Sabe
aquelas centenas de covas cavadas, à espera de corpos? Ou os caixões sendo
amontoados em valas abertas com escavadeiras? As pessoas chorando seus parentes
mortos? As câmaras frigoríficas? As UTI lotadas de pessoas respirando por
ventilação mecânica?
É
tudo mentira, diz o governo.
Carlos
Wizard, o bilionário dono de cursinhos de inglês e de redes das fast food que
assumiu o cargo de homem da ciência no Ministério da Saúde, em meio à explosão
de novos casos e mortes, anuncia a sua prioridade: a “recontagem” dos mortos,
porque, segundo ele, “o número que temos hoje está fantasioso ou manipulado”. É
o que conta Bela Megale, em O Globo:
—Tinha
muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por
interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados,
colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos.
A
origem da suspeita? “A pasta tem convicção que o número de mortos no Brasil
seria menor que o divulgado até agora”, apesar, segundo os melhores, não ter
provas. Convicção independe de provas, já “ensinava” a Lava Jato.
Disse
ontem aqui que, pior do que a manipulação de números – tão inócua quanto a
tentada por Marcello Crivella no Rio, “sumindo” com os mortos que não tinham
Covid-19 escrita no atestado de óbito, de resto algo impossível pois as pessoas
morriam antes de terem resultados para os testes, que só ficavam prontos dias
depois – era a destruição dos sistemas de estatísticas de Saúde, que constituem
um dos principais elementos para a definição de políticas sanitárias.
É
isso o que está em curso, para além da monstruosidade desta gente que acha que
o sofrimento de centenas de milhares de família é uma fraude, armada por gente
que teria a cabeça doente que eles têm.
Terra
plana, complô biológico comunista, mortos falsos, caixões vazios, nada disso é
diferente das “mamadeira de piroca” e das criancinhas sendo “treinadas para
serem gays” com que esta gente -, com a cumplicidade de uma mídia odiosa, usou
para chegar ao poder e, lá, implantar seu obscurantismo medieval.
Para
eles, a realidade é como um cadáver: enterra-se e pronto, logo será esquecida.
Esta
gente, é preciso que se diga, é criminosa. Como estamos numa guerra para
sobreviver, são criminosos de guerra, pois.
Um
dia este país voltará a ter gente que lhes aponte com o dedo o caminho dos
tribunais e as faça pagar pelo fato de serem os coveiros de dezena de milhares
de brasileiros.
Existiram,
viveram, foram pais, mães, irmãos, avós, filhos, cuja memória não pode ser
enterrada e se dissolver, como seus corpos. Quem esconde a realidade é cúmplice
de suas mortes e, como tal, deve pagar pelo que fez.
Do
Tijolaço
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