Se
há algum momento em que Eduardo Pazuello foi claro em sua passagem pelo
Ministério da Saúde foi naquele vídeo onde, ao lado de Jair Bolsonaro, resumiu
seu papel no cargo: “um manda, o outro obedece”.
Agora,
quando o presidente tenta dar a aparência de um “cavalo-de-pau” em sua política
negacionista no enfrentamento da pandemia, o obediente general é sangrado em
praça pública.
Embora
tenha todo o merecimento necessário a isso, a “execução” sem honras do ministro
– e perder estes galões o atira, inapelavelmente, ao cadafalso judicial – é só
a porta de entrada de uma nova temporada de problemas para Bolsonaro.
A
cardiologista Ludhmilla Abrahão Hajjar – que tem o aval público do Centrão –
tem, com certeza, bem claro o exemplo do sucessor de Luiz Mandetta, que tentou
contemporizar a medicina com a estupidez de Jair Bolsonaro e acabou por deixar
o ministério menos de um mês depois de assumir.
Suas
afirmações sobre a ineficácia da cloroquina são públicas e fortes e estão
expostas na entrevista que deu à Folha de S. Paulo, em abril do ano passado:
Tanto a cloroquina como a azitromicina podem induzir essa arritmia [cardíaca]. A associação das duas torna-se isso ainda mais possível.(…)Eu jamais adotaria hoje a cloroquina na forma leve, de forma preventiva, sem ter evidência cientifica. Eu não mudaria a prática clínica baseada só em experiência. Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é.
Dificilmente,
claro, a possível ministra vá desdizer-se para contemporizar com Bolsonaro, que
ainda esta semana recorreu à “prova” empírica do uso da cloroquina nos
funcionários do Planalto para reafirmar a crença que ele transformou em milhões
de comprimidos que apodrecem nos armazéns do Ministério.
Mas
Ludhmilla tem uma pedra no caminho maior que um comprimido de cloroquina: a sua live, gentil
e simpática, com a ex-presidenta Dilma Rousseff, que está sendo reproduzida
furiosamente nas redes pelos bolsonaristas.
Manda,
portanto, a boa prudência que se guarde certo tempo antes de considerar sua
escolha definitiva.
Até
porque, nesta história de “um manda o outro obedece”, Jair Bolsonaro talvez não
queira ficar com o segundo papel.
Ou
ele vai sair fazendo “autocrítica” do que diz a sua possível ministra sobre a
sua atuação na pandemia?
Tijolaço.
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