Claro
que carregado de “maldades”, como todas as propostas de alterações na
Constituição que tivemos desde o início do período Temer – em matéria de
economia, Bolsonaro é sua mera extensão – o pacote que libera recursos para o
pagamento de uma nova etapa de auxílios emergenciais não tem nem a sobra do
poder que teve, em 2020, para turbinar a claudicante atividade econômica brasileira.
A
começar pelo valor que injetará na economia: R$ 44 bilhões, menos de 15% dos R$
300 bilhões que sua versão anterior colocou em circulação. A intenção de Paulo
Guedes, aliás, é conter o auxílio em volume ainda menor: R$ 30 a 40 bilhões.
A
partir de abril, apenas, é que alguma reação no consumo poderá ser sentida,
ainda que o processo inflacionário trabalhe, em direção contrária, para uma
retração nas compras, como já é possível observar pela perda de dinamismo do
setor de supermercados.
Mas
a principal diferença será no campo da política.
O
auxílio de 2020 criou uma base de apoio a Bolsonaro jamais sonhada entre as
parcelas mais pobres da população, embora na classe média tenha perdido algo,
pela condução estúpida da crise nacional.
Como,
para aumentar a base eleitoral do auxílio, não se mudou, a princípio, os
critérios de habilitação dos beneficiários, vai ser difícil que ele se
concentre apenas nas parcelas que ocupam o subsolo da pirâmide de distribuição
de renda no país, como ocorre com o Bolsa Família. Aumentar a clientela, porém,
vai reduzir o efeito e o que se vai ter é a repercussão mais fraca do que a que
teve, no final do ano, a redução de valor do auxílio.
Por
isso o “picadinho” de 150 reais para os “sozinhos”, esta estranha condição.
Como,
outra vez, o auxílio não tem natureza estruturante, a popularidade gerada pelo
auxílio será, como aquela, fugaz.
Dois
meses bastaram para que Jair Bolsonaro, daqueles momentos de “glória”, baixasse
para os números que a Pesquisa do Idec – ex-Ibope – que você vê no gráfico.
Comparado
com a última pesquisa Ibope, feita pela Confederação Nacional da Indústria, a
aprovação ( bom+ ótimo) cai de 35% para 28%, enquanto a reprovação (ruim+péssimo)
sobe de 33% para 39%.
E
leve em conta que, quando foi realizada, na penúltima semana de fevereiro, a
pesquisa ainda não reflete o que tivemos de agravamento da crise pandêmica nas
duas últimas semanas.
Não
há nada no horizonte econômico brasileiro que induza a pensar que tenhamos como
sair para um período de crescimento, mesmo em níveis medíocres como os que
tivemos no governo temer e no primeiro ano de Bolsonaro.
Estagnação,
hoje, já é otimismo.
Tijolaço.
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