Não
é porque um dia envergou a farda do Exército Brasileiro que um sujeito adquire
imunidade para falar asneiras e brandir o rebenque no rosto dos cidadãos deste
país.
O
que o senhor Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar, diz em artigo
que publica na página da entidade é uma vergonha, sobretudo, para as Forças
Armadas, porque as iguala a uma seita fundamentalista das mais irracionais,
inadmissível em instituições públicas, que devem representar todos os brasileiros
e não alguns que professam um credo que os divide em anjos e demônios.
O
senhor Barbosa se pretende um pregador político-religioso e vai além, partindo
para uma imitação inaceitável do que fez o deputado Daniel Silveira, o
brutamontes que acaba de ser transformado em réu por agressão aos poderes da
República.
Exagero?
O
texto – onde Barbosa usurpa o direito de opinião de seus colegas, ao chamá-lo
de “Pensamento do Clube Militar “, sem que, ao que se saiba, não tenha sido
coletivamente aprovado – começa com declarações que parecem extraídas das
prédicas de Edir Macedo ou Silas Malafaia: “O Brasil é “a Pátria do evangelho!
Natural, portanto, que o poder das trevas queira destruir nossa Nação” e que ”
bastou a eleição de um Presidente que acredita em Deus para que todo o inferno
se levantasse contra ele.”
De
onde tirou o Sr. Barbosa o direito de chamar de integrantes do “inferno” os que
se opõem a Jair Bolsonaro?
Em
seguida, compara a “Marcolas e Fernandinhos beira mar (sic)” os senadores
que comandam a CPI da Covid – que, para ele, se destina a “culpar o Presidente
por aquilo que não o deixaram fazer. Ou por não usar as máscaras utilizadas por
alguns para se esconder da população”. Detalhe, identifica-os sem dar seus
nomes, covardemente, para não tomar o merecido processo no lombo.
Chama
a população de covarde por aceitar “o cerceamento de suas liberdades pétreas
passivamente” e a imprensa, por noticiar “fake news”, donde que pode intuir que
verdades vêm é dos gabinetes do ódio e das falanges que as propagam.
Diz
ainda que acovardam-se os senadores, “por conveniência de terem seus processos
engavetados, são nossos Senadores que não iniciam processos contra aqueles
Ministros que cometem crimes de responsabilidade, como escrito na Constituição
oficial vigente (sic)“, referindo-se ao impeachment dos ministros do STF
pedido por bolsonaristas e sugerido pelo próprio Presidente.
E,
ao fim, incita a um golpe invocando o artigo 142 da Constituição Federal que, é
claro, não tem nenhuma previsão de intervenção militar no Legislativo e no
Judiciário: “se neste cenário atual, o Poder Executivo, único dos três poderes
que está sendo obrigado a seguir a constituição a risca, que utilize o Art. 142
da Constituição Federal (vigente) para restabelecer a Lei e a Ordem.”
Fazendo
o tipo “valentão covarde”, tão em voga nestes tempos, diz que de deve parar de
usar algemas “nos trabalhadores que querem ganhar o sustento dos seus lares” (o
que só a sua cegueira vê, e se as passe a utilizar “nos verdadeiros criminosos
que estão a serviço do Poder das Trevas.”
Quem
são, general? Fale os nomes, para que eles possam interpelá-lo na Justiça, ou
seu destemor não vai a isso? Daniel Silveira, ao menos, teve a coragem de
fazê-lo.
Aguarda-se
a ação da Procuradoria Geral da República: vão dar ao general reformado o mesmo
tratamento que teve o “brucutu”? Ou a noção de República do sr. Barbosa não é a
de que os cidadãos são iguais perante a lei e o seu pijama lhe dá direitos
quase divinos sobre os outros, inclusive o de ofender e xingar e ameaçar as
instituições?
Tijolaço.
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