundo, porque isso é fundamental para
salvar vidas humanas neste planeta.
Mas
que não pode aceitar que, na hora de dividir vacinas contra a Covid-19, que
igualmente salvam vidas humanas neste planeta, não prevaleçam os mesmos
critérios de que a sobrevivência humana não seja igualmente importante em cada
grau, minuto e segundo das coordenadas terrestres.
O mundo
terá 2 bilhões de vacinas produzidas até meados de maio, publica o
jornal Valor Econômico. São o suficiente para imunizar mais de 25% da
população do planeta , mas os países pobres ou em desenvolvimento não terão
recebido, até lá, nem 10% deste total, ainda que representem 70% da população
do planeta.
O
governo brasileiro, porém, continua avaliando o valor da Amazônia em metros
cúbicos de toras e em quilos de ouro que possam dali ser extraídos e é por isso
que se torna incapaz de vê-la como um tremendo ativo a ser posto nas
negociações da ordem mundial entre as nações.
Teremos
governantes capazes de questionar porque, tendo quatro ou cinco vezes o número
de vacinas necessárias a imunizar sua população, o Estados Unidos – e o mundo
rico – só consideram repassar o excesso aos países pobres ou em desenvolvimento
depois que tiverem vacinado 100% dos seus?
Não
nos chamariam de trogloditas insanos – e seríamos isso mesmo – se nos
arrogássemos a dizer que só preservaríamos a Amazônia depois de satisfeitas
todas as oportunidades de enriquecimento com a sua devastação?
Há
só uma Terra e há uma só humanidade.
Nada
tem a ver com bravatas nacionalistas: a mata pujante da Amazônia não é “Brasil
acima de tudo” e não muda pela linha de fronteira entre Bolívia, Colômbia,
Venezuela, Peru, Suriname com o Brasil.
A
vida humana também não conhece fronteiras e salvá-la, na defesa do meio
ambiente ou no combate a pandemias, é dever que não foge a nenhuma nação do
planeta.
Se
devemos – e devemos – dividir a Natureza, a preservação da Amazônia, com o
mundo, os donos do mundo também devem dividir conosco o que a Ciência criou
para salvar vidas.
Mas
não o faremos, porque somos um país que se apequenou, embora seja um dos
maiores do mundo, que virou um mendigo lazarento, que pede ali, na viela dos
despejos, um qualquer que lhe lhe ofereçam.
Não
tem a menor ideia do seu tamanho e de sua importância.
Pesquisa
mostra o crescimento da insegurança alimentar no país, são 125 milhões de
pessoas que não sabem se irão comer.
Entre
as famílias que enfrentam insegurança alimentar, 66,8% são chefiadas por
pessoas pretas e 73,8% são mulheres - Reprodução.
Levantamento
divulgado pelo Food for Justice – Power, Politics and Food Inequality in a
Bieconomy, da Universidade Livre de Berlim, em parceria com pesquisadores
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Brasília
(UNB), mostra que 13,6% dos brasileiros com mais de 18% passaram ao menos um
dia sem refeição, entre os meses de agosto e outubro de 2020.
A
pesquisa que foi feita com 2 mil pessoas, entre novembro e dezembro de 2020,
mostra que a insegurança alimentar - que atingia 36,7% das famílias
brasileiras em 2018 - chegou a 59,4% dos domicílios. Ainda de acordo com o
estudo, 6 em cada 10 residências brasileiras tiveram dificuldade para
organizar, ao menos, três refeições diárias.
Os
pesquisadores perguntaram se, entre os meses de agosto e outubro, algum dos
entrevistados havia comido menos nas refeições porque não havia dinheiro para
comprar comida, 24,4% afirmaram que sim.
Ao
todo, 125 milhões de brasileiros enfrentam alguma forma de insegurança alimentar. Seja a redução no número
de refeições ou a redução da quantidade de comida no prato, para garantir que
não passaria fome em outro momento.
O
retorno do Brasil ao mapa da fome é o escancaramento do projeto neoliberal /
Agência Brasil.
Entre
as famílias que enfrentam insegurança alimentar, 66,8% são chefiadas por
pessoas pretas e 73,8% são mulheres. Nesses lares, a renda familiar não passa
dos R$ 500, o que reforça a importância do auxílio emergencial. Nas casas que
são assistidas pelo auxílio emergencial, 74,1% não tinham certeza se fariam uma
refeição no dia.
Nas
famílias que enfrentam insegurança alimentar, houve uma queda de 44% no consumo
de carne, 40,8% na compra de frutas e 17,8% no uso de ovos nas refeições.
O
senhor Marcelo Queiroga repete, monocordiamente: “usem máscara, usem máscara”.
O
chefe do sr. Queiroga, Jair Bolsonaro, não a põe na cara sequer para evitar
bafejar sobre bebês, na aglomeração patética que foi, de helicóptero, promover
hoje de manhã em Goianópolis, a 140 km de Brasília, sem nenhum compromisso,
apenas para “mostrar sua popularidade”, juntando algumas dezenas de pessoas num
campinho de futebol.
Bolsonaro
sabe perfeitamente que mesmo já tendo tido Covid, nada o impede de carregar,
nas narinas, o vírus e, portanto, transmiti-lo.
Portanto,
está deliberadamente assumindo o risco de infectar pessoas e, pior, até mesmo
uma criança de colo, indefesa.
