terça-feira, 16 de março de 2021

TRAIDORES DO POVO SÃO TRAIDORES DA PÁTRIA, POR FERNANDO BRITO

Um país tem Forças Armadas para defender o seu povo, não para formar um clube de vantagens e cargos.

Com povo brasileiro em perigo, elas o estão defendendo?

Se estivéssemos perdendo quase três mil cidadãos a cada dia por bombardeiro inimigo, talvez (eu ia escrever certamente, mas já tenho dúvidas) o Exército Brasileiro estaria ensarilhando armas. Mas o Exército Brasileiro está mais preocupado com a preservação de um general patusco e incapaz, e com terceirizar para um civil colaboracionista o ônus do massacre que a população civil do Brasil está submetida.

Nem me ocupo da figura minúscula de Marcelo Queiroga, tão miúda que se presta a dar a cara, no dia mais terrível para os brasileiros, para dizer platitudes como “use máscara”, “use álcool em gel” e “precisamos salvar a economia”.

Você precisa salvar é vidas, seu oportunista sem caráter, que saiu de sua insignificância para ser o “sr. Ministro”.

Porque se tivesse caráter teria dito, ao menos dito, que era preciso mudar a rota do fracasso e não “dar continuidade” ao desastre Pazuello.

Mas ele é o capacho disponível para esta “desoneração” de responsabilidade dos generais que, na ânsia de engolir todo o poder, têm agora de vomitar os cargos que tomaram para si, mas não conseguiram digerir e administrar.

Está evidente que do novo ministro exigiram, além da submissão às ideias imbecis do presidente da República, também a defesa daquele general que, por submeter-se a elas, tornou-se inseparável cúmplice da mortandade.

Que é maior do que a se noticia, pois estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro estão, claramente, represando os dados de um morticínio que, com toda a certeza, já passaram de 3 mil.

As “instituições” estão mentindo descaradamente, e mentira inútil, porque os cadáveres brotam aos borbotões.

A verdade é que não tem política de isolamento, não tem vacina e as pessoas responsáveis estão brincando com isso, estão brincando de dizer que há uma vacinação no Brasil, com vacinas de não sei quem e não sei quando.

Não há.

Há uma tragédia anunciada. Há meio milhão de brasileiros mortos no horizonte não distante.

Militares que desdenham disso, que não reagem a isso, não venham dizer como disse Mourão, que a responsabilidade é do Presidente.

Foram vocês que os colocaram lá e devem satisfações ao país. Digam não , freiem o monstro que vocês criaram.

Porque, ainda que seja o último suspiro dos que amam este país e seu povo, vocês pagarão por isso.

Tijolaço.

ASSUME UM NOVO MINISTRO DESTINADO A SER “PAPA-DEFUNTOS”, POR FERNANDO BRITO

Marcelo Queiroga assume o Ministério da Saúde para ser o papa-defuntos de Jair Bolsonaro.

Sua missão será a de melhorar, rapidamente, a estrutura de leitos de UTI, que deverão ser muito mais para abrigar os doentes que, em profusão, não cessarão de brotar do antro de contaminação que se tornou o Brasil destes dias.

Por uma razão muito simples: não poderá tomar nenhuma medida que bloqueie o contágio e a proliferação de casos, mas apenas cuidar que não faltem leitos para que morram – e a mortalidade nas UTIs anda acima de 60%.

Este foi o jogo que o Dr. Marcelo Quiroga topou: o mesmo que foi rejeitado pela Dra. Ludhmilla Hajjar: “Se você fizer lockdown no Nordeste vai me foder e perco a eleição‘, diz Bolsonaro à médica que recusou cargo, como noticia o Yahoo.

Nele, colocará um personagem indicado pelo filho Flávio, diz o Estadão.

No cooo de quem, a partir de amanhã, cairão 2.200 ou 2.300 mortos diários.

O Dr. Queiroga não vai ser ministro da Saúde, o que exigiria posicionar-se sobre isolamento social, medidas restritivas, lockdonws.

Ele vai liberar verbas para leitos de UTI, com fartura, para domar a rebelião dos governadores e secretários de saúde.

As taxas de ocupação das UTI, com seu número turbinado, cairão, embora o número de infelizes ali internados seja igual ou ainda maior.

