quarta-feira, 6 de outubro de 2021

BOLSONARO VAI DEPOR. PRA QUÊ? POR FERNANDO BRITO


Depois de um ano com o processo paralisado (por Luiz Fux) para discutir se o presidente da República deveria depor presencialmente ou por escrito no inquérito sobre se teria interferido na Polícia Federal durante a gestão de Sergio Moro no Ministério da Justiça, Jair Bolsonaro à beira da decisão, disse que irá depor.

Não tem a menor importância, porque, de lá para cá, ele já provou que interfere mesmo, e daí?

Pois não vazou documentos sob sigilo para reforçar sua cruzada sobre o restabelecimento da apuração manual dos votos, mandou afastar o delegado que denunciou crimes ambientais do ex-ministro Ricardo Salles? Não consegue travar todas as apurações da PF que têm por alvo sua família e seu círculo mais próximo?

Mas que não sejamos injusto. O queixoso Sergio Moro fez igual, e antes, quando era o todo-poderoso chefão da Lava Jato e dirigia, na prática, os trabalhos policiais.

Bolsonaro está num situação confortável e pode se dar ao luxo de um resultado de inquérito que o coloquem na situação de pressionar por mudanças na PF. Sempre poderá dizer que foi uma simples manifestação de crítica e não ordem. Vai dizer – e não sem razão – que Moro tratava a Federal como sua “propriedade” e não um órgão de governo.

Contará, para se sair bem, com a tolerância crônica do Procurador Geral da República. Se este claudicar, a maioria regida por Arthur Lira encarrega-se de fazer com que se suspenda a apuração e que o processo vá se juntar às dezenas que serão abertos se e depois de deixar a Presidência. Lá, nem fará volume, perto da montanha de culpas que lhe serão apontadas.

Aí está a questão: a menos de um ano da eleição presidencial, o único julgamento possível para Bolsonaro é o das urnas: o Judiciário e o Legislativo perderam todas as chances de fazê-lo e tolo é quem se ilude que isso ainda seja possível.

Tijolaço.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

PENDURADO NO DÓLAR E NA INFLAÇÃO, GUEDES AGONIZA. POR FERNANDO BRITO

A desvalorização do real, impulsionada pela inflação e pelo câmbio era, até agora, um retrato de incompetência do governo e do chefe de sua política econômica, Paulo Guedes.

Agora, ao menos no discurso que se espalha na opinião pública, Guedes passa a ser pior que isso: é alguém que se beneficia, direta e pecuniariamente, como beneficiário dessa desvalorização.

Guedes, o inútil, passou a ser vilão, por mais que mercado e grande imprensa fazem um “abafa”, como se sua empresa de fachada no exterior fosse apenas “inconveniente”.

Ainda que tratada como “narrativa” da esquerda se torna mais ácida quando o dólar chega a R$ 5,48 e atinge máxima em cinco meses e isso coincide com uma brutal elevação do preço do petróleo, tornando iminente uma nova elevação do preço dos combustíveis e mais gás na disparada da inflação, pronta para deixar para trás a marca dos 10% ao ano.

Como se não bastasse o preço do botijão do gás de cozinha, atingiu o maior preço deste século em setembro, vendido a R$ 98,70 e a gasolina, o maior valor , em termos reais, desde fevereiro de 2003.

Etudo fica pior ainda quando se considera que se espera que o fim dos estímulos financeiros nos EUA e, talvez já no início de 2022, uma elevação da taxa de juros do Tesouro norte-americano, empurrando para cima os nossos, na vã competição para tornar atraentes os minguantes investimentos estrangeiros.

Paulo Guedes está pendurado por um fio, que ameaça ser cortado pelo o câmbio e pela taxa de inflação crescente e teimosa e apoiado por um suporte frágil de um mercado menos confia dele do que teme quem possa ir para o seu lugar.

Um ministro da Economia vive de credibilidade e, sem ela, não é difícil entender que, politicamente, Guedes está moribundo.