Disso
sabe o sr. Queiroga, que é médico e que já pediu não só para que todos não
apenas cubram boca e nariz com máscaras como evitem “aglomerações fúteis”.
O
sr. Queiroga tem uma máscara no rosto, mas se encolhe e se omite covardemente
ante um presidente que não tem vergonha na cara e submete pessoas, inclusive um
desprotegido bebê, que nem pode saber dos riscos.
Tivesse
vergonha, além de máscara, na cara, Queiroga estaria, neste momento,
apresentando sua demissão e usando o próprio Bolsonaro como exemplo do que não
se pode fazer, porque é cruel e criminoso.
"Quero
a floresta em pé. Eu não estou aqui de brincadeira”, disse o cacique Raoni a
Joe Biden, afirmando que Bolsonaro mente e pedindo para ignorá-lo
Cacique
Raoni em mensagem a Joe Biden - Foto: Reprodução.
Sem
ouvir as vozes da Amazônia, não é possível um acordo com os EUA. Do
Greenpeace.
Lideranças
de povos indígenas e tradicionais, representantes de organizações da sociedade
civil, ambientalistas, cientistas, artistas e parlamentares se reuniram nesta
manhã (quinta-feira, 15), no evento Emergência Amazônica – Em defesa da
Floresta e da Vida, para dizer em uma única voz: é preciso ouvir as vozes
da Amazônia; caso contrário, não será possível um acordo financeiro entre
Brasil e Estados Unidos.
O
ato, organizado pelo Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia, da Câmara
dos Deputados, teve como objetivo discutir os impactos sociais, ambientais e
econômicos que a floresta amazônica e seus povos podem sofrer caso as
negociações entre os governos Biden e Bolsonaro continuem acontecendo às
escondidas, especialmente quando o país passa pelo pior momento da pandemia,
atingindo a marca de mais de 360 mil mortos pela Covid-19, e retorna ao Mapa da
Fome.
Uma
carta-manifesto endereçada ao presidente dos Estados Unidos e assinada por 55
parlamentares e mais de 60 organizações da sociedade civil, incluindo
Greenpeace Brasil, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e
Observatório do Clima, foi publicada ao final do evento. O documento
alerta que um acordo firmado diante do cenário de destruição ambiental e
genocídio das populações da Amazônia representaria uma validação à política de
retrocessos do governo brasileiro.
“É
alarmante que o governo dos Estados Unidos atribua confiança a um governo que
empenha o negacionismo climático e tem a Amazônia e aqueles que lutam por sua
conservação como inimigos”, diz um trecho da carta, que deixa claro que os
signatários apoiam e estimulam a cooperação internacional para a defesa do meio
ambiente no Brasil, tendo em vista o papel estratégico do país no combate à
crise climática planetária, mas não sob essas condições.
Infelizmente,
a proteção da floresta e seus povos não é prioridade do atual governo
brasileiro que, a uma semana da Cúpula do Clima convocada pelo governo Biden,
apresenta planos
ineficientes e promessas que tentam apenas maquiar a realidade. Por
isso, afirma Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace
Brasil, “um possível acordo legitimaria e financiaria a agenda de destruição da
Amazônia promovida pelo governo federal, que também avança no Congresso Nacional
para desregulamentar legislações socioambientais e fundiárias”.
Para
Mariana, é fundamental que a sociedade se una para conter o avanço da agenda
ruralista e exigir o fortalecimento dos órgãos ambientais e dos recursos
necessários para que cumpram sua função de proteger o meio ambiente.
“Não
aceito madeireiros e garimpeiros dentro da minha terra. Quero a floresta em pé”
Em
um discurso comovente dirigido ao presidente Joe Biden, o cacique Raoni, a
maior liderança indígena do Brasil, mandou um recado claro: “Não aceito
madeireiros e garimpeiros dentro da minha terra. Quero a floresta em pé. Eu não
estou aqui de brincadeira”, ele disse em vídeo gravado para o evento. Raoni
recomendou ao presidente dos Estados Unidos que ignore o que o governante
brasileiro tem a dizer, e lembrou que Bolsonaro foi o único presidente do país
a agir contra o cacique, reconhecido internacionalmente por sua luta em defesa
da Amazônia. (Leia a mensagem completa de Raoni ao final do blog)
A
atriz e ambientalista Lucélia Santos também se dirigiu ao presidente
estadunidense: “Não sei se você já esteve na Amazônia. Se não esteve ainda, por
favor venha. Sem nenhuma ironia, eu digo o seguinte: tem gente na Amazônia, são
30 milhões de brasileiros e brasileiras. Os assuntos relacionados à
Amazônia têm que ser discutidos com os povos que estão diretamente ligados à
Amazônia. Não existe qualquer possibilidade de você ser bem-vindo
negociando a portas fechadas com Bolsonaro”. Lucélia afirmou que Biden inspirou
a todos ao retomar as conversas sobre o Acordo de Paris, para então lembrar que
Bolsonaro rejeita o tratado internacional do clima.
Bolsonaro
não apenas nega o acordo climático como chamou a própria eleição dos Estados
Unidos de fraude, conforme lembrou Márcio Astrini, secretário-executivo do
Observatório do Clima. “A ajuda internacional é sempre muito bem-vinda, mas o
dinheiro não pode parar nas mãos desse tipo de gente. O recado final é: governo
americano, não confie no governo brasileiro”.