É onde pode mexer o Dr. Queiroga, porque está interditado a ele interferir na dinâmica de propagação da doença e lhe será impossível alterar o cronograma falso e mentiroso de vacinação deixado por Eduardo Pazuello em sua deprimente despedida de general massacrado que posa de invicto, antes da fuga.

O Dr Queiroga, por isso, está destinado a um cargo em que será tão efêmero quanto o de Nélson Teich.

Desabará sob uma pilha de mortos.

Tijolaço.

segunda-feira, 15 de março de 2021

O LIVRO-CAIXA DOS BOLSONARO, POR FERNANDO BRITO

 

A reportagem de Amanda Rossi, Flávio Costa, Gabriela Sá Pessoa e Juliana Dal Piva, publicada hoje no UOL – assista a versão em vídeo ao final do post – não é um álbum de retratos de família dos Bolsonaro.

É um livro-caixa do negócio familiar a que o clã se dedicou, com sucesso e afinco, nas últimas três décadas.

Como nas rendas milicianas, o esquema de extorsão e de funcionários cujo trabalho era, essencialmente, receber os salários para repassar ao coletor Fabrício Queiroz, por transferências bancárias ou mesmo em dinheiro vivo não era um acaso, mas uma regra.

Tal e qual Bolsonaro faz com os filhos, os repórteres numeraram – 123 e 4 – os relatos dos casos, que contam, em trocados miúdos, a história do ” de grão em grão, a galinha enche o papo” do negócio que foi criar a Família Mito Ltda.

Com a decisão do Superior Tribunal de Justiça – ainda pendente de recurso no STF – de anular as quebras de sigilo determinada pela Justiça do Rio, é provável que nada disso venha a ser cobrado nos tribunais.

Mas pode, quem sabe, ser cobrado no voto. Assita:

Tijolaço.

domingo, 14 de março de 2021

PAZUELLO É ASSADO VIVO, MAS BOLSONARO TAMBÉM SE QUEIMA, POR FERNANDO BRITO

Se há algum momento em que Eduardo Pazuello foi claro em sua passagem pelo Ministério da Saúde foi naquele vídeo onde, ao lado de Jair Bolsonaro, resumiu seu papel no cargo: “um manda, o outro obedece”.

Agora, quando o presidente tenta dar a aparência de um “cavalo-de-pau” em sua política negacionista no enfrentamento da pandemia, o obediente general é sangrado em praça pública.

Embora tenha todo o merecimento necessário a isso, a “execução” sem honras do ministro – e perder estes galões o atira, inapelavelmente, ao cadafalso judicial – é só a porta de entrada de uma nova temporada de problemas para Bolsonaro.

A cardiologista Ludhmilla Abrahão Hajjar – que tem o aval público do Centrão – tem, com certeza, bem claro o exemplo do sucessor de Luiz Mandetta, que tentou contemporizar a medicina com a estupidez de Jair Bolsonaro e acabou por deixar o ministério menos de um mês depois de assumir.

Suas afirmações sobre a ineficácia da cloroquina são públicas e fortes e estão expostas na entrevista que deu à Folha de S. Paulo, em abril do ano passado:

Tanto a cloroquina como a azitromicina podem induzir essa arritmia [cardíaca]. A associação das duas torna-se isso ainda mais possível.(…)Eu jamais adotaria hoje a cloroquina na forma leve, de forma preventiva, sem ter evidência cientifica. Eu não mudaria a prática clínica baseada só em experiência. Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é.

Dificilmente, claro, a possível ministra vá desdizer-se para contemporizar com Bolsonaro, que ainda esta semana recorreu à “prova” empírica do uso da cloroquina nos funcionários do Planalto para reafirmar a crença que ele transformou em milhões de comprimidos que apodrecem nos armazéns do Ministério.

Mas Ludhmilla tem uma pedra no caminho maior que um comprimido de cloroquina: a sua live, gentil e simpática, com a ex-presidenta Dilma Rousseff, que está sendo reproduzida furiosamente nas redes pelos bolsonaristas.

Manda, portanto, a boa prudência que se guarde certo tempo antes de considerar sua escolha definitiva.

Até porque, nesta história de “um manda o outro obedece”, Jair Bolsonaro talvez não queira ficar com o segundo papel.

Ou ele vai sair fazendo “autocrítica” do que diz a sua possível ministra sobre a sua atuação na pandemia?

Tijolaço.

sábado, 13 de março de 2021

MENINOS, EU JÁ VI, POR FERNANDO BRITO

Se há algo inverídico que se possa dizer sobre Jair Bolsonaro, é exatamente aquilo de que o chamam: o “Mito”.