Tijolaço.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

MÍDIA TENTA, MAS NÃO ADIANTA BLINDAR PAULO GUEDES PORQUE FOI CARIMBADO NA TESTA, POR FERNANDO BRITO

É inacreditável a tentativa de blindagem da grande mídia ao escândalo de Paulo Guedes, ministro da Economia, e Roberto Campos Netto, presidente do Banco Central, serem, ao mesmo tempo em que exercem suas funções públicas, dirigentes de empresas offshore em paraísos ficais no Caribe.

O Globo nem mesmo publica a notícia e deixa o assunto para sua subsidiária, o G1, que trata do caso como apenas um “conflito de interesses”, quando é, escancaradamente, uma violação da lei que rege o exercício das funções públicas (Lei 8.112, artigos 117 e 132). Agora, no final da noite, a Globonews limitou-se a destacar alguns trechos da Piauí.

O Estadão dá uma pequena chamada, dizendo que chefes de Estado são acusados de esconder milhões em paraísos fiscais e, em duas matérias, nem sequer cita o ministro e o presidente do Banco Central Brasileiro.

É isso o que chamam de “jornalismo profissional”? Deus me livre, viva o amadorismo, então.

Notem que são jornais que, nos editoriais, dizem-se em oposição a este governo e desancam a política econômica de ambos.

Mas não acham errado o dinheiro lá fora, em paraísos fiscais, mesmo depois do governo brasileiro ter feito, desde o governo Dilma e, até concluir-se no Governo Temer, um programa de repatriação de capitais no qual, pagando-se o imposto devido, fortunas guardadas lá fora poderiam ser legalizadas, em condições vantajosas, e trazidas para dentro do Brasil.

Só a Folha dá manchete, ainda assim para uma reportagem da revista Piauí, que integra seu grupo empresarial e, ao lado do Poder360, da Agência Pública e do site Metrópoles são aos brasileiros que estiveram num consórcio que reúne jornais do prestígio do The New York Times, Washington Post, The Guardian e dezenas de outros de credibilidade mundial.

Parece que Paulo Guedes escolheu bem o nome de sua empresa caribenha: Dreadnoughts, que significa encouraçado, os navios blindados que eram o terror dos mares até a 2a. Guerra Mundial, quando as grossas chapas de metal passaram a não vale nada diante do crescente poderio das bombas e foguetes.

Pois é também assim que a blindagem midiática será em relação a esta vergonha: inútil.

Paulo Guedes era, até agora, o ministro da inflação. Agora, é o ministro dos milhões no Caribe.

Tijolaço.

domingo, 3 de outubro de 2021

‘PANDORA PAPERS’ ENCONTRAM ‘POSTO IPIRANGA’ NO CARIBE. POR FERNANDO BRITO

Tem empresa offshore em paraíso fiscal?

-Tem, no Posto Ipiranga tem!

Pois é, tem empresa de Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido esconderijo de capitais suspeitos. É a Dreadnoughts International, o que euivaleria a “encouraçado” ou “blindado”, presidida por ele em pessoa, o que é crime para quem ocupaca cargo do Governo.

Se é crime para alguém que é nomeado assessor de quarto escalão e é sócio gerente de uma padaria, é, em escala gigantesca, para quem é dono de uma empresa com capital social registrado de 10 milhões de dólares, tendo como sócias miniritárias a mulher e a filha.

Já o presidente do Banco Central “independente”, manteve, até manteve, até agosto do ano passado, outra offshore, no Panamá em sociedade com a mulher e outra pessoas que, provavelmente, é sua filha.

Um mês antes, ele e Guedes assinaram uma resolução que dispensa, pra enviar até US$ 1 milhão para o exterior, o registro da remessa no próprio Banco Central, multiplicando por dez o limite até então permitido.

Ou seja, eles próprios se autorizaram a fazer remessas de dinheiro para paraísos ficais sem registro no Banco Central.

