Sexta-feira,
no programa Bom Para Todos, da TVT, procurei explicar porque a
disparidade das pesquisas sobre as intenções de voto em Jair Bolsonaro e Lula,
dependendo do método usado para fazê-las.
Não
só o Brasil, apesar da “fartura” de telefones celulares (1,6 por habitante, em
média), há uma óbvia distorção no acesso, por este meio, à população mais
pobre. Isso, somado à imensa disparidade entre o voto em Lula e Bolsonaro nas
classes sociais de baixa renda e de alta renda, resulta em números com uma
variação nada desprezível.
O
“agregador de pesquisas” do Estadão compilou estas
diferenças: entre as pesquisas presenciais (Datafolha, Genial/Quaest, Ipec,
Sensus e até a esquisita Paraná Pesquisas, que dá os índices mais altos que
Bolsonaro alcança e os mais baixos que Lula consegue), e as telefônicas, a
distância do ex-presidente varia de 18 para 11 pontos. 47% a 29%, nas
presenciais, viram 44% a 33% naquelas feitas por telefone.
E
isso porque a FSB/BTG Pactual divulgada hoje , dando 46% ao ex-presidente
deu-lhe mais dois pontos na média, do contrário a diferença ficaria em 9
pontos.
Numa
eleição que, pelos números que se dispõe hoje pode ser “resolvida” em primeiro
turno por um ou dois por cento de diferença, isso não é uma irrelevância.
Por
isso Janio de Freitas, na Folha de domingo, adverte que …
A proliferação
recente de organizações de sondagem eleitoral, atraídas pela dinheirama do
Tesouro Nacional dada aos partidos e candidatos, tanto traz competição saudável
quanto implica riscos de manipulação eleitoral. Estamos no Brasil.
Sim,
estamos no Brasil e num Brasil onde as ameaças ao processo eleitoral estão
longe de ser uma paranoia.
Mesmo
que não haja interesse deliberado nisso, distorções estatísticas serviram para
alimentar a ideia de que Bolsonaro crescia a ponto de “encostar” no favorito
Lula, sendo que nas pesquisas presenciais, salvo pela tal “Paraná Pesquisas”, a
diferença nunca esteve abaixo de 14 pontos, na “pior” pesquisa para o petista.
Nas telefônicas, esta vantagem teria se reduzido para até meros 5 pontos.
Isto
é uma bagatela de cerca de 14 milhões de votos, bem mais que a diferença que
Bolsonaro teve sobre Haddad no segundo turno do pleito de 2018, 10,8 milhões de
votos.
Não
se trata de “censurar” pesquisas telefônicas, mas de reconhecer que têm
diferido das face a face, sempre no mesmo sentido de subestimar Lula e
hipertrofiar Bolsonaro, em desvios que se somam.
Tirar
conclusões de premissas distorcidas é fatal para quem tem compromisso com a
verdade. Não é disputa apertada, não há “escolha difícil”, não há que dar
segunda chance ao monstro, se é essa a vontade popular.
Tijolaço.
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