O “Mito”, na construção das representações do pensamento humano, é aquele que enfrenta, sofre, é martirizado e, por isso, considerado profético e condutor.

Até a facada de Juiz de Fora, uma narrativa ainda confusa sobre o que foi um ato de um desequilibrado mental, Jair Bolsonaro nada tinha de semelhante a um Mito.

Ainda que, eleitoralmente pudesse sê-lo a partir daí – e não se têm histórias de mitos criados a partir do poder vigente (financeiro, midiático e militar) que se sustente frente à realidade, a prova real do desempenho deste “herói” deu, todos podem ver, com os burros n’água.

O mito vem para criar – ou recriar – uma era de afirmação e esperança.

E nisto Jair esmerou-se em ser um fiasco dos mais rematados.

Dos nossos pesadelos – miséria, pobreza, violência, a abolição da corrupção trazendo fartura e abundância, recessão, desemprego, desamparo – de qual deles nos conseguiu exorcizar?

Ao contrário e é inevitável que, quando vemos as calçadas coalhadas de miseráveis, o medo em todos os rostos, a apreensão em todos os brasileiros, a angústia em toda a gente pobre do Brasil, que nos recordemos que, anos atrás, não era assim.

Sonhava-se a casinha, o carro ainda que “caidinho”, a filha se formando, o forno de microondas, a casa ainda que seria sua, afinal…A vida melhor, ainda que não tanto, mas um pouco mais do que era.

Bolsonaro, como a ditadura, acenou com um “Brasil Novo” e entregou um país mais velho e rabugento.

Natural que, agora, visto que o que se tem é o Brasil sem esperanças, o que a memória popular vá buscar seja o Brasil com que se sonhava e que se entreviu.

A mítica, hoje, aponta mais para Lula que para Jair.

Já vi isso acontecer, muitas vezes ,numa direção ou noutra.

Quando a abertura nos deu a chance de eleger um governador, assisti Leonel Brizola sair do opróbrio de 20 anos, quase, em que se o apontava – como se faz agora a Lula, pela eleição de Bolsonaro – como responsável pela ditadura, para tornar-se o vencedor tsunâmico das eleições no Rio de Janeiro.

Quando Lula, enfraquecido e “maldito” pelas eleições que perdeu em primeiro turno para o Fernando Henrique do “o real é mais forte que o dólar”.

Quando um escroque como Aécio Neves, por muito pouco, deixou de tornar-se presidente.

E, afinal, quando o tosco e bruto ex-capitão não era capaz de provocar o “ele não” no centro e nos liberais de punhos de renda, mais do que a posição de “isentões”, aquela do “uma escolha muito difícil”.

Por tudo isso, e com o perdão pelo uso da palavra que se tornou ofensa, quanto tem um papel tão bonito na história, ouso dizer que “Mito”. agora. é o senhor Luís Inácio Lula da Silva.

Lula é o Getúlio de 1950. É o JK 66. É o Lula 2002.

Paz e amor?

Sim, mas com muito menos ilusões.

É a certeza de que desenvolvimento é necessário, mas não basta.

Creio que sua primeira fala depois de inocentado – sim, ao contrário do que diz a mídia e ao lado do que diz a Constituição : “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória – Lula deixou bem claro que é a preservação do interesse e da soberania nacional e a primazia da justiça social que orientam seu pensamento agora e suas ações futuras.

Lula diz que não guarda rancores e nem planeja vinganças pelo seu martírios.

Não, mas eles lhe removeram as ilusões.

Como o fizeram a Vargas, no governo pós-50.

Se algo tem a ver com “Mito” no que estamos vivendo, positivamente não é Jair Bolsonaro.

Tijolaço.

sexta-feira, 12 de março de 2021

O ESPELHO DO PARASITA, POR FERNANDO BRITO

Nas vésperas de assinar a autorização para o pagamento do novo – e reduzido – auxílio-emergencial , Jair Bolsonaro criticou, falando ao cercadinho de apoiadores que o bajula na entrada e na saída do Palácio da Alvorada, programas de distribuição de renda: “Quanto mais gente vivendo de favor de Estado, mais dominado fica este povo“.

O mesmo sujeito que diz não serão dominados os que tiverem dez ou vinte mil reais para comprar as armas que ele liberou para quem pode.