A proibição da Lei 8.112, no artigo 117, é expressa e taxativa – [inciso] X – participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; – e a pena única é a de demissão (art. 132).

Há uma chusma de empresários – inclusive os da Prevent Senior – com várias empresas em paraísos ficais, mas sobre Guedes e Campos Netto, além das questões éticas (se é que isso ainda existem) pesam proibições legais incontornáveis.

Não se sabe qual a reação do Ministério Público e da Comissão de Ética Pública – mansos até ao extremo com este governo, mas o líder da oposição na Câmara já anunciou a propositura de uma ação pública por improbidade no Supremo Tribunal Federal.

A lei ainda existe no Brasil?

Tijolaço.

sábado, 2 de outubro de 2021

ALIANÇA NÃO É HUMILHAÇÃO E PAUTA É A SOBREVIVÊNCIA DO POVÃO, POR FERNANDO BRITO

Há dias os jornais dizem que os atos de hoje – indo pra a Candelária, já-já – “testam aceno da esquerda a presidenciáveis e partidos de oposição“, como diz a Folha de S.Paulo, hoje.

Para usar a palavra que o bolsonarismo trouxe à moda, isso é uma simples narrativa.

O neo-oposicionismo é quem precisa acenar à população, motrando que está disposto à formação de uma frente, algo a que a esquerda jamais se recusou, desde que num ambiente leal e, nem diria fraterno, desarmado.

Mas quando “presidenciáveis e partidos de oposição” – e assim o fazem Doria, Mandetta, Ciro e outros – dizem que seu objetivo é “tirar o Lula (Ciro Gomes), que o “antipetismo será linha predominante” da campanha (Doria) e que Lula é uma “figura nefasta” tanto quanto Jair Bolsonaro (Mandetta) e o patético MBL e seus aliados levam um boneco do ex-presidente em roupas de presidiário para seus atos esvaziados, dizer que são “acenos” da esquerda o que falta à formação de uma frente antibolsonaro é tripudiar sobre a inteligência alheia.

Seus telhados são excessivamente vítreos para que atirem pedras assim: apoiaram ou se omitiram frente a esta figura que, desgraçadamente, está no poder. Não fazer disso obstáculo à frentes políticas não significa que se vá cantar de galo com o pouco milho que têm.

Não haverá uma frente universal entre partidos e organizações que – umas sempre, outras só desde ontem – se opõem em graus diferentes e com objetivos diferentes ao atual presidente. Nem agora, nem nas eleições e, talvez, nem num segundo turno das eleições.

Isso não quer dizer que não possam e não devam partidos e organizações que têm este alinhamento produzirem ações concretas, como os atos de hoje, desde que estejam dispostas a distensionar a relação de inimigo que todas elas mantêm com os partidos de esquerda e, sobretudo, Lula e o PT.

Até porque um governo de reconstrução democrática do Brasil precisará deste entendimento mútuo e respeitoso.

O mais importante é que o processo político social que, desde maio deste ano, induziu manifestações cada vez maiores contra o atual Governo foi o que atraiu estas forças para se integrarem a estes atos de rua. E o processo eleitoral, com o desenho que as pesquisas esboçam, fará esta aproximação ser muito maior e mais produtiva.

Se virão, decididamente, ou se sua presença é essencial ao que isso representará lá na frente, quando chegarmos mais próximo das eleições são coisas distintas do que é preciso fazer agora para que a marcha dos partidos e movimentos populares tenham representatividade no povão.

A crise econômica é, agora, uma ameaça maior do que o golpe político – que perdeu força com a radicalização do bolsonarismo – para o nosso povão.

O corte de classe média e alta da partidos no Brasil, com o esvaziamento dos sindicatos e dos movimentos comunitários, dificulta a tradução política destas lutas para o povão.

Para este, sim – e já – , a esquerda tem de fazer acenos e demonstrar que é das suas manifestações que depende a sua sobrevivência com dignidade.

Um faixa ou um cartaz, hoje, fala com menos eloquência do que uma etiqueta de preço no supermercado.

