domingo, 14 de junho de 2020

A RELAÇÃO DA VITAMINA “D” COM O NOVO CORONAVÍRUS (COVID – 19)

A medicina está em constante evolução, a cada dia são feitas novas descobertas e antigos dogmas são quebrados para que a prática médica possa evoluir através da ciência.
Reprodução
Um assunto muito em pauta nos dias atuais devido à pandemia é a vitamina D e sua ação sobre o sistema imunológico. A vitamina D tem um papel bem definido e mundialmente reconhecido no metabolismo mineral ósseo, através da homeostase do cálcio e do fósforo, regulando um outro hormônio chamado paratormônio (PTH).
Nos últimos anos, uma farta literatura científica tem demonstrado a presença do receptor da vitamina D em quase a totalidade das células do nosso organismo, o que dá à vitamina D a capacidade de atuar em outras múltiplas funções orgânicas, inclusive na expressão gênica, o que pode traduzir a dimensão do seu papel de prevenção, suporte e tratamento de muitas condições crônicas.
Assim, existem muitas funções da vitamina D não relacionadas ao tecido ósseo, como ações no sistema cardiovascular, no sistema endócrino, ações dermatológicas, ações musculares, placentárias e de desenvolvimento fetal, neurológicas, em distúrbios neuroafetivos e na modulação do sistema imunológico.
Foram descobertos receptores de vitamina D nas células do sistema imunológico, como os linfócitos, por exemplo, modulando a sua proliferação e sua função, e estimulando a produção de proteínas de defesa, o que daria à vitamina D o poder de atuar no tratamento de doenças infecciosas e autoimunes. Especificamente, a deficiência de vitamina D está relacionada com redução células de defesa (linfócitos T CD8) que tem a habilidade de atacar celular infectadas por vírus. Nossas células pulmonares, por exemplo, expressam, de maneira constitucional, uma proteína em suas superfícies que converte a vitamina D inativa em ativa, aumentando a produção de substâncias antimicrobianas, desempenhando papel benéfico, com impacto na resposta às infecções respiratórias, inclusive as virais, reduzindo o processo inflamatório, melhorando prognóstico e com melhores desfechos segundo os estudos.
A vitamina D, descoberta em 1913, tem sido base de pesquisa de grandes nomes da ciência mundial, como o pesquisador Dr. Michael F. Holick, da Universidade de Boston nos Estados Unidos e como o Dr. Cicero Gali Coimbra, da Universidade Federal do Estado de São Paulo – UNIFESP, e muito relacionada a diversas doenças crônicas. O que muita gente não sabe é que vivemos uma pandemia paralela, e que provavelmente está caminhando junto com os casos mais graves de COVID-19, que é a deficiência global de vitamina D. A modernidade e o desenvolvimento das grandes cidades trouxeram consigo a redução da exposição solar e a redução dos níveis sanguíneos de vitamina D na população em geral, que agora é assombrada por esta doença chamada COVID- 19.
A COVID-19 é uma doença, uma síndrome viral, com sintomas inicialmente semelhantes a uma gripe comum, mas que pode evoluir rápido para uma pneumonia grave, com instalação de um processo imunoinflamatório exacerbado, com acometimento de vários outros órgãos e sistemas pelo corpo como o sistema nervoso central e periférico, o sistema cardiovascular e o sistema digestório. É uma doença de alta transmissibilidade ocasionada por um vírus chamado SARS-COV-2 (Coronavirus 2 associado a síndrome respiratória aguda grave) e tem levado ao adoecimento coletivo de grande parte da população mundial e à morte de uma parcela significativa dos doentes. Essa crise sanitária se iniciou no final de 2019 na cidade de Wuhan, na China, e se espalhou por todo o mundo.
E porque tanto se fala de vitamina D nesse período e qual seria o seu papel sobre a pandemia de COVID-19? A vitamina D é uma substância esteroide produzida naturalmente no nosso corpo através da exposição da pele ao sol, com participação do fígado e dos rins na sua ativação. Nosso código genético, conhecido como genoma humano, tem aproximadamente 2.780 posições de ligação para a vitamina D, ou seja, cerca de quase 10% dos nossos genes são sensíveis a essa substância. Assim, é uma substância com ação sistêmica, devido a onipresença do seu receptor, e com um espectro de ações muito amplo, incluindo a capacidade de imunomodulação, o que poderia ajudar na COVID-19, modulando a expressão exacerbada de mediadores inflamatórios, um quadro presente na pior apresentação da doença e conhecido como ‘tempestade de citocinas’, relacionada também com piores desfechos clínicos. Alguns trabalhos  científicos mostraram grande prevalência de deficiência de vitamina D em pacientes com casos graves a severos e mostraram presença de bons níveis nos pacientes que tiveram casos leves a moderados.
Os grupos de risco para deficiência de vitamina D incluem os idosos, pessoas com maior pigmentação da pele ou baixa exposição solar, presença de obesidade e desnutrição, doenças crônicas e autoimunes, atletas de alta performance, além de uso de medicações, como corticóides e anticonvulsivantes, pacientes operados de colecistectomia, cirurgias que alteram o trânsito intestinal e outras condições disabsortivas.