Felizmente, Bolsonaro não tem razão e os R$ 250 reais que serão pagos a trinta ou quarenta milhões de brasileiros não farão deles gente dominada por quem lhe dá, de má vontade, o mínimo que as pessoas precisam para comprar uma humilde “mistura” para dar aos filhos.

É curiosa a visão desta gente que acha que o investimento do Estado nos pobres é “favor”.

Nas suas contas, talvez, também seja”favor” o gasto com a saúde pública, que consome cinco vezes mais que o auxílio emergencial que vai ser pago, no total de R$ 44 bilhões?

E é “favor” o gasto com educação, quatro vezes maior que o auxílio?

Não parece ser mais “favor” do que dar, ainda que precárias, saúde e educação ao povão, assegurar a qualquer brasileiro ter, ao menos, feijão e farinha para sossegar o choro dos pequenos e silenciar os roncos do próprio estômago.

É por isso que o auxílio emergencial não vai deixar traços na alma do povão, aquela onde a dignidade sobrevive debaixo de toda a humilhação que tem de suportar.

Não tem o sentido de direito, de reconhecimento de uma igualdade mínima, ao menos no direito de sobreviver.

Mas é da natureza do canalha só ver nos outros aquilo que ele próprio faz.

Quem há mais de 30 anos se tornou um parasita e criou filhos como larvas, que foram se nutrindo do tecido estatal, acha mesmo que todos são assim.

Tijolaço.

 

quarta-feira, 10 de março de 2021

BRASIL TEM 2.349 MORTOS POR COVID-19 EM 24 HORAS E SUPERA 270 MIL VÍTIMAS

Diante do colapso do Sistema de Saúde brasileiro, Fiocruz reforça necessidade de isolamento social.

Pela primeira vez, o país superou a marca de 2 mil mortes diárias; 15 capitais estão com ocupação de leitos de UTI acima de 90% - Foto: AFP.

A pandemia de covid-19 completa um ano na próxima quinta-feira (11). Nesta quarta (10), pela primeira vez, o Brasil superou as 2 mil mortes em um dia: foram 2.349 óbitos em 24 horas. Com isso, o país ultrapassou a marca dos 270 mil mortos, chegando a 270.656. Os números foram fornecidos pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Esta quarta (10) também foi marcada por um grande número de novos casos: 79.876. Desde o início do surto no país, 11.202.305 brasileiros já ficaram doentes pela covid-19. Este é, com folga, o pior momento da pandemia no país. A média de mortes diárias, calculada em sete dias, está em 1.626, e a de casos, em 69.096.

De acordo com boletim extraordinário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na noite da última terça (9), a situação está se agravando com velocidade no país.

São 15 capitais e 13 estados com ocupação de leitos de UTI acima de 90%. Muitos estados estão em colapso, como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Outros estão na iminência, como é o caso de São Paulo, que vive a maior crise pela covid-19 de todo o histórico.

Isolamento social urgente

Além de anunciar o colapso no país, a Fiocruz também reforçou no boletim a necessidade “imediata” da adoção em massa de isolamento social.

“Nos municípios e estados que já se encontram próximos ou em situação de colapso, a análise destaca a necessidade de adoção de medidas de supressão mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais", afirma a Fiocruz.

"Além disso, é necessário o reforço da atenção primária e das ações de vigilância, que incluem a testagem oportuna de casos suspeitos e seus contatos”, completa a nota.

BdeF.

terça-feira, 9 de março de 2021

VILANIA DE FACHIN É TÃO CLARA QUE DEVE FRACASSAR, POR FERNANDO BRITO

Não foram necessárias mais que algumas horas para que se tornasse tão evidente a manobra de Luiz Edson Fachin ao anular os processos de Lula em Curitiba para evitar a decretação da parcialidade de Sergio Moro que, ao que tudo indica, ela está fada ao fracasso.

Até a direita de punhos de renda está atônita, diante do fato de que é impossível negar que a finória canetada de Fachin visa, essencialmente, proteger Moro e sua trupe da escancarada parcialidade.

Essa é a principal razão, pois Fachin sabe que seria virtualmente impossível, salvo por um escândalo ainda maior do que o da Lava Jato, validar os processos de Curitiba em um ano e meio, repetir a condenação e, ainda, confirmá-la em segunda instância.