Tijolaço.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

CHARLATANISMO COM DINHEIRO PÚBLICO, POR FERNANDO BRITO

Mais documentos e mensagens comprovando que médicos estavam sendo pressionados a receitar medicação ineficaz contra Covid surgem, agora na operadora de saúde Hapvida, aquela que anuncia na TV ter “cuidados de mãe” com seus segurados.

Os médicos eram coagidos a “bater metas” de prescrição do Kit Covid, ao ponto de alguns deles terem de fingir ter receitado os produtos, retirar da farmácia dos hospitais e guardar, deixando que o paciente saísse com um receituário adequado ao que desejavam prescrever.

A reportagem está no jornal O Globo.

É, como na Prevent Senior, caso de polícia e de exclusão de suas concessões de operação pelo Governo, através da ONS.

Sim, porque este curandeirismo, esta charlatanice, é, afinal, praticado com dinheiro público, pois as despesas supostamente médicas feitas por planos de saúde, são pagas, por empresas e por pessoas, à custa de impostos que são deduzidos do valor devido.

O Diretor Corporativo de Emergências da Hapvida, Alexandre Wolkoff, encaminha aos médicos da empresa um áudio em que diz que deixa bem clara a “obrigação” da prescrição de cloroquina:

— Eu peço para vocês. A liderança de cada unidade, a diretoria médica, os regionais precisam liderar isso. A gente precisa subir a prescrição de cloroquina. Então, eu peço que vocês… não é só para Manaus, só para uma unidade ou outra, mas para todos as unidades, a gente (tem que) ter um aumento significativo da prescrição do kit Covid. Cada diretor médico da unidade é diretamente responsável por esse indicador.

O resultado das receitas era controlado por uma planilha e quem ficava “abaixo da meta” era, segundo dizem os médicos do plano, ameaçado com troca e de plantões e transferências.

Estamos diante do maior escândalo da medicina brasileira, totalmente dominada por corporações empresariais às quais a grande maioria dos profissionais não tem meios de resistir. E, pior, muito sequer desejam resistir.

Tijolaço.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

‘VALE-GÁS’ VAI SER VENDIDO PARA COMPRAR COMIDA? POR FERNANDO BRITO

Caro leitor, querida leitora: quando se trata de dar comida a filhos famintos, os códigos morais em tudo se submetem à preservação da vida das crianças.

No Brasil onde 19 milhões de pessoas passam fome – fome mesmo, a chamada insegurança alimentar grave – simplesmente dar um botijão de gás para cozinhar a comida que não existe é a ironia das ironias.

E ninguém duvide que muitos dos botijões não virar comida para barrigas em chamas se um botijão seguir custando mais dinheiro do que estas pessoas têm para comer.

O anunciado programa da Petrobras de usar R$ 300 milhões (ou R$ 20 milhões, durante 15 meses) para distribuir botijões de gás a famílias carentes tem estes e outros problemas de execução.

E de insuficiência. Em 2002, quando Fernando Henrique lançou o “auxílio-gás” para 5 milhões de famílias carentes, eram dados 15 reais a cada uma, de dois em dois meses, aproximadamente o valor de um botijão, à época a este valor. Portanto, um gasto de R$ 75 milhões por bimestre, ou R$ 37,5 milhões por mês.

Considerando um valor de R$ 100 por botijão, hoje, o programa anunciado pela Petrobras representa míseras 200 mil famílias, 25 vezes menos que o programa de FHC.

Mas há, e é importantíssimo, uma virtude. O “mercadismo”, diante do escândalo dos preços, vai aceitar de bico calado que a empresa petroleira do país – e todas as demais – tenha responsabilidade em que seu produto seja acessível aos mais pobres, como deve ser.

Havia subsídio ao gás de cozinha até 2019 e isso foi eliminado exatamente por este governo.