Mensagem
do cacique Raoni ao presidente Joe Biden “Presidente dos Estados Unidos. Ouça com atenção o que vou falar. Tenho ouvido
muitas coisas ruins, por isso tenho ficado muito triste. Triste por saber que,
de tudo que eu tenho feito em prol do meio ambiente, ele está sendo cada dia
mais ameaçado.
Senhor
Presidente, o presidente deste país tem feito muitas mentiras. Ouça-me. Eu não
aceito madeireiros aqui dentro da minha terra e nem garimpeiros. Quero a
floresta em pé, para que mantenha os animais alimentados.
A
minha população Kayapó tem aumentado a cada dia. Ouça o que estou falando,
entenda o meu pensamento, me ajude e eu também vou te ajudar. Para que possamos
conseguir somente coisas boas, para que as pessoas reconheçam os frutos do
nosso trabalho, pensamentos que estou falando de muito longe, senhor
presidente. Não sei falar seu nome. Mas o meu nome o senhor já conhece. Eu me
chamo Raoni. É isso.
Eu
não estou aqui de brincadeira. Eu sempre lutei pela permanência desta floresta
e desta terra. Que seja intacta. Desde jovem venho falando sobre isso. E os
presidentes anteriores sempre me escutaram. Somente este presidente está contra
mim. Eu não gostei disso, por isso estou falando para o senhor, espero que me
escute onde estiver. Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor,
ignore-o! Diga que Raoni já falou contigo. Diga apenas isso. Para ver se ele
toma juízo. Ele está querendo liberar desmatamento nas nossas florestas,
incentivando invasões às nossas terras. E eu não estou gostando nada disso.
Quero nossos rios limpos, sem barragens. Para que a floresta permaneça em pé e
para que meus netos e bisnetos possam viver nela que eu estou pedindo.
Essas
minhas palavras são para que tenhamos paz e harmonia. Para quê nos odiar tanto
por causa da terra e da floresta? Não pode ser assim. Só não quero ver ninguém
derrubando a floresta. Não quero exploração de minérios. Pois tudo que tinha ao
nosso redor, já está acabando. Se não souberam cuidar os seus territórios, para
quê incomodar o nosso que estamos cuidando?
Era
isso que queria dizer! Aperto sua mão de longe. Mando ainda um abraço para o
senhor de longe. Estou doente e triste ao mesmo tempo. Pois muitas pessoas que
eu conheço morreram. Aqui também muitos morreram. Por isso a minha tristeza.
Mesmo estando muito triste, a circunstância me forçou a falar novamente em
público. Não deveria estar fazendo isso, mas estou! Para que o senhor me escute,
reflita e que assim possamos encontrar um caminho, uma solução melhor para
preservar o meio ambiente. Só isso, obrigado!”
Hoje,
mais cedo, escreveu-se aqui que era Jair Bolsonaro quem polarizava a eleição.
Agora
à noite,na sua live o atual presidente fez questão de confirmar esta
realidade.
“Está previsto
[sic] eleições em 2022. O Lula vai ser candidato, vai estar lá. Tira eu de
combate, resolvi não disputar as eleições, quem seria o outro que iria com Lula
para o segundo turno? É só fazer um raciocínio que vocês vão entender qual é o
futuro de cada um de vocês”
Jair
Bolsonaro assume claramente que é o voto do antilulismo, a sua aposta em que
merecerá apoio não por suas virtudes, mas por defeitos alheios.
Como
está no governo e Lula está na oposição, quer ser “a oposição da oposição””.
Não
defende seu governo, porque seu governo é indefensável.
“Querem criticar
meu governo, fiquem à vontade, mas puxem um pouquinho pela memória para ver
como o Brasil era conduzido no passado.”
Se
o eleitor fizer isso, fará exatamente o contrário do que sugere o presidente e
verá que, o Brasil, no passado recente, era conduzido numa trilha, ainda que
insuficiente, de progresso e justiça social.
Bolsonaro
segue numa trilha suicida, na qual colherá uma derrota acachapante se não
conseguir introduzir o “tapetão” jurídico para eliminar Lula da disputa.
Eu
já vi isso acontecer, quando Moreira Franco, governador do Rio de Janeiro,
apresentou o antibrizolismo como mote de campanha em 1990.
Brizola
venceu com mais de 60% dos votos, muito mais que os 34% que havia obtido em
1982 e já numa eleição que dispensou o 2° turno.
Não
duvide que isso possa acontecer, como só uma vez aconteceu, pelo artificialismo
do “um dólar, um real” de Fernando Henrique Cardoso.
Principalmente
porque a crise econômica vai se agravar e a comparação que Bolsonaro propõe lhe
será fatal.
Resta
a Bolsonaro, cada vez mais explicitamente, recorrer às ameaças de um golpe que
não tem forças para desfechar:
“só Deus me tira
da cadeira presidencial”. E me tira, obviamente, tirando a minha vida. Fora
isso, o que nós estamos vendo acontecer no Brasil não vai se concretizar, mas
não vai mesmo. Não vai mesmo, tá OK?”
A
psicopatia vai chegando a um ponto inacreditável.