É a Moro, mais que a Lula, que a sua canetada beneficia, pois era inevitável que a condenação de Lula por Moro não resistisse ao julgamento de suspeição que, mesmo sem efeitos práticos, seria a condenação do ex-juiz, ainda que apenas moral.

Abalado, combalido, retirado, Moro ainda é – por falta de coisa melhor – uma das opções eleitorais da camorra que levou Bolsonaro ao poder e se viu destroçada por ele.

Mas depende, para isso, de que Lula esteja livre por uma “tecnicalidade” – a incompetência de foro – e não porque foi condenado por razões políticas pelo seu tribunal e seus procuradores, numa conspiração que culminaria com a eleição de Bolsonaro.

Tijolaço.

domingo, 7 de março de 2021

ISRAEL É “CAMPEÃO” DE VACINAS COM ACORDO QUE BOLSONARO NÃO QUIS ASSINAR, POR FERNANDO BRITO

Quem quiser consultar o acordo firmado entre a Pfizer e o Estado de Israel vai ver – bem, vai ver sem ler – vários trechos tarjados de preto, a exemplo deste aí em cima, a verdades sobre a exclusão de responsabilidades por eventuais efeitos adversos da vacinação, que já se tinha, então, a certeza de que só ocorreriam de maneira estatisticamente insignificante.

A tinta preta não esconde, antes revela, o que o texto contém.

Foi graças a isso e à promessa israelense de dar acesso aos dados médicos dos vacinados que o país conseguiu o fornecimento de doses em quantidade para vacinar sua pequena população – menos de 10 milhões de habitantes – em tempo recorde, através de seus sistema de saúde – uma espécie de SUS público privado, onde o plano de saúde é pago pelo Estado e oferecido através de quatro operadores privados – Clalit, Macabi, Meuchedet e Leumit – é gratuito e se paga um plus ( nada maior que 200 reais, na maioria dos casos) para serviços “extras”, os não cobertos pelas modalidades básicas.

O Brasil fez, em parte, o mesmo e permitiu a realização dos estudos de fase 3 – em grande número de pessoas – para a Pfizer e para a Janssen, tanto quanto para a Astrazêneca e a Sinovac, porque o país, pela quantidade de habitantes e pelos altos níveis de transmissão da Covid, era o melhor “campo de prova” para os testes vacinais. Critério que, aliás, Israel não atendia.

O governo israelense se lixou para as existência de limitadores de responsabilidade sobre a vacina, seja porque não havia razão para crer que alguém fosse “virar jacaré” por conta de vacinar-se, seja porque nenhum tribunal, em parte alguma do mundo, iria aceitar que uma farmacêutica gigante se livrasse de responder por efeitos adversos de uma vacina fornecida aos milhões, é evidente. Cláusula leonina, imposta à parte como condição para fornecimento essencial não sobrevive nem na Corte Suprema de Zâmbia.

O importante era ter vacina, e rápido.

Aqui, o governo não a queria e, por isso, agarrou-se às tais cláusulas de limitação de responsabilidade para rejeitar, várias vezes, o fornecimento de imunizantes e menos ainda lutou para que as cotas de fornecimento fossem aumentadas e antecipadas.

reportagem da Folha mostrando que Eduardo Pazuello recusou por três vezes as ofertas da Pfizer – que ainda podiam ser melhoradas em quantitativos e prazos é a prova destas afirmações e, pior, ratificada pelo fato de ter feito o mesmo com a vacina da Sinovac/Butantan.

Aí está a razão de que ter-se, hoje, 60% dos israelenses vacinados – e dois terços deles já com a 2a. dose – e termos chegado aqui apenas a míseros 4%.

Agora, Bolsonaro manda a “Missão Spray” para Tel-Aviv e, ao contrário das declarações, com o objetivo de recolher alguma xepa, sobras da vacinação que, lá, termina em duas semanas, até porque tem eleição dia 23 de março e Bibi Netanyahu de bobo nada tem. É mesmo possível que sobrem, porque o país tem pelo menos 50% de doses compradas além das necessárias para seus 10 milhões de cidadãos.

Ainda assim, óbvio que o volume é pequeno, mas qualquer coisa vale para não faltar com que seguir com a nossa Operação Conta-Gotas de vacinação.

