Será
esta semana a “Cúpula do Clima”, na qual o Brasil tentará arrancar alguns
milhões de dólares dos EUA com compromissos hipócritas de defesa do
meio-ambiente que, todos sabem, não se realizarão.
É
possível que Joe Biden, apesar das pressões de organismos civis, de lá e de cá,
acabe por conceder algum pequeno crédito (literalmente) de confiança ao Governo
brasileiro.
Como
uma esmola que se dá sabendo que aquilo nada mudará a situação do mendigo.
Paga,
talvez, o ingresso de uma sessão de teatro, de um presidente devastador fazendo
juras de combate ao desmatamento, que todas sabem falsas, para receber, ali
pela porta dos fundos, algumas sobras dos enormes recursos que o seu colega
norte-americano tem a oferecer.
Nas
não paga o o fato de não termos, a dirigir a postura deste país imenso, um
estadista.
Alguém
que seja capaz de dizer que exigem – e muito bem o fazem – que dividamos a
preservação de nossas florestas com o mundo, porque isso é fundamental para
salvar vidas humanas neste planeta.
Mas
que não pode aceitar que, na hora de dividir vacinas contra a Covid-19, que
igualmente salvam vidas humanas neste planeta, não prevaleçam os mesmos
critérios de que a sobrevivência humana não seja igualmente importante em cada
grau, minuto e segundo das coordenadas terrestres.
O mundo
terá 2 bilhões de vacinas produzidas até meados de maio, publica o
jornal Valor Econômico. São o suficiente para imunizar mais de 25% da
população do planeta , mas os países pobres ou em desenvolvimento não terão
recebido, até lá, nem 10% deste total, ainda que representem 70% da população
do planeta.
O
governo brasileiro, porém, continua avaliando o valor da Amazônia em metros
cúbicos de toras e em quilos de ouro que possam dali ser extraídos e é por isso
que se torna incapaz de vê-la como um tremendo ativo a ser posto nas
negociações da ordem mundial entre as nações.
Teremos
governantes capazes de questionar porque, tendo quatro ou cinco vezes o número
de vacinas necessárias a imunizar sua população, o Estados Unidos – e o mundo
rico – só consideram repassar o excesso aos países pobres ou em desenvolvimento
depois que tiverem vacinado 100% dos seus?
Não
nos chamariam de trogloditas insanos – e seríamos isso mesmo – se nos
arrogássemos a dizer que só preservaríamos a Amazônia depois de satisfeitas
todas as oportunidades de enriquecimento com a sua devastação?
Há
só uma Terra e há uma só humanidade.
Nada
tem a ver com bravatas nacionalistas: a mata pujante da Amazônia não é “Brasil
acima de tudo” e não muda pela linha de fronteira entre Bolívia, Colômbia,
Venezuela, Peru, Suriname com o Brasil.
A
vida humana também não conhece fronteiras e salvá-la, na defesa do meio
ambiente ou no combate a pandemias, é dever que não foge a nenhuma nação do
planeta.
Se
devemos – e devemos – dividir a Natureza, a preservação da Amazônia, com o
mundo, os donos do mundo também devem dividir conosco o que a Ciência criou
para salvar vidas.
Mas
não o faremos, porque somos um país que se apequenou, embora seja um dos
maiores do mundo, que virou um mendigo lazarento, que pede ali, na viela dos
despejos, um qualquer que lhe lhe ofereçam.
Não
tem a menor ideia do seu tamanho e de sua importância.
Tijolaço.
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