A hipovitaminose D, que deveria ser considerada uma questão de saúde pública, está relacionada a diversas doenças bem comuns como obesidade, infarto, depressão, diabetes, câncer, autoimunidade, doenças infecciosas, osteoporose, distúrbios neuroafetivos como autismo e déficit de atenção e hiperatividade. É necessária a investigação desses pacientes e que haja a instalação de medidas preventivas a nível populacional, com informação e com incentivo à correção desse parâmetro com avaliação caso a caso. A partir de todas essas informações sobre os benefícios de se ter bons níveis de vitamina D, com possibilidade de se ter melhores desfechos na COVID-19, algumas entidades médicas reconheceram a necessidade de se adotar novos parâmetros, instituindo níveis maiores que 40 – 60 ng/mL como alvo desejável de 25(OH)D, que é o exame medido no sangue, através do uso diário de vitamina D em doses mais adequadas. Além disso, o Ministério da Saúde incluiu na rotina de abordagem do paciente com COVID-19 a dosagem da vitamina D no sangue e a sua correção caso deficiente.
Como aumentar e manter níveis de vitamina D de maneira natural? As maneiras naturais de obter vitamina D são, principalmente, através da exposição solar e através da alimentação com fontes específicas. Uma exposição solar diária de 10 a 15 minutos por dia, no horário entre 10h e 15h, é suficiente para se aumentar e se manter bons níveis de vitamina D. Os resultados da exposição ao sol ainda depende da área de superfície corporal exposta, sendo que quanto maior a área exposta, maior a produção e em menos tempo; e também depende da coloração da pele. Importante lembrar que a utilização de protetor solar bloqueia essa produção. Mas como o tempo de exposição necessário para esse intuito é curto, caso decida se manter ao sol após esse período utilize um protetor solar de qualidade.
Apesar da pequena quantidade e da necessidade de consumo frequente das fontes em grande quantidade, através da alimentação também é possível melhorar os níveis de vitamina D no seu corpo, e existem alguns alimentos que são mais ricos e que devem ser priorizados com essa realidade como os ovos, o atum, a sardinha, o salmão selvagem (o salmão é um dos alimentos mais ricos em vitamina D, e 100g de salmão é capaz de oferecer até mais de 600 UI de vitamina D), queijos e cogumelos, ostras, camarões, óleo de fígado de peixe e bife de fígado.
Existe outra forma de aumentar a vitamina D? Existe a suplementação exógena de vitamina D de maneira oral, transdérmica ou injetável (intramuscular ou endovenosa), para aumentar os níveis de quem precisa de maneira mais aguda desse suporte. A melhor via de suplementação depende de cada caso, alguns pacientes tem boa reposta a suplementação oral, mas outros, por alguns motivos, não conseguem elevar seus níveis através do uso oral e necessitam da vitamina D injetável.
As evidências disponíveis indicam que existem vários micronutrientes podem dar suporte e modular a função imunológica e a evolução de uma infecção. Os dados de que a suplementação de vitamina D poderia modificar o curso da COVID-19 deveriam ser levados em consideração pela comunidade científica mundial e investigada em estudos multicêntricos para que se reconhecesse ainda mais o papel importante que esse nutriente, com características de hormônio, é capaz de desempenhar em favor da nossa saúde. A falta de vitamina D não deveria ser mencionada apenas como uma deficiência nutricional, mas reconhecida e tratada como uma insuficiência hormonal.
Dr. Thiago Rocha de Pinho Médico – CRM 5739 Contato: institutorevivaadm@gmail.com @drthiagorocha.
REFERÊNCIAS:
1. Grant, William B et al. Evidence that Vitamin D Supplementation Could Reduce Risk of In􀃓uenza and COVID-19 Infections and Deaths. Nutrients 2020, 12, 988; DOI:10.3390/nu12040988.
2. Hathcock, John N et al. Risk assessment for vitamin D. Am J Clin Nutr 2007;85:6–18.
3. De Almeida Filho, Durval Ribas; de Almeida, Carlos Alberto Nogueira; de Oliveira Filho, Antônio Elias. Posicionamento atual sobre vitamina D na prática clínica: Posicionamento da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). International
Journal of Nutrology Vol. 12 No. 3/2020.
4. Daneshkhah, Ali. The Possible Role of Vitamin D in Suppressing Cytokine Storm and Associated Mortality in COVID-19 Patients. DOI: 10.1101/2020.04.08.20058578.this
5. Mitchell, Fiona. Vitamin-D and COVID-19: do de_cient risk a poorer outcome?
Lancet Diabetes Endocrinol 2020. DOI: 10.1016/ S2213-8587(20)30183-2.
6. Revista SPDV 74(4) 2016; Vitamina D – Perspetivas Atuais; Alexandre Miroux Catarino, Cristina Claro, Isabel Viana.
7. Yanuck SF, Pizzorno J, Messier H, Fitzgerald KN. Evidence Supporting a Phased Immuno-physiological Approach to COVID-19 From Prevention Through Recovery. Integrative Medicine • Vol. 19, No. S1 – 2020.
8. Michael F Holick, et al. Vitamin D: Physiology, Molecular Biology and Clinical Applications. 2013, Human Press.

