O
uso do cachimbo deixa a boca torta.
Tanto
o procurador Deltan Dallagnol acostumou-se em ser o dono da “verdade judicial”
que, ao reagir ao jornalista Reinaldo Azevedo por ter sido julgado e condenado
numa ação de danos morais que lhe moveu pelo fato de a juíza (Sibele Coimbra)
da causa ser casada com um procurador que com ele atuou, saiu-se com uma
afirmação daquelas que minha avó chamava classificava como “de
cabo-de-esquadra”.
Em
nota, afirma: “”O procurador Deltan Dallagnol lamenta as agressões injustas do
jornalista à juíza e ao Poder Judiciário. As especulações do jornalista sobre
suspeição não têm qualquer base na realidade ou na lei. O procurador informa
que não tem relação de amizade pessoal ou íntima com o procurador da República
Daniel Holzmann e não recorda de ter tido qualquer contato com a sua esposa. O
procurador informa ainda que tomou conhecimento pela imprensa, nesta data, de
que a juíza seria esposa de seu colega de profissão.”
Ei,
Dr. Deltan: Uma coisa é dizer que um procurador da República do Acre é apenas
“seu colega de profissão”. A outra é dizer que é apenas isso o procurador
Daniel, seu coordenador de grupo de Combate à Corrupção do MPF do Paraná,
chefiando o senhor e outros três procuradores da República. O senhor quer que
acreditemos que só agora soube, tendo um processo correndo durante meses, que a
senhora juíza é mulher de seu companheiro no grupo integrado por apenas 5
procuradores?
Mas
o caso é pior. Se imaginarmos que o senhor é tão distraído que não o percebeu,
certamente não terá a cara de pau de afirmar que a Doutora Sibele não sabia que
o marido era coordenador deste grupo seleto do qual Dallagnol faz parte.
Por
acaso o senhor quer que acreditemos que ela, ao ler o nome Deltan Dallagnol
ficou pensando: “ah, será que este Deltan é aquele que trabalha com meu marido?
Não, não deve ser, Deltan Dallagnol é um nome muito comum, deve ser só
coincidência….”
É
evidente que o princípio ético foi violado e nada impediria que a própria juíza
declinasse de conduzir a causa, em nome da insuspeição da Justiça. Pode não ter
base explícita na lei, como em geral a Ética não o tem, mas é uma obrigação
moral.
Mas
falar em ética com Deltan Dallagnol, que se esconde em adiamento após adiamento
para escapar da apreciação das queixas por seus desvios éticos, é o mesmo que
falar de corda em casa de enforcado.
Porque
ele acha que merece ser indenizado por criticas de natureza política “porque
diretamente direcionadas e com o propósito de desqualificá-lo” feitas por um
jornalista, mas acha que é perfeitamente cabível exibir um powerpoint apontando
um ex-presidente da República como “chefe de quadrilha” e, mesmo inocentado
desta acusação, achar que tudo o que fez é legal e moral.
Do
Tijolaço
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