Não,
a cena de Augusto Aras, com seu corpanzil, partindo para as vias de fato com
outro integrante do Conselho Superior do Ministério Público Federal é também –
mas não só – uma das colheitas malditas do Brasil com o período Bolsonaro.
Também,
porque vem de antes dele no MP, pois não se pode esquecer da confissão de
Rodrigo Janot de que, em uma de suas bebedeiras, entrou com uma pistola no
Supremo Tribunal Federal disposto a descarregar a arma sobre o ministro Gilmar
Mendes.
Não
é um episódio, antes se constitui numa era que, no MP e em outras instituições
que chamaram para si a função que não têm de “salvadoras da pátria” e modelo
inquestionável de pureza que, como se sabe, deixou de ser condição humana desde
a expulsão do Éden.
O
Ministério Público, porém, entre elas, tornou-se mesmo um emblema e olhe que
numa dura competição com polícias, militares e juízes que andaram pelo mesmo
desvio.
Procuradores,
cada vez mais, assumiram a postura do “conosco ninguém pode” e passaram a
comportar-se ou a usar o cargo – com honrosas exceções – como donos da lei e
não fiscais de sua observância.
Nada
menos que um crime, o do artigo 345 do Código Penal, o exercício arbitrário de
suas próprias razões: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite”.
Querendo
ou não, este sentimento disseminou-se para a sociedade e nada o reflete melhor
do que a campanha armamentista e os milhões de revólveres, pistolas e fuzis que
os “cidadãos de bem” foram normalizando e quase que transformando em objetos de
“lazer” em seus clubes de tiro.
Num
dia de chacinas, aqui e lá nos EUA, onde um garoto de 18 anos matou ao menos 18
crianças numa escola de ensino fundamental do Texas, seria bom que refletíssemos
que as armas são o pior para a execução do ímpeto deste autoritarismo que se
reveste de “justiça”.
Temos
o dever de cortar o suprimento de ódio deste Brasil ignorante e violento, antes
que isso se normalize completamente e todos os lugares da vida nacional sejam
ocupados por valentões de botequim.
Tijolaço.