Depois
de um ano com o processo paralisado (por Luiz Fux) para discutir se o
presidente da República deveria depor presencialmente ou por escrito no
inquérito sobre se teria interferido na Polícia Federal durante a gestão de
Sergio Moro no Ministério da Justiça, Jair Bolsonaro à beira da decisão, disse
que irá depor.
Não
tem a menor importância, porque, de lá para cá, ele já provou que interfere
mesmo, e daí?
Pois
não vazou documentos sob sigilo para reforçar sua cruzada sobre o
restabelecimento da apuração manual dos votos, mandou afastar o delegado que
denunciou crimes ambientais do ex-ministro Ricardo Salles? Não consegue travar
todas as apurações da PF que têm por alvo sua família e seu círculo mais
próximo?
Mas
que não sejamos injusto. O queixoso Sergio Moro fez igual, e antes, quando era
o todo-poderoso chefão da Lava Jato e dirigia, na prática, os trabalhos
policiais.
Bolsonaro
está num situação confortável e pode se dar ao luxo de um resultado de
inquérito que o coloquem na situação de pressionar por mudanças na PF. Sempre
poderá dizer que foi uma simples manifestação de crítica e não ordem. Vai dizer
– e não sem razão – que Moro tratava a Federal como sua “propriedade” e não um
órgão de governo.
Contará,
para se sair bem, com a tolerância crônica do Procurador Geral da República. Se
este claudicar, a maioria regida por Arthur Lira encarrega-se de fazer com que
se suspenda a apuração e que o processo vá se juntar às dezenas que serão
abertos se e depois de deixar a Presidência. Lá, nem fará volume, perto da
montanha de culpas que lhe serão apontadas.
Aí
está a questão: a menos de um ano da eleição presidencial, o único julgamento
possível para Bolsonaro é o das urnas: o Judiciário e o Legislativo perderam
todas as chances de fazê-lo e tolo é quem se ilude que isso ainda seja
possível.
Tijolaço.