Os
três dos principais grupos de comunicação do país praticamente desembarcaram do
governo Bolsonaro depois de terem sido decisivos em sua eleição em 2018 e na
guerra política ao PT desde 2014; editoriais do Estado de S.Paulo e da Folha de
S.Paulo atacaram Bolsonaro nesta quinta e os veículos do grupo Globo assumiram
a dianteira das investigações da imprensa sobre o caso Queiroz
Os
três dos principais grupos de comunicação do país praticamente desembarcaram do
governo Bolsonaro depois de terem sido decisivos em sua eleição em 2018 e na
guerra política ao PT desde 2014. A família Marinho respondeu com um jornalismo
incisivo e agressivo, ao assumir a dianteira das investigações da imprensa
sobre o caso Queiroz e, nesta semana, do envolvimento de Flávio e o clã
Bolsonaro com o crime organizado no Rio, movimentando seus principais veículos,
a TV, especialmente o Jornal Nacional, a Globo News e O Globo. As revelações
feitas pelos veículos da empresa colocaram o governo em xeque e foram a
principal causa da crise atual.
O
jornal O Estado de S.Paulo, que havia se tornado um panfleto bolsonarista na
campanha, devido a seu antipetismo visceral, voltou-se contra o presidente
em editorial nesta quinta-feira 24 e praticamente
decretou a falência do mandato de Bolsonaro. O jornal desferiu ataques
virulentos contra o cancelamento da coletiva: "Num vexame sem precedente,
o presidente Jair Bolsonaro evitou a imprensa em Davos, cancelando uma
entrevista e deixando jornalistas e cinegrafistas brasileiros e estrangeiros à
sua espera numa sala do Fórum Econômico Mundial." Depois, contra o
discurso: "Produziram um mexidão com ideologia e insuficiência de
informação relevante. Foi mais uma versão requentada de um discurso eleitoral.
Mesmo os frequentadores mais conservadores de Davos devem estar pouco
interessados na restauração dos valores da família brasileira. Os menos
pacientes devem ter achado patética a afirmação sobre como foi escolhida a
equipe de governo". E, por fim, praticamente interditou Bolsonaro ao
afirmar que ele apresenta "más condições para o exercício de uma função
física e psicologicamente exigente como a que acaba de assumir".
A
Folha de S.Paulo, que aderiu firmemente a Bolsonaro na campanha, a ponto de
proibir seus jornalistas de o qualificarem como de extrema-direita, considerou
que o envolvimento do clã com o Escritório do Crime no Rio ultrapassou todos os
limites institucionais. "A descoberta põe a crise em outro patamar porque
não se trata mais de desconfiar que Flávio, como deputado estadual, integrasse
um esquema banal de desvio de recursos públicos", aponta o texto.
"Nada tem de banal, porém, a ligação de um legislador brasileiro com um
sujeito apontado como chefe de uma das quadrilhas mais perigosas do Rio,
acusada de sequestrar, torturar e assassinar pessoas, além de explorar mercado
imobiliário clandestino e extorquir moradores de comunidades carentes."
Mais que Flávio, a bateria dos Frias voltou-se contra o próprio presidente:
"Tampouco é prática conhecida, e muito menos aceitável, a proximidade do
próprio presidente da República com gente que parece pertencer a uma
organização criminosa armada."
Brasil 247
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