Traduzindo em português claro, o que
se votou hoje no STF?
A partir do relatório de Edosn Fachin
sobre um entendimento que ele próprio deu, monocraticamente, decidiu-se que a
sua decisão deve ser submetida ao plenário do STF.
Isto é, se o Plenário concorda com
sua decisão de considerar a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente para
julgar os processos referentes ao ex-presidente Lula.
Mas o que o faria agir assim,
supostamente abrindo espaço para sua decisão ser derrubada, se ele tinha a
certeza de que na Turma do STF a que pertence, a 2ª, seria aprovada por unanimidade?
É que a Fachin não interessa aprovar
senão a nota de rodapé de sua decisão, a “perda de objeto” da ação que
questionava e que viu reconhecida a suspeição de Sérgio Moro.
É este pedaço e apenas este que
interessa a este homem obcecado em destruir os que o levaram ao STF e que acha
que a vingança é a elevação a píncaros de independência o que é o pântano moral
da traição.
Fachin é um homem devastado por sua
própria pequenez e o que ouviu hoje de Gilmar Mendes sobre sua “volatilidade”
jurídica seria de enfiar-se num buraco.
Viu-se no julgamento de hoje que este
propósito tem quatro votos contrários a este monstrengo jurídico que é
transformar o Plenário do STF em instância revisora das Turmas: Ricardo
Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes e Carmem Lúcia.
É óbvio que se todas as decisões
tomadas pelas Turmas puderem ser questionadas, revogadas ao reformadas pelo
Pleno, elas perderiam a função de viabilizar o funcionamento da Corte, pois o
Plenário se tornaria uma neoinstância recursal, a qual teria
de julgar todas as causas decididas por suas frações.
Tudo indica que vamos voltar àquelas
decisões de “6 a 5” que marcavam o STF.
Cinco, porque Rosa Weber dificilmente
participará deste atropelo.
O voto seis depende dos humores de
Tóffolli e Alexandre de Moraes, se este entender que seu voto leva água ao
moinho bolsonarista.
Mas há algo em comum aos 11
ministros.
Não houve uma voz a levantar-se
contra as declarações de Jair Bolsonaro de que estava “esperando um sinal do
povo” para “tomar providências” e a fazer advertência explícita aos “amigos do
STF” de que eles seriam responsáveis por uma convulsão social.
Veremos amanhã o quanto se lhes
murcha as orelhas ao ver Bolsonaro zurrar.
O
desastre perpetrado no país transformou o anti-bolsonarismo em uma força maior
do que o antilulismo. Logo após a decisão do Ministro Luiz Edson Fachin – de
retirar o processo do triplex de Curitiba, abrindo as condições para Lula
readquirir a elegibilidade.
No
quadro atual, Lula tornou-se franco favorito nas eleições presidenciais de
2022. Mesmo porque, o chamado centro-liberal não logrou emplacar um candidato
sequer com potencial eleitoral.
Teve
início, então, um processo de exorcização de Lula, visto como o único candidato
a Teseu contra o Minotauro, no labirinto de Creta em que se meteu a
institucionalidade brasileira. A mídia deixou de inviabilizar Lula, abriu
espaço para suas manifestações, houve um relaxamento na barreira de silêncio
imposta a ele, permitindo manifestações individuais de jornalistas em sua
defesa. Obviamente, o caso Vaza Jato teve efeito preponderante nessa mudança de
visão.
O
próprio mercado passou a aceitar a possibilidade de uma volta de Lula.
Aí
entra em cena um novo episódio, o desgaste fulminante de Bolsonaro, com os
erros cometidos na condução da pandemia. Até então tinha-se claro um segundo
turno com Bolsonaro e um anti-Bolsonaro. A aprovação da CPI do Covid – com
controle da oposição e de políticos independentes – marcou sua maior derrota
política e um início de reversão nas avaliações sobre 2022. Dependendo de quem
ficar com a relatoria – por exemplo, o senador Renan Calheiros (PMDB) – haverá
um jorrar intermitente de escândalos a serem explorados pela mídia.
O
efeito maior de uma CPI é, justamente, seu impacto midiático. Os relatórios
finais podem ser anódinos, frutos de uma recomposição do governo. Mas os
impactos diários das sessões certamente significarão um abalo adicional na
imagem de Bolsonaro.
Paradoxalmente,
à medida que o horizonte se turva para Bolsonaro, se turva também para Lula. Se
houver sinais fortes de que Bolsonaro poderá não ir para o segundo turno, o
alvo preferencial passará a ser Lula, já que a eleição do campeão da centro-direita
será bastante facilitada.
Por
aí se entende a grande expectativa sobre a decisão que o Supremo Tribunal
Federal tomará nos próximos dias, sobre a suspeição do juiz Sérgio Moro e a
possibilidade de manter (ou não) a decisão de Fachin, de tirar os processos do
foro de Curitiba.
Repare
que, todos os pontos levantados aqui, não consideram aspectos jurídicos,
constitucionais, embora a posição do Supremo Tribunal Federal seja decisiva.
Isso porque, nem o fantasma do bolsonarismo acordou a maioria da casa para os
riscos do consequencialismo – de definir primeiro o resultado para, depois,
buscar as justificativas jurídicas.