sábado, 13 de junho de 2020

XADREZ DA INSTRUMENTALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES POR BOLSONARO, POR LUIS NASSIF

Há indícios de que as instituições estão sendo politicamente instrumentalizadas pelo governo Bolsonaro.
É possível que a Secretaria da Receita Federal esteja sendo instrumentalizada pelos Bolsonaro.
Vamos aos fatos.
FATO 1 – GUEDES ADMITE INTERFERIR NA RECEITA
Em reunião com entidades empresariais, cujo áudio foi obtido pela Folha, Guedes contou que foi montada uma “operação tartaruga” na Receita Federal para impedir a venda de produtos que pudessem faltar para pacientes brasileiros, mesmo tratando-se de contratos fechados legalmente e juridicamente válidos.
PEÇA 2 – RECEITA INTERFERE NOS ESTADOS
O governo federal decidiu centralizar a compra de respiradores. Demorou para conseguir alguns respiradores. Até pouco antes de sair do cargo, o Ministro Luiz Henrique Mandetta não tinha ideia sobre como conseguir respiradores no mercado internacional.
Em defesa de sua população, o Maranhão decidiu importar respiradores da China, através do apoio de empresas instaladas no Estado. Devido à urgência, a encomenda passou pela Etiópia e não passou pela alfândega em São Paulo. Foi direto para atendimento dos doentes de Maranhão.
PEÇA 3 – JUSTIÇA AUTORIZA QUEBRA DO SIGILO FISCAL DE FLÁVIO BOLSONARO
Em abril do ano passado, o juiz Flávio Itabiana quebrou o sigilo bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e mais 84 pessoas.
A decisão foi tomada a pedido do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, ancorada em propvas robustas da prática de rachadinha e de lavagem de dinheiro por parte de Flávio.
Em setembro passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes determinou a suspensão de todos os processos que envolviam a quebra do sigilo de Flávio no caso Queiroz. 
Em novembro, por maioria, o Plenário do Supremo aceitou o compartilhamento de dados para fins penais, mesmo sem autorização entre os órgãos de inteligência e fiscalização e o Ministério Público.
A partir dessa data o MPERJ poderia dar encaminhamento dos pedidos aos órgãos (Receita Federal, bancos). Os recursos do Flávio não teriam o efeito de suspender as análises, salvo decisão judicial determinando a suspensão das verificações.
No dia 13 de maio de 2020, o Ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, rejeitou pedido de Flávio Bolsonaro para suspender as investigações.
PEÇA 4 – AS ACUSAÇÕES DO MPE-RJ
A medida cautelar interposta pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC) é pródiga em indícios contra Flávio e Queiroz.
* 9 de março de 2018: Procedimento Investigatório Criminal contra Flávio e Fabrício.
* Solicitadas imagens do caixa eletrônico do Itaú, nas agências onde foram realizados depósitos e saques.
* Logo depois, Queiroz se muda do Rio de Janeiro com a família, para tratamento de câncer.
* Convidado a prestar esclarecimentos, Flávio não compareceu e interpôs reclamação ao STF, com medida cautelar inicialmente deferida.
* Justificou o recebimento de 48 depósitos de R$ 2 mil por transação imobiliária. Dias depois, o ex-jogador de vôlei Gabio Guerra confirmou ter realizado transação imobiliária com Flávio, envolvendo permutas de imóveis e o pagamento de R$ 100 mil em espécie.
* Mas a imprensa, com acesso à escritura pública, encontrou divergências entre as declarações do comprador e o ato lavrado. O sinal teria sido pago em 24 de março de 2017, enquanto o ex-atleta afirmou ter quitado o sinal entre março e julho.
* Informações nas Declarações de Operações Imobiliárias, registradas perante o COAF, revelaram indícios de lavagem de dinheiro em transações imobiliárias realizadas por Flávio entre 2005 e 2018.
* O Gaocrim havia arquivado a ação, quando de sua eleição para o senado. O GAECC requereu ao Procurador Geral de Justiça o desarquivamento, devido a provas novas.
PEÇA 5 – FLÁVIO E OS MORTOS DO MARANHÃO
Enquanto Flávio Bolsonaro segue impávido e incólume, operações da Polícia Federal invadem casas de governadores, antes mesmo de se ouvi-los ou analisar documentos.
Nem se tome por regra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, alvo de investigações antigas e bem fundamentadas. Mas toma-se o caso do Pará, no qual o governador Helder Barbalho garante que acionou a empresa que prometeu e não entregou os ventiladores e recebeu o pagamento de volta, antes que a operação da PF fosse deflagrada.
Como é que fica, especialmente depois que Jair Bolsonaro admitiu publicamente seu desejo de interferir na Polícia Federal?
Há indícios de que as instituições estão sendo politicamente instrumentalizadas pelo governo Bolsonaro.
Do GGN

