Durante
quase três anos – de sua vitória eleitoral ao último Sete de Setembro, há algo
que não se pode negar a Jair Bolsonaro: o papel do ‘machão’ institucional da
República, que dava de ombros para as dificuldades da pandemia – “e daí?” – ,
chamando de “maricas” quem queria se isolar, “peitando” as instituições da
República – “acabou, porra!” – e evocando o fantasma de um golpe militar diante
de uma multidão, mandando “enquadrar” o STF.
O
que resta, a esta altura, do “Macho Man” valentão?
O
que ele próprio diz: que “chora no banheiro”, que “está de saco cheio”, como se
alguém acreditasse que pode largar tudo e “fechar a baiúca” eleitoral.
Mentira,
claro.
Mas
o fato real é que o fanatismo bolsonarista, alimentado a hormônios do ódio
minguou e foi trocado por um pragmatismo eleitoreiro: o auxilio emergencial,
ainda na base do “quem sabe” (e por isso, sem efeito eleitoral mensurável) e um
discurso de extrema direita desabrido que seu predador eleitoral, Sérgio Moro,
não pode fazer sob pena de perder – não lembro quem disse isso nas redes
sociais – sua assessoria de comunicação da grande mídia.
Aí
se compreende o que está em discussão e não é, de forma alguma, uma “Terceira
Via”: será a disputa feroz dos votos de extrema direita, entre Bolsonaro e
Moro.
Mas
não é a única.
Se
o ex-juiz e o presidente disputam a classe “A” – Moro vence entre os mais ricos
(renda acima de R$ 10 mil), com 30%, bem mais que os 22% de Bolsonaro, o
queridinho da direita tem um desempenho pífio entre os pobres (7%, segundo a pesquisa Atlas Politico)– quem disputa com o
“Mito” a classe média baixa é Lula, e um pouco mais ali é muito mais no total
do leitorado.
É
neste segmento que o “Crepúsculo do Macho” (desculpa aí, Gabeira) bolsonariano
oferece perigo ao ex-capitão.
É
ali que ele construiu a sua imagem de negação da política fisiológica, aquela à
qual se integrou de cabeça.
Aí
está o problema: Moro não pode radicalizar para ser Bolsonaro – embora queira
os bolsonaristas – e Bolsonaro, de olho na mídia, não pode aparecer em sua
natureza mais radical e grosseira.
É
por isso que se submete a aparecer como “noiva” do PL de Valdemar Costa Neto. e
do PP de Arthur Lira, para representar alguma coisa a mais que seus minguantes
áulicos.
Não
o fará.
Todas
as suas fichas estão no Auxílio Brasil e em cua manipulação para obter votos da
pobreza. Na classe média, Bolsonaro está perdido e muito pouco dela conservará
em votos.
Tijolaço.
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