A primeira semana política após a retomada das
atividades do Congresso continuou a produzir as “flores do recesso” que o velho
deputado Thales Ramalho introduziu no folclore político brasileiro: aquelas
ideias que parecem ser arrasadoras, mas que, expostas às intempéries da
realidade, não duram mais que alguns dias.
É o caso das conversas sobre “federações
partidárias” a serem formadas, basicamente, pelo PMDB, ora com o PSDB, outra
com o União Brasil.
Nenhuma das duas tem qualquer possibilidade de
avançar, porque não existe, nos três partidos envolvidos, sequer a capacidade
de partilharem, internamente, candidato comum à Presidência.
No MDB, a senadora Simone Tebet não une o partido e,
fora dele, não tem potencial para fazer uma honrosa figuração como candidata a
vice.
No PSDB, Doria não é aceito como candidato pelos
tucanos não-paulistas: Eduardo Leite, Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e toda
a velha guarda, embora Fernando Henrique Cardoso ainda mantenha aquela conversa
de “candidatura do meu partido” que não convence nem seus vizinhos de prédio.
No União Brasil, mesmo com o apetite de Luciano
Bivar para negócios, a candidatura de Sérgio Moro não avançou sobre o veto de
ACM Neto, que sabe que não terá chance senão fingindo que não tem candidato
presidencial e, ainda assim, se o ministro João Roma, como candidato
bolsonarista, não lhe roubar votos demais.
Moro, aliás, cava a própria a cova por já estar
assumindo publicamente que não terá apoio de partidos, quando diz que “apoio de entidades civis é ‘muito mais relevante’ que o de
partidos políticos“.
Seus resultados nas pesquisas não permitem que ele
dê uma de “esnobe” antes as forças políticas conservadoras, como tem feito,
transformando MBL, “Vem pra Rua” e outros grupos virtuais de classe média em
seus únicos apoios.
Fora do circuito das supostas “federações”, Gilberto
Kassab dedica-se a inventar candidatos a presidente que substituam o natimorto
Rodrigo Pacheco e resiste a filiar Geraldo Alckmin e a ter de dividir com ele o
comando do PSD, já majoritariamente engajado na candidatura Lula. Corre o
risco, porém, de chegar atrasado para pegar as primeiras filas.
Estas lenga-lengas seguirão durante todo este mês,
preparando o “março da salvação”, no qual as trocas partidárias vão se
consumar, na janela legal de mudanças de filiação.
O PP não tem condições de fechar no apoio a
Bolsonaro, o PL vai agregar a família e a “bancada-raiz” do bolsonarismo na
esperança de que ela leve os seus e o Republicanos, primo-pobre da base
bolsonarista, vai ser rasgado ao meio na candidatura presidencial.
Não há mais via alguma, agora é o “salve-se quem
puder”.
Tijolaço.
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