Hoje
em dia, não há mais a onda da Lava Jato, a cobertura opressiva da mídia produz
pouco efeito, há uma nova onda crescente, de defesa da constitucionalidade e da
volta da democracia, influenciando especialmente o público mais sensível aos
movimentos do STF.
Mesmo
assim, na votação de hoje, o STF não pestanejou de votar pelo poder de cada
Ministro de escolher para onde jogar seu processo, se para a Turma ou para o
pleno. Está sendo criada uma nova polarização, com os grupos divididos entre
dois bolsonaristas – Ministros Kassio Nunes e Dias Toffoli -, legalistas –
Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello -, mercadistas – Luiz Fux, Luís
Roberto Barroso, Alexandre de Moraes -, e uma viúva da Lava Jato – Luiz Edson
Fachin.
Os
tempos atuais serão conhecidos como a era da vergonha para o Brasil. E não
caberá apenas a Bolsonaro o protagonismo dessa vergonha.
Nos
anos 20, na fase de nossa afirmação como país, o escritor Oswald de Andrade,
brincando com as vitórias do Clube Paulistano numa excursão a terra europeias,
depois de chamar de “injustiça” a única derrota sofrida, assim mesmo por 1 a 0,
contra o Olympique de Cette, na França, deu como título a um poema com os
placares, a famosa frase “a Europa curvou-se ante o Brasil”.
Ontem,
quase um século depois, o incontrolável modernista talvez achasse razão para
escrever que “a Europa gargalha ante o Brasil”, o que, aliás, ele abominaria
grafar.
Ao
explicar ontem, diante do parlamento porque o governo suspendera a autorização
para que pousasse em território francês qualquer avião vindo do Brasil, o
primeiro ministro, Jean Castex arrancou risadas ao argumentar que o presidente
brasileiro Jair Bolsonaro recomendou e nosso país é aquele que mais prescreve
hidroxicloroquina para tratar a Covid-19.
Oswald,
que reclamava terem feito “dum país que possui a maior reserva de ferro e
o mais alto potencial hidráulico, fizeram um país de sobremesa. Café, açúcar,
fumo, bananas”, mortificar-se-ia ao ver que nos fizeram, também, o país do
charlatanismo. Assista:
É
inimaginável que o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, só hoje tenha passado a
se preocupar com o gigantesco número de pessoas que estão deixando de receber a
2ª dose da vacina contra a Covid-19.
Porque
só hoje ele admitiu o problema, e já com números apavorantes: 1,5 milhão de
pessoas perdendo a janela correta de imunização, o que reduz ou anula o efeito
da dose inicial.
Mesmo
quem não tenha, como ele tem, acesso imediato e amplo aos dados de vacinação,
fazendo contas “em papel de pão” como este blog, sabia do problema.
Mas
é pior ainda a reação do burocrata do gogó macio que tomou o lugar de Pazuello:
“o ministério vai emitir uma lista por estado com as pessoas que estão com a
segunda dose atrasada”.
E
vai fazer o que com esta lista, “Excelência”?
Colocar
na internet para as pessoas saberem se falta tomar a segunda dose? Arrumar um
aplicativo para que elas possam ver?
As
providências tinham de ser tomadas ontem, como têm de ser tomadas hoje, para
que o prejuízo não seja maior.
Uma
campanha de comunicação de massa explicando a necessidade do reforço e
convocando as pessoas a comparecerem aos postos de vacinação já deveria estar
sendo despejada sobre o país.
Os
serviços de telemarketing do governo deveria estar disparando ligações
automáticas para todas estas pessoas – que deixaram seus telefones, quando o
tinham, ao fazer a ficha da primeira dose – para receberem a segunda.
Mas
o Dr. Queiroga vai fazer “uma listinha” – quem sabe com “cópia carbonada”- e
repassar para os municípios que, aliás, foram quem deu a informação de quem não
apareceu para revacinar-se.
Dói
ver as equipes de vacinação se esfalfando de trabalhar, metendo-se em lamaçais
e quebradas de todo o tipo para dar uma única vacina, e um burocrata destes
agindo com tamanha preguiça diante da perda de milhões de doses e do risco que
correm as pessoas que não as tomaram.
Suspendeu
a aplicação do decreto de Jair Bolsonaro que permitia a formação de “pelotões”
milicianos, sob a chefia de um “caçador, atirador desportivo ou colecionador”
(CAC), que passaria a poder comprar até 60 armas e até 180 mil munições e 20 kg
de pólvora para recarga de cartuchos.
Alguém
pode acreditar que este arsenal é para repelir o gatuno que pula o muro de uma
casa?
Em
tese, quase 25 milhões de armas de grosso calibre poderiam ser legalmente
compradas, com os decretos de Bolsonaro, além de bilhões de cartuchos e
toneladas de pólvora.
Se
10% for usado para armar grupos paramilitares, temos gente suficiente para
formar várias divisões de Exército.
O
palerma que preside o Senado da República, com seu discurso de “paz e união”
hipócrita havia protelado sine die a votação dos decretos
legislativos que visava impedir esta monstruosidade.
Os
generais do Exército, a quem incumbe o monopólio de possuir força bélica nesta
escala, também ficaram quietinhos.
Esperem
a reação de Jair Bolsonaro. Ele não vai esconder que pretender criar um
exército paralelo, com aquele discurso do “povo armado jamais será
escravizado”.