sexta-feira, 12 de junho de 2020

BOLSONARO PERDE FORÇA. MAS A DIREITA, NÃO, POR FERNANDO BRITO

O relativo encolhimento do fanatismo autoritário – embora não de sua estupidez – retrata que mais a desmoralização pessoal de Jair Bolsonaro com sua imobilidade e seu deboche para com os efeitos mortais da pandemia do novo coronavírus do que o refluxo de uma visão selvagem da vida em sociedade.
Apesar de tudo o que fazem seus grupos de fanáticos e dos urros selvagens com que lhes estimula o chefe, estamos mais longe de um golpe do que há dois meses atrás, parece fora de dúvida.
Ninguém se iluda, porém, que este perigo está afastado.
Bolsonaro, é verdade que de modo gutural e grotesco, exprime uma corrente de pensamento obscurantista, que recria, sob o conceito de “Guerra Híbrida”, uma nova versão da Guerra Fria dos anos 50 e 60, que vai, progressivamente, superpondo as ideia de militar à de polícia interna, tão cruamente exposta por Donald Trump há dias que obrigou o chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos EUA, Mark Milley, a pedir desculpas por participar da marcha presidencial contra manifestantes antirracistas.
Aqui, o discurso anti-crime fez, nos últimos 40 anos, a razão para a exacerbação do papel policial do Estado e, em consequência, na transformação da repressão policial um tema caríssimo à direita no processo político, diante do qual, temerosa da exploração política de uma atitude de contenção das polícias, não só se paralisou como deu seguimento ao empoderamento do aparelho repressivo do Estado, policial e judicial.
As Forças Armadas o perceberam e, num duplo movimento, passaram a investir na preparação das tropas para o exercício do poder de polícia. De um lado – e não por acaso sob o comando do general Augusto Heleno – fomos exercer o papel de polícia no Haiti e, internamente, o mesmo em sucessivas ações tropas militares na segurança pública, culminando com a intervenção federal no Rio de Janeiro, não por acaso comandada pelo general Walter Braga Netto.
É verdade que tivemos outra missão internacional, a do Congo, mas esta muito mais de natureza militar, pois enfrentava um grupo armado, o M-23, que dominava cidades e partes importantes do país. Foi esta que o General Santos Cruz comandou e pouco tinha, na sua época, características policiais.
Este projeto, que tinha em Jair Bolsonaro o seu Cavalo de Troia, acabou sendo prejudicado por sua montaria, grotesca e xucra, que conseguiu dissolver o apoio majoritário que alcançou nas eleições, meteu-se em situações escusas e demonstrou ter um nível de civilidade insuficiente até para ser o presidente de uma republiqueta folclórica.
Perdeu força, mas não morreu e segue ameaçando o avanço civilizatório do Brasil. Com a ajuda, em muitos casos ingênua e em outros infiltrada, dos que acham que atos de violência sem povo não são revolução, mas pretexto para a privação das liberdades públicas.
Do Tijolaço

quinta-feira, 11 de junho de 2020

PAÍS ARDE E BOLSONARO MANDA INVADIR HOSPITAIS E VER SE TEM PACIENTES, POR FERNANDO BRITO

O criminoso que ocupa a presidência da República – se o Brasil ainda tivesse um Ministério Público – estaria agora preso em flagrante por incitação ao crime.
Pela internet, insuflou seus seguidores a invadir hospitais para verificar se, de fato, ali existem doentes ou se os leitos estão ocupados ou se se está “inventando” pacientes da pandemia.
“[Se] Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”, disse o presidente, registra a Folha.
Como é que alguém, em meio a uma epidemia mortal, vai entrar clandestinamente num hospital, contaminando e sendo contaminado?
Se amanhã um dos debilóides que o segue entrar imundo numa UTI, de celular em punho e babujando pela boca, vai poder alegar que está seguindo ordens presidenciais?
O que será que Bolsonaro acharia se pessoas invadissem a UTI onde estava sendo operado para verificar se a facada do Adélio era fake ou não? Pode?
Isso é crime contra a saúde pública, cominado no Código Penal e tem de ser, imediatamente, objeto de ação pena.
Difícil não descer ao nível de canalhice deste sujeito, que em outras épocas levaria uma bofetada.
Se os bem-pagos promotores públicos, fiscais da lei, não se mexem, talvez isso venha a ser necessário.
Do Tijolaço

terça-feira, 9 de junho de 2020

SÉRGIO MORO O CAVALEIRO DA HIPOCRISIA, POR FERNANDO BRITO

Não é para qualquer um, não.
Ser chamado de “hipócrita” no The New York Times é realmente algo no padrão Sergio Moro, como acontece hoje, num artigo de Gaspard Estrada, diretor executivo do Observatório Político para a América Latina e o Caribe da Universidade Sciences Po, em Paris.
Para ele, Moro meteu-se num “terreno pantanoso” ao deixar o governo Bolsonaro e passar a atacar o presidente, mas na sua “mudança repentina do ministro estelar de Bolsonaro para seu perseguidor, há um paradoxo de que os brasileiros não devem perder de vista”:
“em 2017, como autoridade do judiciário, Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua frase se tornou popular : ” A lei é para todos .” Mas quando as informações foram divulgadas mais tarde sobre como o ex-juiz manipulou os mecanismos de denúncia compensada e que ocultou evidências do processo no Supremo Tribunal Federal – ele sentenciou Lula da Silva por ” atos indeterminados de ofício ” com a aprovação do tribunal. do recurso de Porto Alegre, que considerou que a operação Lava Jato “ não precisa seguir regras processuais comuns ” -, ficou evidente que para ele a lei não é a mesma para todos.”
Estrada diz que Moro é hipócrita, por ter dado cobertura – “usou sua influência política” – a Bolsonaro em investigações sobre seu governo, “perdoou” o caixa-dois de Ônyx Lorenzoni ede ficar “calado diante de vários ultrajes democráticos” da administração federal:
Agora que deixou o governo, Moro redescobriu os benefícios do estado de direito e a liberdade de imprensa que ele contribuiu para colocar em risco. Não devemos esquecer isso.
Hoje, a democracia brasileira está em perigo . Embora Moro tenha feito a coisa certa renunciando e denunciando possíveis violações da lei do presidente, o sistema de justiça brasileiro deve julgar as investigações de seus métodos como juiz e ministro o mais rápido possível.
hipocrisia de Moro é tão flagrante que salta aos olhos de todos.
Do Tijolaço

