Mais
do que nunca, Jair Bolsonaro precisa manter o controle da Procuradoria Geral da
República, garantindo que ela continue neste sua configuração sonolenta e que
não se atreva a pretender instaurar apurações em que ele figure como
investigado e que, portanto, possam vir a resultar em pedidos a que a Câmara
dos Deputados decida se aceita ou não denúncia para processarr o presidente da
República.
Para
quem se esqueceu, foi o que Michel Temer, com centrão e com tudo,
teve de enfrentar em duas ocasiões pelos fatos que surgiram com a gravação e as
delações de Joesley Batista. Foram votações apertadas : 263 a 227 na primeira
votação e 251 votos a 233, na segunda, ambas em 2017.
E
é claro que terá muito peso a ambição pública do Procurador Geral Augusto Aras
em ocupar uma cadeira no Supremo conduzir o Caso Covaxin com muito cuidado para
não expor Bolsonaro a, pelo menos, um “mini-impeachment”: os 180 dias legais
para a apuração, no caso de o STF aceitar a denúncia, depois de autorizada pela
Câmara, em caso de crimes comuns (artigo 86 da Constituição).
E
seria Aras quem poderia denunciá-lo. Substitui-lo, fosse por quem fosse, seria
um risco adicional.
Mantê-lo,
porém, nomeando outro para a cadeira que Marco Aurélio Mello deixará vazia
logo, é quase o mesmo que fazer Aras dizer adeus à cadeira que almeja no STF e
o recalque, todos sabem, é conselheiro de traições.
Pode
ser, assim, que Bolsonaro atrase a indicação ao Senado do novo ministro,
deixando que os apetites continuem a estimular fidelidades.
Mas,
para isso, é preciso que creiam que ele pode ganhar as eleições e que, por
isso, o Senado aceite um nome “terrivelmente terrível” para a Suprema Corte. Ou
três, porque com o segundo mandato Bolsonaro teria a chance de encher de
nulidades a Suprema Corte.
Tijolaço.
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