Se um governo de esquerda anunciasse que ia tirar R$ 300 milhões do lucro da Petrobras (ou menos de 1% do que distribuiu em lucros e dividendos antecipados este ano) não faltariam gritos de que estava interferindo na empresa, que é dos acionistas, etc, etc…

É bom que ele seja implantado. Estabelecido o princípio, ajusta-se o programa e faz-se com que funcione de forma adequada.

E a melhor maneira de fazer isso é dar o auxílio em dinheiro, como complemento aos pagamentos emergenciais e Bolsa Família, porque reduz fraudes, burocracia e aproveita uma estrutura já pronta de capilaridade no interior e na periferia das cidades.

Tijolaço.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

CPI NÃO GANHOU NADA COM TEATRINHO DE HANG, POR FERNANDO BRITO

Deprimente, descarado, patético, Luciano Hang foi o primeiro bolsonarista integral na CPI da Pandemia que, ao contrário dos demais, não escapou de defender todo o arsenal de asneiras e charlatanismos sustentado por Jair Bolsonaro ao longo de todos estes meses de desastre sanitário.

Embora tenha levado um “freio” depois do inacreditável início de seu depoimento, onde sem nenhum pudor exibiu parte de um vídeo de propaganda da Havan, não houve um momento sequer onde ele, com o apoio dos ginasiais que faziam barulho na sala das sessões, tivesse assumido uma postura defensiva ou escapista como os integrantes do governo fizeram em outras sessões.

Era previsível, como previsível era para os senadores da CPI que insistiram em sua presença deveriam saber.

Nem Omar Aziz, que já teve momentos de ironia e sarcasmo desconcertantes em outros depoimentos levou vantagem: deveria saber que seria difícil saber que seria impossível ser blasé diante do que ele próprio chamou de “monstruosidades” de Hang.

Monstruosidade que, embora repugne, já é sabida por todas as pessoas que não deixaram o estado de lavagem cerebral que o bolsonarismo atingiu, mesmo com a montanha de 600 mil corpos que ela lançou à morte.

Aliás, situações repugnantes não faltaram, desde o início merchã do “depoimento” até a fala final do tal Eduardo Girão pedindo patrocínio da Havan para os clubes de futebol do Ceará.

Reafirma-se o que se tem dito aqui: a hora de encerrar-se a CPI e apresentar-se seu elatório de responsabilidades está passando velozmente e grave erro será esticá-la como novela, por mais absurdo sejam os fatos novos que surgem a cada semana.

O momento é o de apontarem-se os crimes – e muitos – ao sistema judicial e pressionar para que os processos legais tenham curso.

Mas também de saber que só haverá punição para os monstros quando o maior deles for retirado do poder.

Tijolaço.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

LIRA ‘EMPURRA’ PARA GOVERNADORES NOVO AUMENTO DA GASOLINA, POR FERNANDO BRITO

O reajuste do óleo diesel, anunciado hoje, deixou claro que é inevitável que a Petrobras reajuste também a gasolina, ainda mais porque o etanol, que compõe 17% do preço do combustível, também está em alta forte (4%, só em setembro).

É por isso que Arthur Lira, o presidente da Câmara, do nada, passou a fazer declarações de que o preço de R$ 7 reais da gasolina – de resto, já praticado há quase um mês – é “inaceitável” e que imporá aos governos estaduais um valor único – mais baixo, por suposto – ao ICMS dos combustível por decisão da Casa.

Lira sabe que isso não tem previsão constitucional. Só o Senado pode interferir em alíquotas de operações de circulação interestadual de mercadorias.

É uma jogada para se descolar da má repercussão do aumento e para fazer coro às desculpas de Jair Bolsonaro sobre a inflação. Tanto que fez a bravata ao lado dele, numa cerimônia em Alagoas.

A queda de inflação esperada para outubro – é certo que a de setembro ficará bem além de 1% – é desesperadora para o governo, que está ainda sob o pesadelo de uma estagnação prolongada da estagnação econômica, ao ponto de estar planejando a extensão do parco auxílio emergencial até abril do ano que vem.