SÃO PAULO QUANTO MAIS SE ABRE PORTAS MAIS SE MORE, POR FERNANDO BRITO

A cada rasgo de imprudência dos governantes paulistas, vem um castigo: um novo recorde de mortes.
Anuncia-se para amanhã a reabertura do comércio de rua e, no dia seguinte, a dos shoppings.
E anuncia-se hoje que o Estado teve 334 vidas perdidas para o vírus, o que eleva o total de vítimas fatais em São Paulo para 9.522, o suficiente para colocar o território paulista, se fosse um país, em 9° lugar em número de mortes no mundo.
Em número de casos, os agora registrados por lá já colocam os 44 milhões de paulistas em pé de igualdade com os 67 milhões de franceses: 150 mil.
Foram 5.545 novos casos o que, com a taxa de mortalidade de 6,4% que tem o Estado, projetam, para adiante, 355 mortes.
Que, naturalmente, podem ser assunto de comentários durante um passeio pelos corredores dos shoppings, reabertos para a alegria da classe média.
Do Tijolaço

segunda-feira, 8 de junho de 2020

BOLSONARO EM ESTADO DE DESAGREGAÇÃO, POR FERNANDO BRITO

Jair Bolsonaro, até os cegos e os ingleses podem ver, é um perigo real para a democracia brasileira, tanto que o “mercadistas” do Financial Times reconhecem, em editorial, que há preocupação “com o fato de Bolsonaro estar tentando provocar uma crise entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para justificar a intervenção militar”.
Mas também é evidente que seu poder para fazer isso está minguando e se reduzindo ao grupo de generais que, sabujamente, acham que ele pode ser o “cavalo de Tróia” para uma tomada de poder, à qual falta projeto, viabilidade política e aceitação internacional.
Os atos de hoje mostram que o poder de mobilização de uma classe média histérica por parte de Bolsonaro minguou até níveis próximos de zero, quando ficou inviável a ação coordenada de sua rede de fake news.
Afora incidentes típicos de provocadores ao final de manifestações, os atos democráticos de hoje mostraram uma situação que tem tudo para se expandir e alastrar-se fortemente, apesar da interdição da rua durante a pandemia.
E que o bolsonarismo se encolhe a uma dúzia de fanáticos selvagens e não tem força para dar apoio político a um golpe bem-sucedido e passa a depender, exclusivamente, de um “pronunciamento” militar sem causas que se possam alegar serem feitas contra a insurreição popular.
Os militares que não estão agarrados ao projeto bolsonarista estão vendo a instituição a ser transformada em mero coadjuvante do desejo de poder do presidente.
E o preço desta adesão é mais que a inação diante do cenário de morte e de dor do país, mas a sua criminosa negação.
Tomara que a hesitação causada pela possibilidade concreta de tornar-se cúmplice de um genocídio epidêmico faça refluir os militares de uma cumplicidade também no assassinato da democracia.
Estamos às portas de um desastre humanitário, que não poupará quem negá-lo, como fez com o bolsonarista que estava na iminência de assumir um alto posto no Ministério da Saúde para negar as mortes evidentes.
Por mais desqualificada que seja a camada militar que aderiu a Bolsonaro, a situação das Forças Armadas não permite, a esta altura, para assegurar-se que elas vão mergulhar numa aventura irresponsável.
Sem elas, Bolsonaro entra num restado de deterioração que não tem saída.
Do Tijolaço.

NOVA ZELÂNDIA CONSEGUE ERRADICAR CORONAVÍRUS E SUSPENDE RESTRIÇÕES DE DISTANCIAMENTO SOCIAL

A Nova Zelândia suspendeu todas as restrições sociais e econômicas, exceto os controles de fronteira, depois de declarar nesta segunda-feira que estava livre do coronavírus, um dos primeiros países do mundo a voltar à normalidade pré-pandêmica. Ressalta-se que a população da Nova Zelândia é de aproximadamente 4,9 milhões de habitantes, segundo estimativas de 2018.
Com o fim das restrições, os eventos públicos e privados, indústrias de varejo e hospitalidade e todo o transporte público foram autorizados a retomar seu funcionamento sem as regras de distanciamento ainda existentes em grande parte do mundo.
"Embora o trabalho não esteja concluído, não há como negar que este é um marco... Obrigada, Nova Zelândia", disse a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, em coletiva de imprensa, acrescentando que dançou de alegria com a notícia.
"Estamos confiantes de que eliminamos a transmissão do vírus na Nova Zelândia por enquanto, mas a eliminação não é acaso, é um esforço sustentado".
Os aproximados cinco milhões de pessoas da Nova Zelândia estão emergindo da pandemia, enquanto grandes economias como Brasil, Reino Unido, Índia e Estados Unidos continuam a lidar com a disseminação do vírus.
Os 75 dias de restrições na Nova Zelândia incluíram cerca de sete semanas de uma quarentena rígida, na qual a maioria das empresas foi fechada e todos, exceto trabalhadores essenciais, tiveram que ficar em casa.
"Hoje, 75 dias depois, estamos prontos", afirmou Ardern, anunciando que as restrições de distanciamento social terminariam à meia-noite.
Ardern disse que fez uma "pequena dança" quando lhe disseram que não havia mais casos ativos de Covid-19 na Nova Zelândia, surpreendendo sua filha de 2 anos, Neve.
"Ela foi pega um pouco de surpresa e se juntou a mim, sem ter absolutamente nenhuma ideia de por que eu estava dançando pela sala".
A Nova Zelândia registrou 1.154 infecções e 22 mortes por Covid-19 desde que o vírus chegou no final de fevereiro.
Ardern prometeu eliminar, não apenas conter, o vírus, o que significava interromper a transmissão por duas semanas após o último caso conhecido receber alta. Por enquanto, todos que entrarem no país continuarão sendo testados e colocados em quarentena.
Mesmo assim, o governo precisará mostrar que pode reviver a economia, que deverá afundar em recessão.
Os partidos de oposição criticaram a decisão de Ardern de manter as restrições por tanto tempo.
"Precisamos avançar com cautela aqui. Ninguém quer prejudicar os ganhos que a Nova Zelândia obteve", disse a premiê.
Reuters

