Muita
gente se chocou com os pulinhos de Michele Bolsonaro, comemorando, como quem
acerta os números numa cartela de bingo, a aprovação do sr. André Mendonça para
integrar o outrora vetusto Supremo Tribunal Federal.
Há
pouca importância no saltitar da primeira-dama que, exceto este papel
decorativo, não tem nem funções públicas e oficiais a desempenhar, nem mesmo a
mixórdia que tempos atrás se atribuiu à jovem “conja” de Michel Temer, a de ser
“bela, recatada e do lar”.
Deixe-se
isso à conta da infantilidade da senhora e de sua compreensão da fé religiosa
como um jogo da futebol, onde grita-se “aleluia” a cada “gol do time de Deus”.
Mas
não há atenuantes para as fotos distribuídas pela própria Presidência, a dos
saltos simiescos de Jair Bolsonaro tropegamente abraçado a Mendonça, antítese
de qualquer ideia de decoro , para um ministro “terrivelmente evangélico”.
Como
a vergonha é pouca, numa terra tomada pelos sem-vergonha, foi preciso
esperar a coluna de Janio de Freitas para que a imagem
ganhasse sua legenda demolidora, a única companhia digna da cena circense com
que Mendonça ingressa no Supremo:
O
auge da autenticidade de André Mendonça viria, porém, na sua comemoração com
Bolsonaro, já antiética por si só. Fotografada e distribuída à imprensa pela
própria Presidência, mas muito pouco reproduzida para leitores e espectadores.
Bocas escancaradas em riso de cafajeste, caras debochadas, enlaçados em mais do
que um abraço, parecem dois bêbados desequilibrados e se amparando mutuamente,
para diversão dos circunstantes.
O Supremo passou por muitas vergonhas, mas
nunca viu, com certeza nunca viu, tamanha falta de compostura em nome da sua
toga.
De
fato, porta de botequim é pouco para descrever a cena e, ainda pior, o desejo
de que todos a vejam.
Tijolaço.
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