Tijolaço.

quinta-feira, 4 de março de 2021

MESMO COM O AUXÍLIO EMERGENCIAL A AVALIÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO A TENDÊNCIA É DESPENCAR, POR FERNANDO BRITO

Claro que carregado de “maldades”, como todas as propostas de alterações na Constituição que tivemos desde o início do período Temer – em matéria de economia, Bolsonaro é sua mera extensão – o pacote que libera recursos para o pagamento de uma nova etapa de auxílios emergenciais não tem nem a sobra do poder que teve, em 2020, para turbinar a claudicante atividade econômica brasileira.

A começar pelo valor que injetará na economia: R$ 44 bilhões, menos de 15% dos R$ 300 bilhões que sua versão anterior colocou em circulação. A intenção de Paulo Guedes, aliás, é conter o auxílio em volume ainda menor: R$ 30 a 40 bilhões.

A partir de abril, apenas, é que alguma reação no consumo poderá ser sentida, ainda que o processo inflacionário trabalhe, em direção contrária, para uma retração nas compras, como já é possível observar pela perda de dinamismo do setor de supermercados.

Mas a principal diferença será no campo da política.

O auxílio de 2020 criou uma base de apoio a Bolsonaro jamais sonhada entre as parcelas mais pobres da população, embora na classe média tenha perdido algo, pela condução estúpida da crise nacional.

Como, para aumentar a base eleitoral do auxílio, não se mudou, a princípio, os critérios de habilitação dos beneficiários, vai ser difícil que ele se concentre apenas nas parcelas que ocupam o subsolo da pirâmide de distribuição de renda no país, como ocorre com o Bolsa Família. Aumentar a clientela, porém, vai reduzir o efeito e o que se vai ter é a repercussão mais fraca do que a que teve, no final do ano, a redução de valor do auxílio.

Por isso o “picadinho” de 150 reais para os “sozinhos”, esta estranha condição.

Como, outra vez, o auxílio não tem natureza estruturante, a popularidade gerada pelo auxílio será, como aquela, fugaz.

Dois meses bastaram para que Jair Bolsonaro, daqueles momentos de “glória”, baixasse para os números que a Pesquisa do Idec – ex-Ibope – que você vê no gráfico.

Comparado com a última pesquisa Ibope, feita pela Confederação Nacional da Indústria, a aprovação ( bom+ ótimo) cai de 35% para 28%, enquanto a reprovação (ruim+péssimo) sobe de 33% para 39%.

E leve em conta que, quando foi realizada, na penúltima semana de fevereiro, a pesquisa ainda não reflete o que tivemos de agravamento da crise pandêmica nas duas últimas semanas.

Não há nada no horizonte econômico brasileiro que induza a pensar que tenhamos como sair para um período de crescimento, mesmo em níveis medíocres como os que tivemos no governo temer e no primeiro ano de Bolsonaro.

Estagnação, hoje, já é otimismo.

Tijolaço.

quarta-feira, 3 de março de 2021

SÃO 1.910 MORTES, ADMITE MINISTÉRIO. ATÉ ONDE VAMOS?, POR FERNANDO BRITO

Se havia alguém ainda em dúvida sobre a total perda de controle da pandemia de Covid 19, é bom que elas terminem hoje, quando os números oficiais, retirados da página do Ministério da Saúde, registram que estamos muito próximos de atingir a a marca das duas mil mortes diárias.

Foram 1.910 nas últimas 24 horas e, pior ainda, mais de 71 mil casos confirmados, o que, claro, é uma espécie de “estoque de mortes contratadas para os próximos dias”.

É bom o senhor Jair Bolsonaro conter seus furores de ir à televisão dizer, como disse hoje,

Jair Bolsonaro, ao passar pelo “chiqueirinho” onde se concentram seus apoiadores, na porta do Palácio da Alvorada, que somos um dos melhores países do mundo em desempenho contra a pandemia.

Para ele, não há a maior crise sanitária da história brasileira, tudo o é produto do “pânico” criado pela imprensa: “Criaram pânico, né? O problema está aí, lamentamos. Mas você não pode entrar em pânico. Que nem a política, de novo, de ‘fique em casa’. O pessoal vai morrer de fome, de depressão?”

As 1.910 pessoas que morreram ontem e as 260 mil que tombaram em um ano não morreram de fome ou depressão, embora fome e depressão não faltem num país empobrecido e desesperado como o nosso.

Morreram e morram da Covid que ele, criminosamente, ajuda a espalhar.

Tijolaço.

terça-feira, 2 de março de 2021

LAVA JATO ESCONDEU GRAMPO QUE BENEFICIARIA LULA NO CASO TRIPLEX

"Quantas provas de inocência do Reclamante foram ocultadas?", pergunta a defesa de Lula em comunicação ao STF.

