Mais
um “vazamento” do pensamento sincero do sr. Paulo Guedes mostra nas mãos de que
tipo de gente estamos.
Mais
um trecho de seu ‘momento botequim” do ministro na reunião quer teve com
representantes dos planos de saúde. desta vez dizendo que “o filho do porteiro”
teve direito ao Fies – fundo de financiamento ao ensino universitário – mesmo
‘tirando zero no vestibular”, que foi transmitida sem o seu conhecimento e da
qual ele se defende como sendo “um momento infeliz”.
Não
foi. Guedes é isso, um escravocrata, um remanescente do Brasil censitário, onde
o direito das pessoas vem do berço ou da esperteza.
Do
Brasil das castas, aquele que desprezam os trabalhadores e que creem que seus
filhos são inferiores e que só podem progredir por truques e falcatruas.
Talvez
creiam nisso por identificá-lo em suas próprias trajetórias.
Não
ocorreu a Guedes atacar o ensino universitário privado por baixa qualidade, por
sua ênfase – já na fase pré pandêmica – à virtualização do ensino, pela falta
de espaço à discussão acadêmica e a produção de conhecimento, e por sua
absoluta adequação à reprodução dos sistemas empresariais de treinamento de mão
de obra, traduzidos na expressão “empregabilidade” com que “qualificavam” a
formação superior, ainda que este “superior” contenha um imenso grau de ironia.
É
preferível falar que isso acontecia apenas porque era para “o filho do
porteiro”, aquele guri pobre que, enquanto é pequeno ainda recebe alguns doces,
mas quando crece vira suspeito em potencial de tudo o que de mal ocorre no
prédio.
O
filho do porteiro segue sendo persona non grata no Brasil dos Guedes:
é o que não se quer ver nos shoppings, no aeroporto, nas praias, na
Universidade.
O
Fies, em 2014, financiou a educação de 732 mil jovens. Em 2020, foram apenas
100 mil. Entre os 632 mil excluídos, quantos foram os filhos de porteiro?
E
de tantas outras profissões do povão e de tantas famílias de classe média que
não tinham como arcar com os preços do ensino superior.
A
universidade pública também é maldita por ele que, devendo sua formação a uma delas,
reproduz o discurso de Abraham Weintraub – hoje pendurado num cargo público
milionário – de que ela é um antro de sexo e drogas: ” “Paulo Freire. Ensinando
sexo para criança de 5 anos. Todo mundo… maconha, bebida, droga. Dentro da
universidade.”
Paulo
Guedes é um decrépito que torna decrépito um país. Habita, com todos os seus
diplomas de Chicago, povoar a calçada de botequim que virou o governo
brasileiro.
E
cairá, de podre, como podre é.
Tijolaço.
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