Não
será uma liminar do STF que impedirá o plano de formação de milícias com armas
pesadas para controlar o país.
Bolsonaro
vai subir de tom, pode esperar.
O
Brasil está sendo sugado pelo torvelinho de uma crise institucional sem
precedentes.
Há
horas em que a gente fica achando que as coisas que escreve, talvez, contenha
exageros. Afinal, não foi fácil escrever que o seu país está entregue à patifaria,
à malandragem do pior tipo.
Aí
vem a manchete do Estadão, com o título que reproduzo acima e você diz: “meu
deus, é pior do que a gente pensava!”.
Porque
como praticar algum grau de serenidade lendo que o presidente da República e
seu circulo palaciano “estão discutindo a ideia” de que Bolsonaro “viaje”,
Hamiltom Mourão também e se deixe ao presidente da Câmara sancionar o
complicado Orçamento de 2021.
É
evidente que isso não acontecerá, infelizmente não por ser absurdo, mas por ser
legalmente desprezível – como desprezível é, moralmente.
Mas
só o fato de isso estar sendo discutido mostra o grau – a palavra é inevitável
– de molecagem que tomou conta da República.
Vejam
esta história do “me grava/não me grava”: quer coisa mais calhorda que este
jogo de imundícies?
Não,
não é apenas o gato de nos encontrarmos sob o domínio de gente de direita, é
estarmos sob o controle de bandidos.
Esconder
as responsabilidades sobre o Orçamento da República não é nem próximo de algum
“arranjo contábil” para enquadrar este ou aquele gasto. É lavagem de dinheiro,
mesmo, porque tudo isso se faz para assegurar que o pouco dinheiro do país seja
direcionado para pequenas obras eleitoreiras – e, claro, com suas pequenas
maracutais – enquanto o imenso “navio” Brasil naufraga.
E
o capitão combina de “dar uma saidinha da cabine” para não ser responsabilizado
pelo choque com o iceberg fiscal.
Merval
Pereira, já no merecido outono de sua capacidade de “fazer cabeças” da direita,
mostra-me sua coluna em O Globo, que este blogueiro não estava exagerando em
dizer que, no Brasil, generalizou-se (sem trocadilhos) a patifaria.
O
ministro Luiz Edson Fachin teria decretado a incompetência da 13ª Vara Federal
de Curitiba – isto é, de Sergio Moro – apenas para esvaziar o julgamento da
parcialidade com que este conduziu o caso do triplex “atribuído” ao
ex-presidente Lula.
Como
remeteu sua decisão monocrática ao plenário do STF, na hora de votá-lo, esta
semana, Fachin daria um voto contra o que ele próprio havia decidido e votaria
pela competência da vara curitibana, para ajudar a fazer maioria para, senão
revalidar a sentença, pelo menos revalidar tudo o que se fez ali.
Criar-se-ia
um imbroglio – se não é competente, não pode ser suspeito – para
preservar a íntegra do processo e deixá-lo pronto para ser liquidado com um
penada de um novo juiz.
Se
necessário, porque o “ideal” seria reverter ao status quo ante, mantendo
Lula condenado e – viva! – inelegível.
Assim,
seria aberto caminho para um candidato do Centro, o “Cinderelo”, no qual, por
horror a Bolsonaro, todos deveriam votar e resolver o problema que todos os
candidatos a príncipe encantado têm: a falta de votos.
Qual
deles? Tanto faz. Quem sabe Merval, que considera Sergio Moro o herói dos
heróis, acompanhe a declaração de voto do ex-juiz e faça campanha para o Danilo
Gentilli, um sujeito que consegue ser mais grosseiro e preconceituoso que Jair
Bolsonaro.
É
duro de engolir, mas para quem já votou no “Mito”, não é nada.
OS
PATIFES
Jair
Bolsonaro chamou de “patife” o governador João Dória, hoje, sábado, 10-04, em uma de suas
investidas ‘espalha vírus” na periferia de Brasil.
Ontem,
havia dito quase o mesmo (covarde é um dos sinônimos de patife) do Ministro
Luís Roberto Barroso, de quem disse não ter “coragem”.
De
alguma forma, Bolsonaro tem razão, inclusive se estender a si mesmo o adjetivo.
Patifaria,
aliás, é o que não falta a este país e por toda a parte.
Políticos,
empresários, prefeitos, deputados, senadores, governadores e o próprio
presidente da República, salvo exceções, com as vantagens que podem auferir da
pandemia do que em detê-la.
Nunca
se falou tanto em moralidade e dela nunca se desdenhou.
Porque
não há moralidade possível quando se desdenha da morte de 350 mil pessoas
alegando que “a economia não pode parar” enquanto os maiores beneficiários e
suas famílias permanecem no isolamento em que sempre viveram, em suas torres de
marfim, deixando que os pequenos negociantes, sem apoio, gritem “reabre,
reabre!” por eles.
Perdeu-se
a vergonha na cara, como é próprio dos patifes, quando um ministro do STF
converte-se em pastor da morte, quando um procurador geral da República vira
patrono do dízimo e quando um ex-juiz e falecido “herói nacional” nacional sai
de seu silêncio dourado para apoiar a candidatura de um palerma grosseiro,
Danilo Gentili, aquele que esfregava notificações nas “partes” gravando o
desaforo.