Foto: Fernando Frazão/ABr

A Lava Jato em Curitiba escondeu uma interceptação telefônica que confirmava que a ex-primeira-dama da República, Marisa Letícia, desistiu de comprar um apartamento no condomínio Solaris, no Guarujá. O grampo, que permaneceu escondido dos advogados de Lula nos últimos 5 anos, foi descartado justamente porque beneficiaria a defesa do ex-presidente.

A revelação veio à tona a partir da análise de mensagens hackeadas da força-tarefa da Lava Jato, apreendidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing.

Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal em 26 de fevereiro, a defesa de Lula afirma, com base nas mensagens analisadas, que a Lava Jato sempre soube que não caberia uma acusação contra Marisa Letícia pelo caso triplex.

Mas a esposa de Lula – que faleceu de um AVC no meio do julgamento – não só foi denunciada formalmente, como ainda teve seu pedido de absolvição sumária negado por Sergio Moro após seu falecimento.

OCULTADAÇÃO DE PROVAS

No diálogo que desmascara a ocultação de provas, Athayde Ribeiro Costa, um dos procuradores da Lava Jato, avisa a Deltan Dallagnol que a interceptação telefônica de Mariuza, funcionária da OAS, poderia “encaixar na tese do Lula de que não quis o apartamento. Pode ser ruim para nós”, apontou. A mensagem foi disparada em 13 de setembro de 2016.

Conforme o GGN mostrou em dezembro de 2016, Mariuza foi uma das testemunhas que afirmou em depoimentos à Lava Jato que Lula não era dono do triplex, mas um possível cliente. Ela “esteve muito mais do que 120 vezes no condomínio Solaris – entre 2014 e a presente data – e nunca viu Lula no imóvel, a não ser a única vez em que esteve na condição de potencial comprador.”

No grampo escondido, Mariuza indica que a esposa de Lula tinha interesse em comprar um apartamento com sua cota parte no edifício Solaris – adquirida quando a Bancoop administrava o empreendimento, antes da OAS assumir. A conversa por telefone ocorre após Marisa Letícia desistir de efetuar a compra.

A Lava Jato escondeu a interceptação e ainda arrolou Mariuza como testemunha de acusação, “sem esclarecer que ela havia tido os ramais interceptados. O ato, portanto, é ilegal e desleal”, afirmou a defesa de Lula.

“Apenas à luz da mensagem acima colacionada, emergem diversas ilegalidades: (a) interceptação de pessoa investigada que foi ocultada nos autos de origem (a interceptação não consta no rol de terminais grampeados), para que ela fosse tratada como “testemunha de acusação”; (b) ocultação do teor dos diálogos interceptados porque confirmam a linha da Defesa Técnica do Reclamante; (c) formulação de acusação contra o Reclamante que a “lava jato” sabia de antemão que era improcedente”, resumiu a defesa, no documento enviado ao STF.

GGN.

segunda-feira, 1 de março de 2021

SECRETÁRIOS DE SAÚDE PEDEM MEDIDAS DE EMERGÊNCIA, POR FERNANDO BRITO

Clara, direta e objetiva a carta divulgada agora há pouco pelos Secretários Estaduais de Saúde pede a imediata interrupção das atividades não essenciais nas cidades onde o sistema hospitalar está a centímetros do colapso total, com mais de 85% de ocupação dos leitos de tratamento intensivo. Ontem, aqui, explicou-se a razão de que este é o limite de funcionamento – que não é o mesmo da capacidade total – destas unidades para pacientes graves.

A lista de recomendações é concreta e reproduzo os pontos listados na questão do isolamento social:

  • A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
  • A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;
  • O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana;
  • O fechamento das praias e bares;
  • A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;
  • A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;
  • A adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;
  • A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;

Para viabilizar este isolamento, os secretários pedem o “retorno imediato do auxílio emergencial”, para que as pessoas mais pobres tenham com que ao menos sobreviver no período de lockdown.

Não é mais um questão de “defender” o lockdown, como se isso fosse uma opção ou desejo que alguém pudesse ter, depois deste ano inteiro de limitações que nos trouxeram tanto sofrimento. É que só os estúpidos não veem que estamos sobre um trampolim de casos, que ameaça lançar a alturas ainda maiores as mortes de brasileiros.

