Não
haverá carnaval, por conta da Ômicron, mas há muita folia e desfiles de
fantasias nos mercados financeiros.
Não
há, senão por curto período, possibilidade de seguirmos em queda, ainda que
moderada no câmbio, porque o fluxo de dólares, caudaloso em janeiro, não
seguirá assim com a alta dos juros do Tesouro norte-americano, mesmo com as
generosas taxas arbitradas aqui pelo Banco Central (que, aliás, avisou que as
subirá mais e por mais tempo).
Nem
este fluxo seguirá forte como foi na Bolsa, onde as compras externas (R$ 37,4
bilhões, em janeiro e primeira semana de fevereiro) fizeram a festa, ainda que
modesta, dos investidores.
As
projeções para o IPCA de janeiro, que o IBGE divulga na manhã desta terça feira
andam perto de 0,6, o que elevará o acumulado em 12 meses para cerca de 10,5% e
as previsões para fevereiro são de que este total permaneça por aí.
Mas
e os planos de que lá para abril ou maio estas taxas baixem e apontem para uma
prevista redução da inflação a 5%?
Noites
de verão são boas para sonhar, e assim vamos, mas a ata da reunião do Copom,
publicada hoje pelo Banco Central é preocupante por vários motivos.
O
primeiro é o de o BC, ainda nos primeiros dias de fevereiro, “jogar a
toalha”quanto ao cumprimento da meta de inflação de 2022, fixada em 5%, é
absolutamente inusual, porque os fiascos em política monetária só são admitidos
quando já estão evidentes e basta ver como foram subindo, ao longo do ano
passado, as previsões inflacionárias oficiais.
Além
do mais, as variáveis “boas” – queda mundial do preço das commodities –
não estão acontecendo e as “ruins”, o possível descontrole fiscal do país ,
habitam as telas de todos os portais de notícias, com a “PEC Kamikaze” que tem
o evidente apoio do Governo e é apenas o primeiro dos pacotes de bondades
eleitorais que se repetirão até às vésperas da eleição presidencial.
O
que se tem de informação sobre a atividade econômica do início do ano parece
inverter o levíssimo otimismo dos dois meses finais de 2021 e vai se refletir
numa piora ainda maior nas previsões de expansão do PIB. O otimismo do mercado
fica numa alta de 0,3%, mas os já nem tão resguardados cochichos já consideram
um recuo de até 1%.
E
tome dinheiro para frear esta queda, o que é necessário mesmo. Mas não como
tudo indica será feito, atabalhoada e superficialmente, com um “vota em mim, o
rombo a gente vê depois”.
Kamikazes,
como se sabe, fizeram muito estrago, mas não ganharam a guerra.
Tijolaço.
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