O
novo vídeo obtido pela Gaúcha ZH, divulgado na noite de ontem, mostra
que o assassinato de João Alberto Freitas Silveira não foi provocado por uma
confusão fortuita. “Sem cena, tá? A gente te avisou da outra vez“, diz
um outro segurança, de um total de pelo menos cinco funcionários do Carrefour
presentes na cena do crime, três dos quais participaram da imobilização fatal
da vítima.
Isto
induz a uma grande possibilidade de que a primeira agressão física, a de João
aos seguranças do supermercado ter sido uma reação ao popular “esculacho”,
prática de humilhação nada rara entre policiais e assemelhados diante de alguém
sobre quem percebem ter superioridade na situação.
O
uso de técnicas perigosas de imobilização – joelho no pescoço do suposto
oponente – também deixa claro que os seguranças tinham preparo para essa
prática, usada por diversas organizações policiais, como você pode ver na foto
de uma ação da PM de São Paulo publicada pelo El País. Também está na página 80 do manual oficial da polícia de Minas Gerais, sem nenhum
comentário sobre seu risco fatal.
O
famoso “eu não consigo respirar” é, assim, uma ação que faz parte dos
treinamentos de agentes de segurança
Há,
portanto, muito mais gente envolvida no caso do que os dois seguranças autuados
pelo crime: os que os treinaram para este tipo de comportamento, abordagem e
ação e os que, com visível posição de chefia nas cenas que assistimos
permitiram que um homem já nitidamente dominado continuasse a ser brutalizado
sem defesa possível.
Que,
ao menos, a morte daquele homem desencadeie uma rejeição social àquilo que,
durante anos, foi aceito e estimulado por mídia e governantes: as ações
desnecessariamente violentas de agentes de segurança, que, agora, pela profusão
de câmeras e de vídeos, aparecem diante dos olhos de todos, enquanto ficava
antes apenas flagrante quando se vivia nas periferias e comunidades pobres.
Do Tijolaço
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