O
mal por si se destroi[1], o governo Bolsonaro nasce
a partir de uma contradição entre diferentes forças de elites, políticas,
militares, judiciais, econômicas e sociais, cujo principal fator de unidade é o
antipetismo. A direita econômica possui quase nenhum vínculo real com a direita
comportamental do meio evangélico. A grande mídia segue o jogo neoliberal, o
qual – no tema LGBT, por exemplo - é contratante com o nacionalismo e com o
conservadorismo de costumes da extensa base eleitoral vinda das igrejas,
bastando para isso ver a forte reação da rede Globo em relação ao assunto “rosa
e azul” e, em contrapartida, a briga interna da base conservadora do governo
contra a mesma rede Globo.
A
esquerda apenas defende as minorias (qualquer minoria), mas, é colocada pelo
Bolsonarismo perante os seus eleitores como sendo a “promotora” e responsável
desta estratégia anticostumes e que segundo eles desintegra a sociedade (que é
exatamente o que a Globo faz), contra o povo “conservador”. Ainda, o verdadeiro
nacionalismo ou defesa do Brasil promovido pela esquerda é distorcido com base
no Bolivarianismo, a Venezuela, a camisa vermelha e etc.
Este
conjunto de distorções, tanto pelo lado do governo como pela “imagem” que este
governo tenta passar aos seus eleitores em relação ao PT, subsistirá na medida
em que a esquerda combata equivocadamente a imagem dessa salada que é o
governo, pois a resposta bolsonarista é dada ainda em forma de palanque, onde o
povo continuará sendo iludido. Corremos o risco de prosseguir numa espécie de
terceiro turno onde ainda continuaremos perdendo. Não podemos passar a imagem
de que o PT luta contra os eleitores do Bolsonaro.
Este
conjunto de situações que hoje vivemos somente será destruído por implosão, ou
seja, pela desilusão individual de cada eleitor bolsonarista, ao ver pelos seus
próprios olhos o equívoco cometido na urna. Este eleitor arrependido demorará
mais tempo ou, mesmo se este se arrepender logo, poderá ir para outro campo
anti-PT, se não tomamos o cuidado de desarmar primeiro a armadilha antipetista.
A
equipe econômica do governo vai brigar com a base evangélica, e esta com os
militares e, ainda, com a grande mídia. Devemos assistir isso de camarote. Há
que tirar deles a argamassa, o único ponto de união, que é o antipetismo.
Como se desarma a armadilha
1. Deixar
que o governo “governe” e se autoimploda, sem atacar por atacar e, muito menos,
sem dizer...”eu não falei?”. Pessoalmente não quero que o governo apenas se de
mal, mas quero também a volta dos eleitores desavisados que apoiavam Lula nos
primeiros governos do PT;
2. Não
renunciar a sermos oposição, mas, para isso, trabalhar discretamente dentro do
congresso, com os nossos parlamentares. Sermos oposição às políticas contra o
povo, mas não passar a imagem que somos contra o Brasil, como pretende o atual
governo;
3. Defender
o povo, mostrando os bons caminhos para esta nação, caminhos que já foram
trilhados pelo PT;
4. Não
dar munição ao Bolsonarismo gerando ações que – embora legítimas - o atual
governo possa tergiversar e colocar na nossa conta como sendo negativas perante
o povão. Do tipo Wyllys cuspindo na cara do Bolsonaro (que na época foi quase
como a facada, que rendeu pontos ao próprio Bolsonaro);
5. Montar
alianças e plataforma política para as próximas eleições municipais de 2020;
6. Reconstruir
a ideologia de esquerda operaria e nacionalista e ter mais cuidado com os
ventos de pseudoesquerda modernosa que chegam desde o exterior, insuflados por
correntes neoliberais (e pela rede Globo). Em grande parte perdemos a eleição
por conta desta perda de identidade, e fomos estupidamente derrotados pelo kit
Gay e por outras bobagens que surgiram a partir das nossas próprias ações,
levantando bandeiras inoportunas em momentos de plena luta pela nossa
democracia. Foi um erro infantil, inclusive dentro deste blog, onde alguns
tentaram aparecer como sendo mais esquerdista que o outro, enquanto o conjunto
da esquerda foi para o ...
GGN-Comentários
[1]
o mal é oportuno se instala
onde pode, seja na revolta dos oprimidos que buscam justiça ou no ódio dos
opressores.
Ou seja em um conflito não existe certo ou errado os
dois são o mesmo mal cada um de um lado diferente da moeda, existe o lado que
mais temos afinidades e julgamos ser o lado certo. Cristiano Peres Andrade.
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