Não
por acaso, quando foi condenado por injúria, ganhou a solidariedade
presidencial.
Sim,
senhores, patifarias sobram, na ribalta e nos bastidores, onde se trama de tudo
contra os direitos da população e contra as liberdades.
Generais
provectos, decrépitos, agarram-se a sonhos de poder e, depois de conduzirem as
Forças Armadas a uma aventura desastrosa, que atingiu em cheio sua imagem
pública, esmeram-se em arrumar para si e para seu grupo espaços, mando e ganhos
no governo quase “ex” civil.
Médicos
picaretas que insistem em propagandear e distribuir em redes hospitalares
medicamentos ineficazes, eventualmente tóxicos, tudo para agradar o governo ou
praticar sua “medicina ideológica”.
A
velha direita brasileira, que agora rebatiza-se de “centro” não demonstra o
mínimo pendor em aliar-se à esquerda para consertar as lambanças que fez ao dar
os braço à extrema direita e agarra-se ao sonho de que tomará de Bolsonaro o
que lhe entregou em 2018, ainda que esteja claro que ele tem a hegemonia do
campo conservador.
E,
para isso, como patifes, escondem-se numa ideia de “frente ampla” que ignora,
desdenha e ataca a principal figura da oposição brasileira. Não entende e não
aceita que a alternativa a ela é a completa milicianização do Brasil.
Logo
não poderá escolher, porque terá sido dessangrada por este processo que, antes
de ser político, é psiquiátrico, porque a patifaria está se tornando a matriz
da vida brasileira.
"Moro
não tem suporte internacional, não é o autor de nenhum grande trabalho, não é
nenhum jurista distinto em ascensão foi recompensado com um cargo no gabinete,
que teve que renunciar quando Bolsonaro se comportou deploravelmente".
“Tendencioso”,
“ultrajante” e “sem qualquer importância no mundo jurídico”. É assim que o
ex-juiz Sergio Moro é visto internacionalmente entre juristas, segundo o
advogado Geoffrey Robertson, que representa Lula no Comitê de Direitos Humanos
da ONU. Em entrevista exclusiva ao GGN, como participação do
documentário “Sergio Moro: A construção de um juiz acima da lei”, ele
avaliou que o comportamento de Moro no julgamento de Lula repercutiu
negativamente na imagem da Justiça brasileira.
“Acho
que o juiz Moro vai entrar para a História como um dos investigadores mais
descuidados com os direitos dos réus. Ele seguiu uma agenda política. E não tem
suporte internacional, porque ele não é o autor de nenhum grande trabalho, ele
não é nenhum jurista distinto em ascensão, ele é um juiz que, na visão de
muitos advogados, julgou injustamente, em particular o ex-presidente, e foi
recompensado com um cargo no gabinete, que teve que renunciar quando Bolsonaro
se comportou deploravelmente. Isso deu a ele uma marca”, expressou.
“Mas
eu não acho que ele desfruta de qualquer importância hoje na visão de advogados
de outros países, porque ele não é autor de nenhum grande trabalho, ele não é
um pensador, ele é uma pessoa que obviamente se envolveu em uma crise política
no Brasil, algo que ele deve conviver com isso no Brasil, e deveria ser
considerado em termos de História do Brasil, seu futuro e pelo cumprimento do
Direito Internacional”, acrescentou. Entrevista a seguir:
AGENDA
POLÍTICA DE MORO
O
advogado ressaltou a contradição de um mesmo juiz guiar investigações –
chegando a orientar os procuradores da força-tarefa da Lava Jato e atuar como
um deles -, posteriormente condenar o réu e, em seguida, assumir um mandato
ministerial no governo do oponente político desse réu, o presidente Jair
Bolsonaro.
Os
movimentos de Sergio Moro foram “notados” pelo mundo, assegurou Geoffrey
Robertson, e foi “um sinal imediato de que Moro era um apoiador político de
Bolsonaro”. “Mostra o nível de tendência contra Lula, que o homem que o
condenou, perseguiu uma agenda política e recebeu a recompensa de condená-lo,
sendo indicado para o gabinete. Isso é certamente um indício do ataque
desavergonhado contra Lula, uma recompensa foi dada a um juiz.”
“ANOMALIA
BRASILEIRA”
Mas
para além das visão simplista que o então juiz, ex-ministro e mais recentemente
advogado Sergio Moro carrega pelos olhos do mundo, Robertson também expôs que
os abusos cometidos por ele no julgamento da Operação Lava Jato são, na
verdade, um reflexo da própria Justiça brasileira que permitiu esse tipo de
atuação.
Nesse
sentido, as críticas são de que parte da atuação de Moro “deve-se à
característica primitiva do sistema brasileiro”, que remonta “à inquisição
espanhola, onde você tem essa grande figura inquisidora que decide quem deve
ser suspeito e depois quem será condenado”.
“É
uma anomalia na lei brasileira. E foi o juiz Sergio Moro que conseguiu tirar o
máximo dessa anomalia”, arrebatou.
DESRESPEITO
DO BRASIL AO TRIBUNAL INTERNACIONAL
A
ação levada à Comitê de Direitos Humanos da ONU, sob a defesa de Geoffrey
Robertson, obteve como uma das vitórias a recomendação do Tribunal de que o
ex-presidente Lula deveria ter garantido o seu direito de se candidatar às
eleições presidenciais de 2018, o que não foi cumprido no Brasil, levando à
vitória de Bolsonaro.
