Sem
ter uma linha e defesa para o seu governo diante dos escândalos da CPI da
Covid, Jair Bolsonaro vai soltando, o tempo todo, os fait divers com
que tenta distrair as atenções soltando declarações estapafúrdias que, para seu
azar, já não espantam ninguém pela sua repetição quase diária.
Ontem,
foram duas.
A
primeira é a de que Aécio Neves ganhou as eleições de 2014, o que ele sabe
porque tinha gente “lá dentro” do Tribunal Superior Eleitoral, falando à Rádio Guaíba:
“Eu vou aqui dar
um passo a mais no qual eu não ainda falei. Vou comprovar e vou mostrar para
vocês como foram as eleições do 2° turno em 2014. Vocês vão ter uma surpresa no
tocante a isso. O nosso levantamento, feito por gente que entende do assunto e
esteve lá dentro (TSE), acompanhou toda votação (…). Eu não sou técnico em
informática, mas pelo que ouvi, está comprovada a fraude em 2014. O Aécio foi
eleito em 2014”.
Claro
que as provas disso são apenas a promessa do “vou comprovar” que ele nunca
comprovou e nem sequer exibiu o que se dizia serem provas. Talvez, quem sabe,
ache outro Dominghetti para dizer. Provas, diz ele, mostra “se quiser”.
A
outra foi a sugestão que deu para transformar em cultos as sessões do Supremo
Tribunal Federal depois de confirmada a indicação de André Mendonça para a
Corte, dizendo que o ministro-pastor , na reunião ministerial de ontem teria feito
“quase a metade” das pessoas chorarem:
Ele (André
Mendonça) falou por dez minutos sobre ele possivelmente no STF, o que ele
achava do governo e também sobre sua convicção religiosa e levou mais da metade
das pessoas presentes (umas 50) às lágrimas. Um homem humano, sério, humilde e
que não abre mão das suas convicções, respeita todo mundo. É uma pessoa ideal
para o Supremo, muito boa para o Supremo. E eu falei há um tempo atrás: como é
bom se uma vez por semana, nessas sessões que são abertas no STF, começassem
com uma oração do André (Mendonça).
É
óbvio que uma Corte Suprema deve ser respeitada por todos, crentes ou não,
evangélicos ou católicos, candomblecistas ou muçulmanos, ou quaisquer crenças.
Mas
tudo isso é bobagem. Nem Aécio ganhou, nem Mendonça puxará orações.
O
que se quer é questionar o voto e a Justiça, previamente.
Isto
é, a intimidação, algo bem conhecido da milícia.
Este
é o ponto central da atuação de Bolsonaro, não o governar o país. Isso não
existe mais, é só campanha eleitoral.
Não
se sabe se, no lugar do kit gay, não se colocará a possibilidade de que o
Brasil seja levado a uma orgia hedonista, com cultos satânicos.
Os
gaúchos têm expressão “fora da casinha” e essa é uma perfeita definição para o
atual presidente.
O
embate de 2022 é menos entre ideologias que entre sanidade e loucura.
Tijolaço.