Não é a política o que está afundando, teimosamente, Jair Bolsonaro, é a economia.

Tijolaço.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

PALCO PARA UM PALHAÇO? POR FERNANDO BRITO

Será hoje à noite a reunião do comando da CPI da Pandemia na qual se “baterá o martelo” sobre a anunciada convocação do patético Luciano Hang para depor no Senado, em princípio na quarta-feira.

Tomara que não o chamem, porque será um espetáculo degradante, no qual só a decadência dos costumes políticos irá ganhar.

Trata-se de um destes endinheirados recalcados, que procura, com micagens, suprir a falta de qualquer atributo intelectual ou de empatia pessoal.

Do seu caráter, nada mais se precisa falar que as horrendas réplicas de fibra da Estátua da Liberdade, 3.600 quilos de mau gosto e, pior, do seu falso lamento pela mãe “ter morrido sem o tratamento precoce” contra Covid, mesmo tendo aquela pobre senhora tendo sido entupida do tal kit e de ozônio na tal Prevent Senior.

Mas não se negue a Hang o talento de clown, vestido com suas roupas de papagaio verde-amarelo, como um bobo da corte milionário, que acredita que o dinheiro lhe faz mais do que um mascate divertido.

E ele mostra que está pronto a explorar estes talentos na CPI, já divulgando um vídeo com algemas, sugerindo que as comprou para “economizar dinheiro público”.

Hang tem a certeza de que ninguém pode com o seu dinheiro e que, como aconteceu até agora, as irregularidades e situações obscuras de seus negócios estão protegidas pela condição de “amigo do homem”.

E é isso mesmo: enquanto houver Bolsonaro, Hang é ininputável e terá todos os “homens de poder”, em especial os de Santa Catarina, a seus pés.

O encontro de Hang com a justiça se dará, mas só daqui a algum tempo. Até lá, economize-se picadeiro para ele, porque é um erro subestimar a sua cara-de-pau e de mentir de forma convincente.

Numa delegacia de polícia, quando este dia chegar, sem plateia ou câmaras de TV, ele será outro.

Tijolaço.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

TEMPO RUIM PARA A PROLE BOLSONARO, FERNANDO BRITO

De repente, ficou leve a molecagem de Jair Renan Bolsonaro posando com armas de pressão e sugerindo uma reação à CPI. Pode ser coisa de “fedelho imberbe”, criado num condomínio, com a arrogância de quem tem um pai arrogante e ferrabrás para garantir-lhe a valentia.

Leve, porque só hoje vieram à tona a inexplicável sucessão de saques diários da conta de uma empresa da ex-mulher do presidente, a misteriosa viagem, paga com dinheiro público, para o filho Flávio reunir-se com donos de cassinos de Las Vegas e o apontamento, pela Justiça, de que há “fortes indícios” de que Carlos Bolsonaro seja o chefe de um “regime organizado” para a prática de crimes.

De quebra, o “primo” Leo Índio passou a ser investigado pela Procuradoria Geral da República por ilegalidades na organização e financiamento dos atos do 7 de Setembro.

Grande dia, dir-se-ia na gíria bolsonarista.

E tudo isso com o patriarca quarentenado no Palácio da Alvorada, sem poder sequer passar pelo “cercadinho” de apoiadores e distribuir alguns coices e palavrões e invocar Deus como seu advogado, de vez que Frederick Wassef e Karina Kufa também andam encrencados.

Tenho a impressão que, a esta altura, a tinta da carta comportada escrita pelo “Tio” Temer está se desfazendo.

Bolsonaro sabe que dos destinos que ele próprio previu para si – “a prisão, morte ou vitória” – é o primeiro que está se desenhando, dependendo apenas de sua saída do governo, no dia 5 de janeiro de 2023.

Ele, que sempre foi um lobo solitário – ou quase, porque sempre protegendo sua matilha familiar – não vai demorar a uivar e mostrar as presas outra vez.

