O
Instituto Novo Pensamento Econômico desenvolveu uma metodologia inovadora para
avaliar a percepção de risco.
À
medida em que aumentam as bolhas pelo mundo, aumenta a preocupação com
contágios financeiros. Principalmente após os problemas nas cadeias globais de
produção e no ritmo diferenciado de recuperação das economias nacionais. Por
esse conjunto de fatores, quantificar risco-país continua sendo um desafio.
O
Instituto Novo Pensamento Econômico desenvolveu uma metodologia inovadora para
avaliar a percepção de risco. Aplicou um processamento de linguagem natural às
transcrições de teleconferências de empresas de capital aberto em todo mundo. A
partir daí, construiu um índice de riscos e oportunidades em cada uma das 45
principais economias do mundo.
Segundo
o estudo, a metodologia permite separar riscos globais daqueles específicos de
países. De um lado, permite vincular o risco-país – confirmado percebido por
executivos e investidores globais – aos fluxos de capital, preços de de ativos
e decisões em nível de empresa. De outro lado, a metodologia permite testar
diretamente a natureza do contágio entre o risco do país estrangeiros e as
decisões de investimento e emprego no nível da empresa doméstica. Com tais
análises, pode-se medir, decompor e diagnosticar picos repentinos no
risco-país.
A
partir daí, o estudo chega a algumas conclusões, algumas óbvias:
1. Países
vistos como mais arriscados pelos investidores sofrem queda nos preços dos
ativos, especialmente nos preços e na volatilidade das ações..
2. Risco
elevado está associado a spreads de CDS (tipo de swap para amenizar riscos de
crédito entre ativos) e rendimentos de títulos elevados, especialmente em
mercados emergentes.
3. Há
uma relação direta entre risco e fluxo de capital global. Aumentando o
risco-país há retirada de capital de investidores estrangeiros.
Os
estudos constatam que os movimentos dos fluxos globais de capital dependem de
um fator específico de país – o chamado risco-país. O que influi nesse
movimento de capitais e de spreads de créditos soberanos é a percepção das
empresas estrangeiras, e não a das domésticas
O
risco-país elevado está associado a reduções no investimento e no emprego das
empresas sediadas no país. Mas há efeitos não homogêneos na maneira como os
eventos externos impactam resultados da companhia. No entanto, o “contágio”
(denominação do transbordamento dos efeitos do risco país para os resultados da
empresa) não são identificados pelas relações cliente-fornecedor ou pelos
investimentos externos observáveis da empresa.
O
trabalho analisou três eventos de impacto global: a crise financeira grega
(2010-2012), o golpe contra Erdogan (2016), o desastre nuclear de Fukushima
(2011).
A
crise grega se transmitiu predominantemente em outros países da União Europeia;
o golpe turco afetou empresas russas e italianas; Fukushima afetou produtores
australianos de urânio à fabricantes franceses de componentes, além de
segurados sediadas nas Bermudas e Hong Kong.
Finalmente,
o trabalho utilizou as medidas de risco-país e risco global para identificar
conexões entre risco global e taxas de câmbio. E constata que, em períodos de
turbulência global, há valorização imediata do dólar americano, euro e iene
japonês.
GGN.