Nas
vésperas de assinar a autorização para o pagamento do novo – e reduzido –
auxílio-emergencial , Jair Bolsonaro criticou, falando ao cercadinho de
apoiadores que o bajula na entrada e na saída do Palácio da Alvorada, programas
de distribuição de renda: “Quanto mais gente vivendo de favor de Estado, mais dominado
fica este povo“.
O
mesmo sujeito que diz não serão dominados os que tiverem dez ou vinte mil reais
para comprar as armas que ele liberou para quem pode.
Felizmente,
Bolsonaro não tem razão e os R$ 250 reais que serão pagos a trinta ou quarenta
milhões de brasileiros não farão deles gente dominada por quem lhe dá, de má
vontade, o mínimo que as pessoas precisam para comprar uma humilde “mistura”
para dar aos filhos.
É
curiosa a visão desta gente que acha que o investimento do Estado nos pobres é
“favor”.
Nas
suas contas, talvez, também seja”favor” o gasto com a saúde pública, que
consome cinco vezes mais que o auxílio emergencial que vai ser pago, no total
de R$ 44 bilhões?
E
é “favor” o gasto com educação, quatro vezes maior que o auxílio?
Não
parece ser mais “favor” do que dar, ainda que precárias, saúde e educação ao
povão, assegurar a qualquer brasileiro ter, ao menos, feijão e farinha para
sossegar o choro dos pequenos e silenciar os roncos do próprio estômago.
É
por isso que o auxílio emergencial não vai deixar traços na alma do povão,
aquela onde a dignidade sobrevive debaixo de toda a humilhação que tem de
suportar.
Não
tem o sentido de direito, de reconhecimento de uma igualdade mínima, ao menos
no direito de sobreviver.
Mas
é da natureza do canalha só ver nos outros aquilo que ele próprio faz.
Quem
há mais de 30 anos se tornou um parasita e criou filhos como larvas, que foram
se nutrindo do tecido estatal, acha mesmo que todos são assim.
Tijolaço.
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