sábado, 6 de junho de 2020

NOVA ORDEM NA SAÚDE: OS MORTOS SÃO UM MITO, POR FERNANDO BRITO

Sabe aquelas centenas de covas cavadas, à espera de corpos? Ou os caixões sendo amontoados em valas abertas com escavadeiras? As pessoas chorando seus parentes mortos? As câmaras frigoríficas? As UTI lotadas de pessoas respirando por ventilação mecânica?
É tudo mentira, diz o governo.
Carlos Wizard, o bilionário dono de cursinhos de inglês e de redes das fast food que assumiu o cargo de homem da ciência no Ministério da Saúde, em meio à explosão de novos casos e mortes, anuncia a sua prioridade: a “recontagem” dos mortos, porque, segundo ele, “o número que temos hoje está fantasioso ou manipulado”. É o que conta Bela Megale, em O Globo:
—Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos.
A origem da suspeita? “A pasta tem convicção que o número de mortos no Brasil seria menor que o divulgado até agora”, apesar, segundo os melhores, não ter provas. Convicção independe de provas, já “ensinava” a Lava Jato.
Disse ontem aqui que, pior do que a manipulação de números – tão inócua quanto a tentada por Marcello Crivella no Rio, “sumindo” com os mortos que não tinham Covid-19 escrita no atestado de óbito, de resto algo impossível pois as pessoas morriam antes de terem resultados para os testes, que só ficavam prontos dias depois – era a destruição dos sistemas de estatísticas de Saúde, que constituem um dos principais elementos para a definição de políticas sanitárias.
É isso o que está em curso, para além da monstruosidade desta gente que acha que o sofrimento de centenas de milhares de família é uma fraude, armada por gente que teria a cabeça doente que eles têm.
Terra plana, complô biológico comunista, mortos falsos, caixões vazios, nada disso é diferente das “mamadeira de piroca” e das criancinhas sendo “treinadas para serem gays” com que esta gente -, com a cumplicidade de uma mídia odiosa, usou para chegar ao poder e, lá, implantar seu obscurantismo medieval.
Para eles, a realidade é como um cadáver: enterra-se e pronto, logo será esquecida.
Esta gente, é preciso que se diga, é criminosa. Como estamos numa guerra para sobreviver, são criminosos de guerra, pois.
Um dia este país voltará a ter gente que lhes aponte com o dedo o caminho dos tribunais e as faça pagar pelo fato de serem os coveiros de dezena de milhares de brasileiros.
Existiram, viveram, foram pais, mães, irmãos, avós, filhos, cuja memória não pode ser enterrada e se dissolver, como seus corpos. Quem esconde a realidade é cúmplice de suas mortes e, como tal, deve pagar pelo que fez.
Do Tijolaço

sexta-feira, 5 de junho de 2020

O VÍRUS DA CENSURA É O DA DOENÇA DA MENTIRA, POR FERNANDO BRITO

Renato Souza, do Correio Braziliense, confirma o que já era voz corrente: o atraso para após as 22 horas do anúncio oficial do Ministério da Saúde sobre o número de casos de Covid-19 e das mortes por ele causadas foi ordem expressa de Jair Bolsonaro, já dada há tempos e só atendida agora, depois de implantada a gestão militar do órgão:
A estratégia da Presidência é evitar que os dados estejam disponíveis no horário dos telejornais noturnos, período em que as televisões têm maior audiência, pois muitos dos brasileiros estão em casa. Mesmo sem anúncio oficial, a ordem foi dada para que os dados sejam enviados à imprensa apenas no final da noite, mesmo que estejam prontos às 19 horas.
A intenção de atrasar a divulgação dos dados existe desde a gestão do ex-ministro Luís Henrique Mandetta. No entanto, à época, o titular da pasta se recusou a acatar a ordem alegando que geraria forte impacto na resposta a pandemia.
Trata-se, é óbvio, de uma tentativa de aplicar à informação a regra do do “morrer é o destino de todos” fazendo a população não se dar conta de que temos, hoje, seis tragédias de Brumadinho a cada 24 horas e, pelo número de casos, as que virão dentro de poucos dias.
Como disse ontem, se a realidade é ruim, demita-se a realidade.
É claro que isso não produz nenhum resultado, senão o de piorar a situação com a perda de uma atitude prudente por parte da população, cujos índices de isolamento, ontem, chegaram ao menos nível desde o início deste pesadelo e, com isso, agravar a população.
Ao ponto de fazer o “padrinho” Donald Trump citar hoje o Brasil (e a Suécia, que Bolsonaro cita como exemplo de sucesso) como referências de quantas mortes as políticas de semi-isolamento feitas nos EUA – e ausentes aqui – evitaram mais de um milhão de mortes.
Quando Trump, que coleta os resultados de um morticínio sem tamanho no seu país critica o desempenho de um governo é sinal que, para além do que ele produziu, o desastre por aqui pode ser muito maior do que aqueles que pensamos nos cenários de maior horror.
Do Tijolaço

