Nosso
país jamais teve uma camada tão fria e insensível de gente sobre a Nação, seja
no governo, seja na elite dirigente.
Estamos
mandando as pessoas para a rua, de maneira indiscriminada – onde é que vão
funcionar medidas de distanciamento que estão sendo postas abaixo? – e mandando
pessoas para as covas.
São
1.262 de ontem para hoje, será que isso não acende todas as luzes de
emergência?
“Lamento
todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, diz o presidente deste infeliz
país diante desta carnificina, que não vai parar, porque a sua causa, todos os
dias, atinge 30 mil pessoas, que acabarão por dar 2 mil corpos diários a mais
para esta desgraça.
Não,
isso não merece o seu “chega, acabou, porra!”
Não
provoca a sua indignação, não interrompe sua cavalgada do Apocalipse, montado,
como no Livro, num “cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha
por nome Morte; e o inferno o seguia (Apocalipse 6:8).
E
a esse monstro, quando muito, reage-se com miados, com beletrismo, com
manifestos que sequer são capazes de dizer: fora, vá-se, não conspurque mais a
vida brasileira, não faça este país ser a pátria da morte, da dor, do
sofrimento.
Não,
não é uma fatalidade inevitável: há 60 vezes menos mortos na Argentina, há cem
vezes menos no Paraguai e no Uruguai, e não é com a maldita cloroquina que o
assassino vai buscar com seu “mestre” que capitaneia um massacre ainda em maior
escala.
Há
a chance de frear este massacre se não fizermos tudo o que estamos fazendo, ao
dizer que não se pode mais manter fechados shoppings e academias, que parecem
ser a razão deste país existir.
Mas
talvez o mereçamos, mesmo, porque aqui parecem ter desaparecido os homens
capazes de gritar, de protestar, de atirar à face dos que mandam seus irmãos
para a morte o nome e o estigma que merecem carregar: o de assassinos.
Do
Tijolaço
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