Na ponta da linha, os secretários de Saúde, que estão vendo a realidade da falência múltipla dos sistemas hospitalares deveria ser a voz mais ouvida pelo país, e não os zurros presidenciais.

Tijolaço.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

PIORA DA PANDEMIA VAI ATROPELAR NEGACIONISMO BOLSONARISTA; FERNANDO BRITO

A decisão da ministra Rosa Weber de obrigar o governo federal reative leitos de UTI para tratamento de Covid-19 desativados desde o início de 2021 nos estados de São Paulo, do Maranhão e da Bahia é o primeiro dos sinais de que, apesar da sua inércia e do negacionismo que segue mesmo depois das 255 mil mortes com que terminaremos este mês de fevereiro, Jair Bolsonaro será atropelado pelos fatos.

O lockdown “cosmético” que vem sendo feito – em graus variáveis – por alguns governos estaduais e, mais fortemente, por várias prefeituras vão se impor.

Na tarde de hoje, 16 estados têm mais de 80% de ocupação de leitos de UTI, o que é, na pratica, a lotação total, por conta da disponibilidade de equipes e pelo tempo de desocupação de leitos (por alta ou óbito). Estes índices que você vê acima de 90% querem dizer que já há pacientes que à espera de que leitos possam ser reutilizados. O infectologista Jamal Suleiman, do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo, diz que uma taxa de ocupação acima de 90% já “é o colapso”.

Não vai adiantar Jair Bolsonaro republicar vídeos de donos de comerciantes do Distrito Federal reclamando dos limites impostos pelo governador (bolsonarista, aliás) Ibaneis Rocha se Brasília tem 97% dos leitos de terapia intensiva. Mesmo cedendo em algumas áreas, a progressão da doença vai empurrá-lo – como logo fará a João Doria – para restringir mais.

Adiantaria se estivesse tomando medidas para financiar ou suspender no curto prazo o pagamento de dívidas de financiamentos , parte do valor aluguéis comerciais até certo valor, dilatação dos prazos de pagamento de tributos.

Mas não está fazendo isso e continua na tentativa que parece ser perdida de “compensar” com cortes nos serviços públicos a adoção, que não pode mais ser retardada, da volta do auxílio emergencial.

E jogar nos governadores a culpa por uma situação na qual o país não tem comando.

PS. Horrível, as mortes deste sábado, é o pior registro para este dia da semana desde que começou a pandemia: 721 óbitos, elevando a média de sete dias para 1.205, também a maior já anotada.

Tijolaço.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

ÀS VÉSPERAS DO COLAPSO, POR FERNANDO BRITO

Ainda não saíram os números, mas os registros de alguns estados já permite dizer que vamos, outra vez, superar com folga marca de 1.400 mortes pelos efeitos do novo coronavírus, fazendo desta a pior semana desde o início da pandemia, passando da casa dos 8 mil óbitos.

Os sinais de colapso estão aparecendo por toda a parte: nos estados do Sul, onde a lotação das UTI esgotou-se, no grande ABC paulista, na Bahia, na região do Triângulo Mineiro, por toda a parte o que é relatado pelas autoridades sanitárias é uma situação que se aproxima do caótico.

E não é só no “andar de baixo”, não, pois o Estadão anota que “Com avanço da covid, hospitais privados de elite em SP registram taxa de ocupação superior a 90%“.

Não há nenhuma reação do governo central do país, a não ser a de tornar mais problemática a vacinação no Amazonas, o polo mais dramático da pandemia, por um erro bisonho de trocar as doses pelas do Amapá, embora até visualmente o tamanho das embalagens – uma com 78 mil doses e outra com apenas duas mil – seja totalmente diferente.

Jair Bolsonaro está mais preocupado colocar um militar para cuidar também da Secretaria de Comunicação, o Almirante Flávio Rocha.

Está se tornando inevitável uma nova paralisação das atividades econômicas e estamos discutindo a blindagem de deputados através da “Emenda Brucutu“.

Ninguém parece dar qualquer importância para a calamidade humanitária que tomou conta do Brasil.

PS. Enquanto escrevia, saíram os dados das Secretarias de Saúde: 1.540 mortes, a segunda maior marca desde o início da pandemia. A média móvel, que coloco na ilustração, repetiu o recorde de ontem e subiu ainda mais: 1.541 em 24 horas, média semanal de 1.149.

Tijolaço.