O
repórter Mário César Carvalho, na Folha, lembra que a “Força Tarefa” da Lava
Jato em Curitiba recusou-se a fazer um acordo de delação premiada com José
Antunes Sobrinho, cujas denúncias, agora, embasaram a prisão de Michel
Temer.
Antunes
foi condenado em setembro de 2015 por Sérgio Moro e passou a oferecer
informações sobre corrupção, inclusive sobre o caso Argeplan-Eletronuclear aos
promotores.
A
denúncia foi exposta pelo próprio Antunes, em abril de 2016, à revista Época, da Globo, inclusive com detalhes sobre as
ligações de Michel Temer com a contratação da empresa para associar-se à
empresa AF nas obras de Angra 3.
- Em maio de 2012, venceu, por R$ 162 milhões, uma licitação internacional da estatal Eletronuclear, para serviços altamente especializados de eletromecânica na usina nuclear de Angra 3. A empresa do coronel Lima não obteve sozinha o contrato. Entrou num consórcio com a finlandesa AF, que criou uma filial no Brasil para participar da licitação. Segundo documentos obtidos por ÉPOCA, Lima também é sócio dessa empresa.
- Como a empresinha do coronel Lima conseguiu tamanho contrato? Em sua proposta de delação, Antunes afirma que a Argeplan é uma empresa ligada ao vice-presidente Michel Temer. Segundo Antunes, o coronel Lima “é a pessoa de total confiança de Michel Temer”.(…)
- Antunes disse que foi procurado pelo coronel Lima para entrar no contrato de Angra 3. A empresa de Lima, afinal, não tinha quaisquer condições de executar os serviços. Antunes topou e foi subcontratado pelo consórcio AF/Argeplan, criado, segundo ele e documentos comerciais, por Lima e pessoas ligadas ao almirante Othon. Antunes afirma que “entre as condições para que Othon fosse mantido no cargo, estava a de ajudar Lima nesse contrato e em outros futuros, de modo que a Argeplan/AF e mesmo a Engevix se posicionassem bem nos futuros projetos nucleares”. Fontes da Engevix ouvidas por ÉPOCA garantem, contudo, que, apesar de integrar o consórcio, a AF Consult do Brasil não realizou nenhuma obra em Angra 3, e que sua participação no contrato jamais foi explicada pela direção da empresa.
- Antunes afirmou ainda, em sua proposta de delação, que esteve por duas vezes no escritório de Michel Temer em São Paulo, acompanhado de Lima, “tratando de assuntos, incluindo a Eletronuclear”. Diz que foi cobrado por Lima, que dizia agir em nome de Temer, a fazer um pagamento de R$ 1 milhão. Esse dinheiro, segundo Antunes, iria para a campanha do peemedebista em 2014. Antunes disse aos procuradores que fez o pagamento por fora, por intermédio de uma fornecedora da Engevix.
Agora,
Antunes é delator por acordo firmado com a Polícia Federal.
Por
que a “Lava Jato” recusou o acordo. Mário Cesar diz que nunca explicaram a
razão da recusa, mas basta uma consulta ao calendário para se supor um motivo.
No
início de 2016, todos sabem, Michel Temer estava às voltas com o afastamento de
Dilma Rousseff, na Câmara, no dia 15 de abril, e com a cassação de seu mandato,
no enado, em setembro.
Michel
Temer, então, “não vinha ao caso”.
Do
Tijolaço
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