quinta-feira, 4 de junho de 2020

COM 1/4 DOS NOVOS CASOS DE COVID-19 E OS PILATOS QUEREM ABRIR TUDO, POR FERNANDO BRITO

Parece que pouca gente neste país está fazendo ideia do crime que está sendo cometido contra o povo brasileiro.
Seja qual for a hora em que o Ministério da Saúde divulgar os números de vítimas, hoje à noite, teremos chegado a 600 mil pessoas contaminadas e ficar em torno de 34 mil mortos nos igualando à Itália em óbitos e passando, assim, a ficar em terceiro lugar em perda de vidas, pois o segundo em perdas de vidas já somos há vários dias.
Ontem, dos 121 mil casos novos da doença registrados no mundo, corresponderam a brasileiros quase um quarto das vítimas.
Mas são se escuta aqui abrir, abrir tudo.
Até as escolas já falam em reabrir, sem ter qualquer ideia de até onde se pode chegar.
Em São Paulo e no Rio, libera-se os camelôs e, boa parte do comércio das periferias já está aberta, a meia-porta ou escancarado.
Um país sem governo, permitam o pleonasmo, vira um país desgovernado e, portanto, no rumo de um desastre imenso.
Hoje, na cobertura da Globonews, um jovem jornalista disse que aos jornalistas não cabe dizer se o relaxamento das poucas medidas restritivas seria correto ou não, mas apenas “ouvir especialistas”.
Desculpe, rapaz, mas aos jornalistas coube dizer se a abolição da escravatura “era correta”, se os desejos de igualdade da Revolução Francesa “eram corretos”, se os direitos dos seres humanos deviam ser respeitados…
Falta apenas erigir Pilatos como o patrono da “neutralidade”.
De que adianta invocar a ciência se, na prática, ficarmos indiferentes à morte de milhares de brasileiros?
Do Tijolaço

quarta-feira, 3 de junho de 2020

O PACTO NACIONAL, A PONTE PARA O FUTURO, E A RESISTÊNCIA DE LULA, POR LUIS NASSIF

Para que o grande pacto se concretize, Rodrigo Maia precisaria dar provas robustas de que, qualquer proposta de reforma, tenha participação de sindicatos e movimentos sociais. E, do lado do PT e Lula, demonstrações de que não se furtarão a discutir reformas necessárias, modernizantes, mas sem perder o foco na proteção social e na garantia dos direitos fundamentais.
A Lava Jato foi uma operação com clara conotação ideológica. Investiu contra o PT, não contra o PSDB. Quebrou as empreiteiras, não as instituições financeiras envolvidas em corrupção – como o BTG, com participação mais intensa que a própria Odebrecht. As empreiteiras eram as beneficiárias da visão desenvolvimentista de Dilma; as instituições beneficiárias da visão financeira de país. Foi esse viés político que determinou o destino de ambas as empresas. Os porta-vozes da Lava Jato sempre prestaram reverência ao mercado e à abertura total da economia.
O impeachment teve como objetivo não apenas tirar Dilma Rousseff, mas principalmente revogar os direitos previstos na Constituição de 1988. Michel Temer e Eduardo Cunha assumiram cavalgando a tal “Ponte para o Futuro”, com a missão principal de quebrar as pernas dos sindicatos. Antes do impeachment, acenou-se para a própria Dilma salvar o mandato endossando os princípios da Ponte. A Ponte foi o grande guarda-chuva divisor: quem se abrigou debaixo dela foi poupado; quem ficou de fora, se ensopou.
No Supremo Tribunal Federal (STF), os Ministros mais ideológicos – como Luis Roberto Barroso – empunharam a bandeira da financeirização selvagem e saíram rodando a baiana em palestras para empresas e instituições financeiras endossando as barbaridades estatísticas de Flávio Rocha. Ou seja, aceitaram os chefes do esquema político mais corrupto da época – Temer e Cunha – em nome da Ponte para o Futuro. Seguraram Cunha até que as reformas estivessem sob controle. Só então mandaram para a cadeia. A denúncia da JBS foi um acidente de percurso. Passado o momento, a releitura da mídia é que os diálogos gravados não indicavam intenção de crime, mesmo com a menção de Temer a seu intermediário, e o intermediário saindo do encontro com uma maleta de dinheiro. Foi o único caso que mereceu a indulgência do conterrâneo Luiz Edson Fachin.
Depois, endossaram a candidatura de Jair Bolsonaro, mediante o aval Paulo Guedes, da continuidade da desmontagem selvagem dos direitos sociais e trabalhistas.
Por tudo isso, qualquer iniciativa de pacto social tem que contemplar, se for politicamente honesta, os setores sociais e trabalhistas.
É evidente que mudanças no mercado de trabalho e nas formas de produção exigem uma revisão da legislação trabalhista e da própria função dos sindicatos. Assim como a questão da Previdência pública impõe-se não apenas na União, mas principalmente nos Estados.
Mas é evidente também que, com as tecnologias eliminadoras de emprego, tirar as centrais sindicais e as associações representativas dos funcionários públicos das discussões será um fator de desequilíbrio com profundas implicações sobre a paz social e o próprio mercado de consumo – como, aliás, ficou exposto de maneira dramática pela pandemia. Assim como ficou exposta a irracionalidade dos cortes indiscriminados de gastos públicos e da demonização generalizante do funcionário público. A Ponte para o Futuro foi de uma simplificação irresponsável.
Critique-se Lula pela dificuldade em se posicionar no atual jogo político e definir uma estratégia mais abrangente de resistência a Bolsonaro. Mas pretender que assine um cheque em branco para propostas genéricas de pacto social seria uma prova de ingenuidade inédita.
Para que o grande pacto se concretize, Rodrigo Maia precisaria dar provas robustas de que, qualquer proposta de reforma, tenha participação de sindicatos e movimentos sociais. E, do lado do PT e Lula, demonstrações de que não se furtarão a discutir reformas necessárias, modernizantes, mas sem perder o foco na proteção social e na garantia dos direitos fundamentais.
Do GGN

