Em
dois parágrafos curtos, Elio Gaspari, na Folha, resume o estado de coisas político do país:
“O
Brasil corre o risco de viver sua maior
crise institucional desde o dia 13 de dezembro de 1968, quando o
marechal Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5. Ela tem data e hora
marcadas: a noite de 2 de outubro, quando se conhecerá o resultado da eleição.
O cenário é previsível: fecham-se as urnas, totalizam-se os votos e, caso Jair
Bolsonaro seja derrotado, ele anuncia que não aceita o resultado.”
Em
menos que isso, Eliane Cantanhêde, no Estadão, resume o resultado de um ano de atenção simpática
da mídia, de articulações e de vaidades vazias de quem se pretendia o desejo de
uma alternativa à polarização:
“A
terceira via agoniza, com o União Brasil fora, o PSDB se autodestruindo, o MDB
revirando suas velhas agonias e o Cidadania impotente, enquanto a “opção única”
vai deslizando do improvável para o patético e nem se sabe mais se haverá
anúncio de qualquer coisa em 18 de maio, à espera de um milagre. Desfecho
melancólico.”
Colunistas
sem o menor viés de lulismo, Gaspari e Cantanhede observam o que está
evidente e independe do desejo de que seja assim: a eleição está absolutamente
polarizada e a direita mais autoritária percebeu isso, transferindo de Sergio
Moro para Jair Bolsonaro os pontinhos que tinha o ex-juiz.
Verdade
que, para estes, o caminho é mais “fácil”, porque lubrificado pelo ódio que têm
em comum pela política, pelo diálogo e pelo viés autoritário, pouco afeito a
aceitar as diferenças própria de uma sociedade que é diversa, e que é bom que
seja assim.
Mas
para pessoas que acreditam na convivência democrática, embora com mais
resistências, vai ficando claro que a opção não é exatamente por Lula, mas pela
continuidade dos mecanismos do Estado de Direito e da soberania popular
exercida pelo voto.
Ele
próprio o sinalizou pela escolha do vice, Geraldo Alckmin, alguém a anos-luz do
petismo. Bolsonaro, à sua maneira, emitiu sinal igual e contrário, ao escolher
um sombrio general, Walter Braga Neto, como seu segundo.
Não
importa que os elitistas relutem em entender que não são Lula e o PT que estão
criando a polarização. É a realidade que nos colocou diante de uma escolha nada
difícil, entre democracia e ditadura.
Tijolaço.
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