Não
tem texto na fotografia de O Globo, e nem precisa.
Basta
dizer que são brasileiros, aos milhares, debaixo do viaduto do Anhangabaú e até
aonde a vista alcança, numa fila de empregos, ou de esperança de empregos,
porque o emprego não há, especialmente para os mais velhos.
As
estatístiticas dizem que, ainda que lentamente, os empregos estariam voltando.
As
ruas, infelizmente, nostram o contrário.
Estão
cheias de miseráveis, sem-teto, sem esperança, sem sonhos.
E
sem país, porque o país os ignora, como mãe desnaturada e pai que abandona.
Os
homens bem-postos, que dirigem o Estado e as políticas econômicas com que ele
deveria provê-los, os ignoram.
Pior,
comemoram a crise econômica a que, do alto de sua pureza moral, levaram o país
a um estado de degradação que corruptos e desonestos jamais lograram conduzir.
Chamam
isso de “moralização”, embora os ganhos dos ricos, por aqui, nunca tenham sido
tão imorais.
Acabamos
com centenas de milhares, com milhões de empregos na construção, na indústria,
nos serviços e em tudo o mais que lhe eram conexos.
A
criança foi, sem a menor preocupação, atirada fora junto com a água suja do
banho.
Mas
a solução, para eles, é tirar mais ainda desta gente.
Rápido,
depressa, antes que as pessoas percebam que a fúria destrutiva a ninguém
destrói mais do que a elas mesmas.
Porque,
ao desesperado, nada mais fácil de convencer que alguém é culpado de seu
desespero porque lhe deu a esperança que já não pode ter mais.
Do
Tijolaço
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