Tijolaço.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

IPEC, EX-IBOPE, MOSTRA LULA PERTO DE VENCER EM 1° TURNO, POR FERNANDO BRITO

A pesquisa do Ipec, instituto de pesquisas formado por integrantes do agora extinto Ibope, sobre as intenções de voto para presidente confirma e amplia o que o Datafolha havia revelado semana passada: a eleição está cristalizada, com forte tendência a uma vitória, ainda em primeiro turno, do ex-presidente Lula, o lento e gradual desgaste de Jair Bolsonaro que, apesar disso, não dá chances ao surgimento de uma 3ª Via, por manter ainda a coesão do eleitorado de direita.

Escolhi para exemplificar os números, o cenário com mais candidatos, que é o mais provável hoje. Com um improvável número menor de concorrentes, ele tem mais (48%) e chega a 55,8% dos votos, uma margem segura para vencer na primeira disputa. Neste, com 52,3%, ainda fica a possibilidade de ter de disputar um segundo turno, dependendo de oscilações da pesquisa.

E este mostra o nanismo geral da 3ª Via, com os percentuais muito baixos de Ciro Gomes e Sérgio Moro (6% e 5%, respectivamente) a prenunciar um resultado pífio de ambos. O resto, Datena, Doria, Mandetta e Pacheco, a rigor, não existem como concorrentes, no cenário de hoje.

Com dois terços do eleitorado escolhendo Lula, majoritário, e Bolsonaro, não há espaço para que um gato saia do balaio restante e possa fazer frente a ambos.

Também não parece haver espaço para uma recuperação significativa de Bolsonaro, que chega a 69% de desconfiança dos eleitores.

A realidade está se impondo sobre as alegações de que Lula teria uma resistência intransponível e, embora não tenha havido a divulgação de cenários de um eventual segundo turno – pode ser que ainda saia, difícil crer que não tenham testado esta possibilidade – é de se imaginar que Lula possa ter bem perto de 70% dos votos válidos numa disputa “mano a mano” com Bolsonaro.

Os de “punho de renda” jamais vão entender o povão e suas escolhas.

Tijolaço.

O DEDO DE QUEIROGA É A ESPÍCULA DO RIDÍCULO, POR FERNANDO BRITO

O teste positivo de Marcelo Queiroga para a Covid-19 é um irônico castigo para uma autoridade sanitária que não pratica as medidas que, em tese, deveria defender.

Como o ministro apresentou um teste negativo para viajar a Nova York, é muito provável que tenha contraído o vírus de um dos integrantes da vasta e perdulária comitiva presidencial. Talvez, até mesmo no avião presidencial onde, a começar pelo “chefe”, ninguém usava máscara.

É claro que qualquer pessoa, mesmo vacinada, está sujeita a contrair o coronavírus e tudo indica que não haverá maiores complicações com o ministro – e ninguém o deseja.

Mas é evidente que o diagnóstico positivo vira mais um “mico” para um governo cujo líder foi, na manhã do mesmo dia, à tribuna da ONU sugerir suas poções mágicas contra a Covid.

E para um ministro que, sem nenhuma compostura, esticou, num gesto de ofensa, o dedo médio para um “fuck you” aos manifestantes que vaiavam sua comitiva virótica, mais ainda porque o fez com um saldo de 600 mil brasileiros mortos pela pandemia, mais da metade deles em seus seis meses de gestão.

Quem sabe mesmo fosse uma espícula das várias que tem o Sars-Cov2, pronta a contaminar quem está em volta da condição ridícula que assumiu.

O governo de nosso país – e o país, em consequência – está mundialmente visto como um misto de burrice, fanatismo e irresponsabilidade, ingredientes da fórmula do negacionismo.

Tijolaço.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

O MENTIROSO ‘LIMPADOR DE PARA-BRISAS’ NA ONU, POR FERNANDO BRITO

A única novidade no discurso de Jair Bolsonaro foi que, por colocarem dos teleprompters, a cabeça do presidente brasileiro parecia um limpador de para-brisas, virando seguidamente, a cada frase, para uma litura mecânica de um texto que só não é uma comédia porque representa uma desgraça para milhões de pessoas.