“A
Lula foi negado seu direito de participar democraticamente da eleição. Foi um
exercício muito triste de injustiça”, lamentou.
Pela
determinação do Comitê da ONU, que é o órgão de controle do Pacto Internacional
sobre os Direitos Civis e Políticos, do qual o Brasil é signatário, Lula não
deveria ter sido impedido, sequer, em 2018, de conceder entrevistas enquanto
estava preso.
A
consequência dessa negativa é diretamente na imagem da Justiça brasileira ao
mundo, explicou, uma vez que o sucesso do Direito Internacional depende da
cooperação dos Estados. “Em 2009, o Brasil ratificou o Acordo Internacional dos
Direitos Civis e Políticos. Mas quando o Tribunal, por duas vezes, determinou
que Lula deveria ser candidato na eleição presidencial, em agosto de 2018, o
Brasil se recusou a acatar. Então, eu temo que a Lei Internacional depende da
boa fé dos Estados, e o Brasil mostrou má fé em não cumprir com as
determinações do Comitê de Direitos Humanos.”
EXEMPLO
DE OUTROS PAÍSES
O
que se verificou no Brasil com a atuação de Sergio Moro na Operação Lava Jato
e, mais especificamente, contra o ex-presidente Lula, também foi tema tratado e
já superado em outros países do mundo.
Robertson
relatou as recomendações feita pela Corte europeia de Direitos Humanos à
Portugal, em um caso similar, decidindo que juízes envolvidos em investigações
não podem julgar estes casos, estabelecendo, assim, duas figuras julgadoras: o
de instrução, responsável por atender a demandas da investigação em si, e
aquele que decidirá a sentença contra o réu.
“Até
mesmo Portugal mudou sua lei para garantir que não haja um juiz que faça a
investigação e o mesmo faça o julgamento. (…) É uma regra clara e isso não se
aplica no Brasil. O Brasil realmente precisa revisar essa regra, que, como eu
disse, vem da Idade das Trevas, da inquisição, e modernizá-la para que possa
ter julgamentos justos”, criticou.
Biden
e a reabilitação da Justiça Internacional
Na
entrevista, o especialista também comentou o fortalecimento que os Tribunais
Internacionais devem receber com a eleição do democrata Joe Biden, enterrando o
polêmico modelo de Donald Trump, em gestão que foi “danosa” à Justiça
Internacional. “A América [EUA] recusou nomear juízes para a Organização
Mundial do Comércio, o que prejudicou, e foram muitos os problemas causados ao
sistema internacional pelo presidente Trump”, elencou.
“Então
isso tem que ser dito: a eleição de Joe Biden é algo bom para a Justiça
Internacional, porque a América vai mostrar mais concordância [com a Justiça
Internacional]”, disse, completando com um recado ao Brasil: “Há chances agora
de que haverá uma reabilitação e teremos mais força e mais possibilidades de
questionamentos sobre países que se recusarem a cumprir com as determinações da
linha de direitos humanos.”
A
entrevista do reconhecido especialista em Justiça Internacional e Direitos
Humanos foi concedida em novembro de 2020, como parte do documentário “Sergio
Moro: A construção de um juiz acima da lei”, relembre:
O
número, com certeza, é muito maior, porque o levantamento do jornal leva em
conta só os vacinados até 17 de fevereiro que já tinham deixado se passarem 45
dias e sem comparecer para a 2ª dose.
Num
cálculo aproximado, são dois milhões até 13 de março, e é fácil ver este dado
dramático.
Considerando
que cerca de 85% das vacinas eram Coronavac, com prazo de 28 dias para a
aplicação da 2ª dose, seriam 5,2 milhões de pessoas que, num máximo de quatro
semanas depois, deveriam ter tido o reforço vacinal. É este o número que
representa 85% da diferença entre 1ª e 2ª daquele 13 de março, que era de 6,12
milhões.
São
6,84 milhões de vacinas de reforço. Isto é, quase dois milhões a menos, quase
um por cento da população vacinável (acima de 18 anos) do país, das que
deveriam ter sido aplicadas.
É
o equivalente a estarmos jogando fora (porque não se imunizou) o equivalente a
um daquelas carregamentos de vacinas vindos da Índia, com direito a avião
pintado e tudo.
E
isto considerando apenas os vacinados em primeira dose até 13 de março.
A
pergunta simples é: onde você já viu um apelo, um chamado, uma campanha de
comunicação de massa para que estas pessoas tomem a segunda dose?
Que
notícias tem você de uma busca ativa das autoridades sanitárias por estas
pessoas, que estão todas cadastradas, com nome, endereço e telefone devidamente
atualizados até o dia em que receberam a primeira dose?
Onde
estão os telefonemas disparados automaticamente, com esta base de dados,
lembrando da necessidade de tomar a primeira dose?
Em
lugar de despejar platitudes como “use a máscara”, o senhor Marcelo Queiroga
deveria estar cuidando de prover estados e municípios dos meios para isso, ou
fazendo isso centralizadamente, porque tem acesso aos cadastros de vacinação,
ou deveria ter.
O
Brasil não tem autoridades sanitárias, tem irresponsáveis no comando.