É inacreditável a tentativa de blindagem da grande
mídia ao escândalo de Paulo Guedes, ministro da Economia, e Roberto Campos
Netto, presidente do Banco Central, serem, ao mesmo tempo em que exercem suas
funções públicas, dirigentes de empresas offshore em paraísos ficais
no Caribe.
O Globo nem mesmo publica a notícia e deixa o
assunto para sua subsidiária, o G1, que trata do caso como apenas um “conflito
de interesses”, quando é, escancaradamente, uma violação da lei que rege o
exercício das funções públicas (Lei 8.112, artigos 117 e 132). Agora, no final
da noite, a Globonews limitou-se a destacar alguns trechos da Piauí.
O Estadão dá uma pequena chamada, dizendo
que chefes
de Estado são acusados de esconder milhões em paraísos fiscais e, em
duas matérias, nem sequer cita o ministro e o presidente do Banco Central
Brasileiro.
É isso o que chamam de “jornalismo profissional”?
Deus me livre, viva o amadorismo, então.
Notem que são jornais que, nos editoriais, dizem-se
em oposição a este governo e desancam a política econômica de ambos.
Mas não acham errado o dinheiro lá fora, em paraísos
fiscais, mesmo depois do governo brasileiro ter feito, desde o governo Dilma e,
até concluir-se no Governo Temer, um programa de repatriação de capitais no
qual, pagando-se o imposto devido, fortunas guardadas lá fora poderiam ser
legalizadas, em condições vantajosas, e trazidas para dentro do Brasil.
Só a Folha dá manchete, ainda assim para
uma reportagem da revista Piauí, que integra seu grupo empresarial e, ao
lado do Poder360, da Agência Pública e do site Metrópoles são
aos brasileiros que estiveram num consórcio que reúne jornais do prestígio
do The New York Times, Washington Post, The Guardian e dezenas de
outros de credibilidade mundial.
Parece que Paulo Guedes escolheu bem o nome de sua
empresa caribenha: Dreadnoughts, que significa encouraçado, os navios
blindados que eram o terror dos mares até a 2a. Guerra Mundial, quando as
grossas chapas de metal passaram a não vale nada diante do crescente poderio
das bombas e foguetes.
Pois é também assim que a blindagem midiática será
em relação a esta vergonha: inútil.
Paulo Guedes era, até agora, o ministro da inflação.
Agora, é o ministro dos milhões no Caribe.
Tijolaço.
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