O presidente
da CUT, Vagner Freitas, considera os atos desta sexta-feira (30) uma preparação
para um movimento ainda maior, que pode superar a greve geral de 28 de abril.
Nesse sentido, o dia de hoje significa uma "vitória nesse processo de
construção do enfrentamento para impedir o retrocesso", avalia, em
entrevista na tarde de hoje à Rádio Brasil Atual. O desafio está na pressão
sobre o Congresso, que, segundo Vagner, "está à revelia da
sociedade", na medida em que protege o presidente e tenta implementar
reformas que retiram direitos. "Vibes (vibrações) diferentes",
afirma.
"O
governo Temer não existe. Nas ruas, na política econômica, na política social,
na política internacional... Temer só existe no Congresso Nacional. Acho que
tem deputado e senador que vai querer morrer abraçado com ele", critica
Vagner, revelando uma súbita mudança de cenário na votação do relatório do
projeto de "reforma" trabalhista (PLC 38) durante a sessão da
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, na última
quarta-feira (28). "Em determinado momento, a gente tinha maioria, tinha
os 14 votos necessários." O relatório governista acabou aprovado por 16 a
9.
Ele avalia
que a resistência da sociedade evitou a consumação do golpe, depois da queda da
presidenta Dilma Rousseff. "Na cabeça deles já era pra ter sido
confirmado, com a prisão de Lula, cassação de partidos de esquerda e as
reformas. Não estão conseguindo fechar. Estamos vivendo um processo de retomada
do movimento social", diz Vagner, acrescentando que já existe mudança de
"humor" na opinião pública.
O dirigente
lembra que a CUT criou um site (Na Pressão) para aumentar a cobrança sobre os
parlamentares. Segundo ele, o texto atual do PLC 38 tem origem no setor
empresarial. "Se aprovarem a reforma trabalhista do jeito que está, acabam
com o emprego com carteira assinada", diz. Segundo Vagner, a aprovação
dessa reforma tornaria, inclusive, desnecessário implementar a da Previdência.
"Automaticamente,
a aposentadoria acaba, porque você não vai ter novos trabalhadores ingressando
no sistema para que ela (a Previdência) fique viva. O trabalhador não vai ter
contrato formal", afirma, citando a proposta de trabalho intermitente.
"A empresa, quando precisar do seu trabalho, ela te chama. Então, você não
sabe quanto ganha nem quantas horas vai trabalhar por mês." Como comprovar
renda para abrir um crediário, por exemplo?, questiona.
Várias
categorias fizeram paralisações durante o dia, atingindo diversos estados,
destacou o presidente da CUT. "Hoje é um esquenta, no nosso junho de
lutas."
Leia texto
publicado hoje por Vagner Freitas:
O embate
entre o capital e o trabalho é um processo de luta que exige organização,
mobilização e capacidade de resistência como qualquer luta de classe.
Só a luta
garante.
E, como eu
costumo dizer, lutar sempre surte efeito, às vezes, não tão rápido como todos
nós gostaríamos. O resultado nem sempre vem de uma vez só, tem de ser
construído no dia a dia, nas mobilizações, na resistência, na pressão, nas ruas
e no Congresso Nacional.
É importante
lembrar que com luta e resistência conseguimos impedir a conclusão do golpe. É
isso mesmo. O projeto dos golpistas era destruir o legado e as conquistas dos
/as trabalhadores/as, construídas e implantadas nos últimos 13 anos; e, também,
acabar rapidamente com os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários.
Nós
resistimos, lutamos, impedimos que as reformas Trabalhista e Previdenciária
fossem aprovadas no primeiro trimestre deste ano, como os golpistas queriam.
Estamos acumulando forças para que qualquer decisão tomada no futuro contra
os/as trabalhadores/as seja revertida e, juntos, possamos construir um país com
justiça e inclusão social, emprego decente, ensino e saúde de qualidade, enfim,
com oportunidades iguais para todos e todas.
A greve desta
sexta-feira, 30 de junho, é mais um passo na construção da resistência e da
luta por um futuro melhor para todos.
Em 6 de
julho, dia em que o Senado vota no plenário a reforma Trabalhista, vamos mais
uma vez ocupar Brasília contra o desmonte da CLT, do fim do emprego formal, do
direito a férias, 13º e carteira assinada.
Nosso papel
é lutar, resistir.
E é isso que
estamos fazendo cada vez mais desde o fim de 2014, quando parte da mídia e do
Judiciário se uniu ao candidato derrotado nas eleições presidenciais e seus
aliados conservadores para dar um Golpe de Estado. Sabíamos desde então que o
golpe era para acabar com o projeto de distribuição de renda e inclusão social,
contra o Brasil, contra a democracia e contra a classe trabalhadora. O projeto
dos golpistas é acabar com a soberania nacional, entregar o petróleo e as
nossas terras para as multinacionais.
E a nossa
resistência surtiu efeito.
Mobilizamos
a classe trabalhadora, os movimentos populares e entidades sindicais de todo o
mundo, denunciamos os ataques contra os direitos sociais, trabalhistas e
previdenciários, além do ataque contra a democracia no Brasil e impedimos que o
golpe se concretizasse como eles pretendiam.
Foi a nossa
luta que levou a opinião pública a refletir sobre os reais objetivos do
golpista e ilegítimo Temer. Os meios de comunicação, que manipularam as
informações e enganaram o povo dizendo que com Temer a economia do país iria
aquecer e milhões de empregos seriam gerados, não conseguiram manter a
sociedade ao lado do ilegítimo.
O desempenho
de Temer despencou. Ele é reprovado por 95% dos brasileiros, segundo pesquisa
CUT/Vox. Até o Datafolha desistiu de sustentá-lo e em sua última pesquisa
registrou um percentual de apenas 7% de aprovação.
Nossos atos,
mobilizações e paralisações contribuíram muito para expor a verdadeira face
desse presidente ilegítimo, corrupto e totalmente subordinado ao mercado, aos
empresários com quem sempre fez negociatas por baixo dos panos ou nos porões do
Palácio do Jaburu.
Nenhum
direito a menos!.
Queremos
eleições diretas já!, para que a voz do povo seja ouvida e o Brasil seja
colocado novamente no rumo do desenvolvimento com inclusão social, distribuição
de renda e geração de emprego.
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