Escrevi
aqui, há uma semana, quando o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta perdeu o cargo
de fato – o enterro seria na quinta-feira, apenas – que o Brasil não tinha mais ministro da Saúde.
E
não tem.
Tem
um interventor, imobilizado, que não fala à população, nem mesmo aos
jornalistas, que só aparece em vídeos pré-gravados devidamente preparados, com
a imagem soturna de Jair Bolsonaro às costas, como se o alucinado estivesse (e
está) atento a qualquer heresia que vá dizer.
Tudo
o que diz é que está “colhendo informações”, enquanto já se semeiam as covas de
uma safra macabra de corpos de brasileiros.
Bolsonaro
obteve, com Nelson Teich, o que desejava: já ninguém do governo se opõe à sua
insânia de impor a volta de uma imaginária normalidade que empurre a tragédia
sanitária para o grau de uma hecatombe social, com a qual pretende empurrar-se
para um poder totalitário.
O
“ungido” crê que a praga é um sinal para sua tribo de fanáticos o leve a
submeter tudo e todos.
Assim
que o interventor foi nomeado, alguns disseram que ele tinha capacidade e era
respeitado por seus pares. Seria um “técnico”, um “gestor”, estas categorias
frias que, de tempos para cá, muitos acostumaram-se a tomar por ideais para
governar-nos.
Está
claro que não são. São úteis, até indispensáveis, mas não se movem por causas,
não põe em movimento aquilo que faz, de fato, a vida de um país: o seu povo.
Não
se dirá aqui que ele seja responsável pelas mortes que assistimos hoje, mas por
quantas será, adiante, ao deixar de liderar, como seria seu dever, as defesas
parcas que possuímos, que é nossa perseverança?
Não
sabe se fazer uma referência, não se preocupa em estimulá-lo a resistir às
dificuldades por que está passando, é incapaz de adverti-lo de que a ânsia em
sair à rua é a chance da morte, e que o fim do isolamento é dobrar, triplicar o
tamanho das baixas que a população terá.
Sua
única missão é desaparecer-se e não atrapalhar o chefe.
Hoje
completam-se sete dias do falecimento do Ministério da Saúde, para a desgraça
do Brasil.
O
que lhe faz de interventor não oculta, nas suas gravações, que a imagem está
trocada. É ele quem é apenas um retrato fúnebre e quem manda em tudo é o que
está atrás dele, na parede.
Do
Tijolaço
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