O Brasil, disse ele, foi estava “à beira do socialismo” e por ele foi salvo deste terror. Hein? Se alguém souber de algum patrimônio confiscado, alguma fábrica estatizada, alguma fazenda transformada em cooperativa, por favor, cartas para a redação.

O resto do discurso foi tão veraz como esta parte.

Com Bolsonaro, reduziu-se o desmatamento, só que aumentou.

A vacinação foi uma maravilha, apesar de tardia e deixando 600 mil mortes de “saldo” e descoordenada até hoje.

Somos o país do “tratamento inicial” da Covid – parabéns ao redator que rebatizou o “tratamento precoce” com cloroquina – e. incompreendido, não sabemos porque o mundo, os cientistas e a imprensa duvidam de nosso charlatanismo, devidamente avalizado por uma casa de politicagem que leva o nome de Conselho Federal de Medicina.

As manifestações em seu favor foram as maiores da história, embora não tenham, nem de longe, sido.

A corrupção acabou e as mutretas nas compras de vacina, rachadinhas e as piruetas dos lobistas não são “casos concretos”.

O Brasil asilará os “cristãos” do Afeganistão, embora os perseguidos sejam muçulmanos não talibãs quase todos os perseguidos, uma vez que são quase inexistentes minorias cristãs e judaicas.

O Brasil prospera enquanto seu povo vai para a calçada e come, quando tem, pés de galinha.

Somos um país atraente para o capital internacional, que, entretanto, sai, faz o dólar subir e eleva a inflação.

E assim se passaram 12 acabrunhantes minutos de seu discurso, parcamente aplaudido, por cortesia, e destinado a ser um exemplo de como um país gigante como o nosso pode cair nas mãos de um patético anão mental.

Vira pra lá, vira pra cá, pra cá, pra lá, como um Jair Teimoso horizontal, a sacudir a cabeça minúscula e primária, de onde não sai nenhuma ideia, nenhuma causa, nenhuma verdade.

Tijolaço.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

BRASIL VIRA PIADA, BORIS JOHNSON ‘MANDA’ BOLSONARO SE VACINAR. POR FERNANDO BRITO

Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido, é, todos sabem, uma figura caricata. com seus cabelos desgrenhados e suas caretas e tiradas politicamente desarranjadas.

Mas Jair Bolsonaro o supera, longe.

O tabloide popular Daily Mirror, um dos de maior circulação na Inglaterra, descreveu assim o encontro entre os dois, usando e abusando das referências jocosas que o presidente brasileiro tem no exterior.

Boris Johnson rasgou o protocolo diplomático ao dizer ao presidente Jair Bolsonaro para se vacinar contra o coronavírus .
Em uma reunião nas Nações Unidas em Nova York, o primeiro-ministro sugeriu que o negacionista da Covid, que se recusa a receber a vacina, ele a aceitasse.
Bolsonaro se gabou de ter desenvolvido imunidade “excelente” à doença, que matou quase 600.000 brasileiros.
Enquanto isso, o primeiro-ministro revelou que havia prometido vir ao Brasil antes da “chatice” da Covid-19.
O Sr. Johnson disse que estava “encantado” por conhecer o líder populista de extrema direita, que disse que “seria incapaz de amar um filho gay”, descreveu uma política como “não digna” de ser estuprada, e rotulou de imigrantes “os escória da terra”.

The Guardian narra que “quando a imprensa foi conduzida para fora da sala antes da reunião, Johnson disse aos repórteres : “Obrigado a todos, tomem as vacinas AstraZeneca”. Ele então se virou para Bolsonaro, dizendo incisivamente: “Já tive duas vezes”. Em resposta, Bolsonaro apontou para si mesmo, rindo, e balançou o dedo. “Ainda não”, disse ele por meio de um intérprete.

Só faltou dizer que é imorrível.

Tijolaço.