Tão
rapidamente quanto montou a monstruosa operação de fraude que levou a entrega
da presidência do Brasil a um grupo de aventureiros, a direita desiste de
transformar o capitão num presidente. Unanimemente os órgãos da velha mídia se
pronunciam no sentido de que com esse cara nao da mais. Que ao invés de
agregar, unir, somar forças, ele só desagrega, destrói, gera o caos. Alguns
deles falam de que o governo que eles mesmos elegeram está desmilinguindo. O
problema é que está arrastando o país.
Como
foi possível que um presidente eleito com mais de 50 milhões de votos, se
revele incapaz de dirigir o país? Simplesmente porque o único objetivo da
direita nas eleições era impedir que o PT voltasse a governar. Valia de tudo.
Da mesma forma que a fraude do impeachment, a fraude do processo, da prisão e
da condenação do Lula, manipularam as eleições, mediante outra fraude,
denunciada pela mídia, mas absolvida pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Os
resultados estão aí. Elegeram o único que tinha um certo caudal de votos, para
se prestar à manipulação que levou à sua vitória e à derrota do PT. Não
importava quão qualificado estava para governar. Agora a mesma mídia que o
apoiou diz que ele é um fracasso na economia, na educação, nas relações
internacionais, em tudo. Depois de uma carreira de quase trinta anos de
carreira política inócua e cheia de irregularidades, em que foi acompanhado
pelos filhos. Depois do Carlos ser um vereador notoriamente vinculado às
milícias, com os evidentes sinais de relação com a morte da Marielle.
Mas
preferiram isso, um personagem assim, qualquer coisa, contanto que garantisse,
com a derrota do PT, a manutenção do modelo neoliberal, o único projeto que a
direita tem para o Brasil. Não tem o direito de se surpreenderem com a política
de liberação geral do uso de armas, com a política de asfixia da educação com
os gigantescos cortes de recursos e de liquidação da autonomia universitária.
Tudo isso estava na campanha, com o gesto da arminha e com os ataques aos
professores.
Um
presidente fraudulento, que se negou a discutir e a explicitar o que iria fazer
no governo, o primeiro que nunca participou de debates públicos, eleito por uma
operação de manipulação da opinião pública com imagens forjadas difundidas por
milhões de robôs, só poderia dar num presidente fraudulento.
Quem
se diz decepcionado com ele, quem já manifestou disposição de substituí-lo, tem
que se perguntar como o elegeram, como o preferiram, como deixaram de lado tudo
o que sabiam dele, como toleram a operação de fraude eleitoral.
Podem
tentar uma operação de substituição, como se ele não tivesse cumprido com o que
prometia. Na verdade, a decepção da direita vem da incapacidade do governo
organizar uma maioria para aprovar a continuidade do programa neoliberal, a
reforma da previdência, no momento atual. Toleram tudo o resto, menos o que
desvia a atenção e as energias do governo, o que desgasta o apoio para aprovar
a medidas neoliberais do governo. Não importa que se dissemina o uso de armas,
que governos estaduais coloquem em prática políticas de genocídio da população,
que se destrua a educação pública no Brasil. Que a imagem do país no exterior
seja absolutamente degradada. Mas não perdoa o bloqueio na aprovação dos projetos
neoliberais.
A
oposição democrática não pode ficar apenas olhando os movimentos da direita,
não deve ficar opinando que alternativa seria menos ruim – a continuidade
desastrada do atual presidente, a posse do vice, o papel dos militares. Nada
disso interessa, nem ao país, nem à democracia, nem ao povo brasileiro. Nada
disso corrige a farsa eleitoral que impediu a expressão democrática do povo,
que teria levado à eleição do Lula ou do Haddad.
É
preciso voltar a denunciar a farsa eleitoral, a falsificação da vontade popular
pela monstruosa operação de whats’up e de robôs. A direita tem que pagar o
preço pela eleição de um candidato que ela mesma considera incapaz de governar
o país. Não pode simplesmente substituí-lo por quem o acompanhou nessa operação
criminosa.
É
preciso dar a voz ao povo, em condições transparentes, democráticas. É preciso
denunciar a operação que desviou o país do caminho que todas as pesquisas
mostravam que era o preferido, no primeiro turno. A esquerda tem que polarizar
contra todas as alternativas da direita e não ficar torcendo por alguma delas,
preferindo algum eventual mal menor. As contradições que se dão no seio da
direita ocuparam até aqui o centro do cenário político. E’ hora da esquerda
voltar a se apresentar como alternativa, mostrar que o país é viável, é
governável, que foi governado muito bem pela esquerda, quando as eleições se
deram de maneira democrática.
Do
247
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