segunda-feira, 3 de julho de 2017

Como o MPF criminalizou a compra do Gripen, por Luís Nassif

O Brasil deu o primeiro passo para entrar no seletíssimo mercado dos aviões de guerra. Segundo o repórter especialista Roberto Godoy, do Estadão, há duas semanas está em testes o Gripen NG/E 39-8, o novo caça comprado pela Força Aérea Brasileira (FAB).

A licitação FX, que escolheu o Gripen, permitirá ao Brasil avanços extraordinários no setor aéreo. Antes disso, o Supertucano adquirido pelo FAB no início dos anos 90, permitiu à Embraer enormes avanços tecnológicos, que acabaram incorporados às linhas comerciais da empresa.

O que diz a reportagem de Godoy:
O programa, segundo analistas internacionais, também abre a possibilidade do Brasil disputar negócios de até US$ 370 bilhões, segundo o Centro de Estudos da Defesa, de Londres.

A partir da próxima década, esse mercado será dominado por cinco protagonistas – Estados Unidos, Rússia, China, Suécia e Índia – com a entrada de novos participantes (...)

O contrato atual, de US$ 4,7 bilhões, prevê amplo acesso a informações técnicas capazes de dar a agências do governo, como o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), e a complexos industriais, como a Embraer, a capacidade de conceber uma aeronave de combate de alto desempenho, em dez anos”.

Trata-se de um feito extraordinário. E o que aconteceu com seus criadores?

Inicialmente, Lula pretendia os franceses da Dassault, enfrentando forte concorrência dos americanos da Boeing. Dilma optou pela saída sueca, atendendo aos testes feitos pela Aeronáutica. Justamente porque haveria transferência maciça de tecnologia. Houve um longo processo de análise pela Aeronáutica. E a decisão de comprar o Gripen saiu dos seus escalões técnicos.

Todo esse feito extraordinário foi transformado em escândalo pelo Ministério Público Federal. Um jornal solta a manchete falsa, torna-se representação, que é distribuída para um procurador da República do Distrito Federal, que, precisando mostrar serviço, sai atrás de correlações fantasiosas.

Uma licitação capital para a tecnologia brasileira, fechada no governo de Dilma, na verdade tem a mão de Lula – que já não estava no governo -, porque um lobista contratado pela SAAB-Scania garantiu um patrocínio para o campeonato de rubgi organizado por um dos filhos de Lula. Pouco importa o ridículo da diferença entre o valor licitado e o valor do patrocínio e o fato de que Lula não tinha nenhuma influência sobre a Aeronáutica.

Nem se condene o analfabetismo econômico do procurador, o desperdício de recursos públicos em uma investigação irracional, estimulada por uma mera manchete de jornal, a ignorância em relação a todo o processo da licitação, a desinformação sobre o sistema de decisão. É apenas um procurador a quem foi distribuída uma representação.

E que precisa mostrar serviço. Toca então a buscar pelo em ovo, chifre em cavalo.

O grande problema foi que esse grande porre de ignorância se espraiou sobre todo o MPF, sem que o comando se preocupasse minimamente em montar seminários, grupos temáticos que jogassem um mínimo de luz em temas complexos como este. A condução coercitiva de mais de 40 funcionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foi a expressão máxima dessa truculência,  que se comporta como a ralé (no sentido sociológico) da opinião pública.

O clima persecutório que se instalou no país, a busca do estrelato – estimulado pelo pessoal da Lava Jato de Curitiba – transformou o MPF em uma rede de irrelevâncias penais, com total falta de critério, um bando de jacobinos bem remunerados desperdiçando recursos em falsos temas e, com isso, prejudicando a apuração dos verdadeiros escândalos.

É essa imaturidade que se espera seja coibida pela nova Procuradora Geral. Não pode um poder relevante, como o MPF, transformar-se nessa força cega buscando como único objetivo conquistar manchetes de jornais, e assimilando não apenas sua desinformação, mas sua parcialidade.

Do GGN

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