terça-feira, 2 de junho de 2020

MORRE O BURITIENSE VESPA DO DOMICIANO AOS 78 ANOS

Morre em Buriti VESPASIANO DURO DE OLIVEIRA NETO, o VESPA como era conhecido por todos, contava com 78 anos de idade, tinha a saúde debilitada, por outra epidemia, a da diabetes que hoje também grassa nesse pais, já havia amputado uma perna, andava de cadeiras de rodas por conta disto, e nesta tarde a situação se agravou por ter se contaminado pela COVID - 19, vindo a passar mal, no que fora internado na famosa Clinica de Buriti, onde veio a óbito por volta das 22:00 horas de hoje, 02 de junho.
Como seguem as recomendações das autoridades sanitárias de saúde, não haverá velório, terá solenidade ultra-restrita aos poucos familiares que estão acompanhado o caso, será sepultado imediatamente, no cemitério do Alto da Moderação, em razão da falta de espaço no principal campo santo da cidade, o São José.
Vespa era da Barra do Domiciano, localidade com o mesmo nome de seu pai, povoado buritiense que fica a norte, ao migrar para Buriti se profissionalizou em alfaiataria, ofício que trabalhou por muitos anos, com o minguar da demanda, por competição das roupas prontas, Vespa muda de ramo e passa a vender redes para dormir, comércio que desenvolveu por um bom período, hoje era aposentado.
O seu Vespa era um cidadão correto e trabalhador, prestou relevantes serviços à comunidade buritiense, criou seus filhos com o suor do seu rosto.  Por fim cumpriu com galhardia a sua missão na terra junto aos seus conterrâneos, agora passa da vida terrena para a celestial, deixa esposa, filhos e netos.  
É com grande pesar, que o editor deste veículo de comunicação vem, por meio da presente, lamentar a morte do seu VESPA, e prestar a nossa solidariedade à família, amigos e a comunidade buritiense. Que Deus conforte os corações de seus familiares, e lhe receba de braços abertos.  
 Reginaldo Veríssimo

A CAVALGADA DA MORTE NÃO É O DESTINO DE UM PAÍS, POR FERNANDO BRITO

Nosso país jamais teve uma camada tão fria e insensível de gente sobre a Nação, seja no governo, seja na elite dirigente.
Estamos mandando as pessoas para a rua, de maneira indiscriminada – onde é que vão funcionar medidas de distanciamento que estão sendo postas abaixo? – e mandando pessoas para as covas.
São 1.262 de ontem para hoje, será que isso não acende todas as luzes de emergência?
“Lamento todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, diz o presidente deste infeliz país diante desta carnificina, que não vai parar, porque a sua causa, todos os dias, atinge 30 mil pessoas, que acabarão por dar 2 mil corpos diários a mais para esta desgraça.
Não, isso não merece o seu “chega, acabou, porra!”
Não provoca a sua indignação, não interrompe sua cavalgada do Apocalipse, montado, como no Livro, num “cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia (Apocalipse 6:8).
E a esse monstro, quando muito, reage-se com miados, com beletrismo, com manifestos que sequer são capazes de dizer: fora, vá-se, não conspurque mais a vida brasileira, não faça este país ser a pátria da morte, da dor, do sofrimento.
Não, não é uma fatalidade inevitável: há 60 vezes menos mortos na Argentina, há cem vezes menos no Paraguai e no Uruguai, e não é com a maldita cloroquina que o assassino vai buscar com seu “mestre” que capitaneia um massacre ainda em maior escala.
Há a chance de frear este massacre se não fizermos tudo o que estamos fazendo, ao dizer que não se pode mais manter fechados shoppings e academias, que parecem ser a razão deste país existir.
Mas talvez o mereçamos, mesmo, porque aqui parecem ter desaparecido os homens capazes de gritar, de protestar, de atirar à face dos que mandam seus irmãos para a morte o nome e o estigma que merecem carregar: o de assassinos.
Do Tijolaço