terça-feira, 16 de novembro de 2021

A PEC DOS PRECATÓRIOS “CABE TUDO”. FERNANDO BRITO

Nem foi aprovada – e não será aprovada tão rápida e generosamente como sonha o governo – a PEC dos Precatórios é usada pelo governo Bolsonaro como “mãe de todas as bondades”.

Diz que é ela que permitirá o pagamento do auxílio, o reajuste dos aposentados e, agora, o “reajuste geral” do funcionalismo. “A todos os servidores federais, sem exceção”, prometeu Bolsonaro e isso, claro, inclui os que tem os melhores salários e mais pesam no custo de pessoal.

Como a folha de pagamentos da União roda em torno de R$ 330 bilhões – nos 3 Poderes – um reajuste de 10% ( que nem repõe as perdas inflacionários) dá R$ 33 bilhões de despesa extra, um terço do que seria liberado pela PEC. E não estava na conta.

E vá somando: emendas parlamentares, vale-diesel, vale-gás, dobrar as vagas dos concursos para a Polícia Federal e para a Polícia Rodoviária Federal e…vai vendo, Brasil…

Está evidente que a PEC não é para abrir espaços para gastos assistenciais indispensáveis aos brasileiros, mas para abrir os cofres públicos à reeleição de Bolsonaro.

A pergunta, porém, é se pagar um auxílio e uma parte das pessoas levadas à pobreza e até à fome, ou dar um pequeno reajuste a funcionários que tiveram anos de corrosão em seus vencimentos serão o bastante para dar votos a quem é responsável por esta situação.

Bolsonaro, no apagar das luzes do seu mandato, comporta-se como um Sílvio Santos naquele “Quem quer dinheiro”, prometendo mundo se fundos – de despesa permanente – com um saldo de precatórios que, além de menor que o gasto, é pontual e transitório.

É óbvio que isso não vai dar certo, embora a natureza das despesas seja correta, em grande parte.

É que o método para realiza-las é torpe e fraudulento, como são as razões para fazê-lo.

A fantasia de um “Bolsonaro Papai Noel”, trazendo presentes pelo teto tem tudo para não convencer ninguém.

Tijolaço.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A SEGUNDA VIA FAJUTA DO BOLSONARISMO, FERNANDO BRITO

Coube ao colunista Bernardo de Mello Franco, em O Globo, produzir a melhor definição do que se começa a assistir: o lançamento da candidatura de Sergio Moro é a “segunda via” do bolsonarismo que se perdeu na atuação desastrosa do atual presidente, que o ex-juiz de Curitiba ajudou a eleger e a quem foi pressurosamente servir.

Sim, Moro é isso, um candidato que só aparece como algo relevante porque Jair Bolsonaro vem, como dizia a minha avó, se desmiliguindo ao ponto de a Folha registrar, hoje, que ele “enfrenta debandada de aliados em estados onde é rejeitado“.

E estes estados são “apenas” 20 entre as 27 unidades da federação onde os que os rejeitam superam a soma entre os que os apoiam e os que lhe são indiferentes. Como os bolsonaristas “raiz” tendem a votar em candidatos com seu apoio aberto, isso é um veto para candidatos a cargos majoritários – governador e senador – e um peneira para os proporcionais: fanático só vota em fanático.

Bolsonaro, a esta altura, tem uma arma. Duas, se você considerá-las assim: um par de notas de guará, os R$ 400 do auxílio que pretende instituir para um quinto das famílias brasileiras.

Isso, porém, não responde à classe média que foi o carro-chefe do bolsonarismo, desde sempre.

Este é o flanco por onde tenta entrar o ex-juiz de Curitiba, Como diz Mello Franco,” além de mirar a classe média antipetista, Moro buscou seduzir empresários e banqueiros que perderam o encanto com Paulo Guedes. Prometeu austeridade, reformas e privatizações. Recitou chavões a favor do empreendedorismo e da livre iniciativa.”

Moro tenta ser o Bolsonaro “limpinho e cheiroso” – ainda que limpeza e cheiro bom já não exalem da Lava Jato.

E ele sabe disso, tanto que foca sua campanha no antipetismo e não no antibolsonarrismo.

Para isso, porém, depende de que Bolsonaro siga – e mais rápido, na sua trajetória de erosão e, para freá-la, as duas notas de guará são sua aposta essencial.

Desbotada, rota, rasgada, a identidade da direita brasileira, como diz o colunista, procura em Moro a sua segunda via.

Que, entretanto, traz a cara de Bolsonaro como sua marca d’água, a mostrá-la fajuta.

Tijolaço.

domingo, 14 de novembro de 2021

BOLSONARO CHANTAGEIA O PL E ADIA FILIAÇÃO, POR FERNANDO BRITO

O Brasil é um país tão surreal que a gente acaba tendo que, uma vez ou outra, a gente tem de dar razão até à Janaína Paschoal, que, outro dia, disse a acreditar num “abandono ao pé do altar” de Jair Bolsonaro em seu “casamento” – expressão dele – com o Partido Liberal, de Waldemar Costa Neto, marcado para o dia 22.

Pois não é que foi “adiado” o casório? E, provavelmente, porque o “noivo” exigiu como dote algo que a “noiva” não quis entregar, ao menos não de imediato e espontaneamente.

Pois Bolsonaro, que nunca teve tradição partidária exige, com seu “cacife” presidencial, ter completo controle sobre as candidaturas aos governos estaduais e ao Senado, como ele próprio já declarou.

O PL, com seu pragmatismo eleitoral, tem acordos que antecedem o interesse do ex-capitão em utilizá-lo como “barriga de aluguel”, como sempre tratou os partidos, muitos, por onde andou.

Quando era um mero deputado do baixo clero, insignificantemente “folclórico”, isso não tinha importância.

Agora, que enfrentará uma eleição polarizada, importam muito para quem não quer ser identificado como candidato do Bolsonaro, até porque sabe que os candidatos que se servirão dos votos dos fanáticos são os que vierem a acompanhá-lo na filiação partidária.

O provável é que Waldemar Costa Neto ceda e acabe se desfazendo dos renitentes ao bolsonarismo e aceite lançar peças fracas como “candidatos do Mito”.

Fosse outra a personalidade do atual presidente, Costa Neto até poderia ter mais medo de perder o controle da legenda – algo que conservou mesmo quando estava cumprindo pena na Papuda.

Mas não é o caso: Bolsonaro não tem pretensões de formar partido, nem bancada, nem amigos. A prova é que conseguiu racha o partido que alugou em 2018 – um dia o telefone do falecido Gustavo Bebianno vai falar – e perdeu metade dele, em pouco tempo, e nem levou adiante o tal “Aliança 38”, no qual juntou com mais facilidade cartuchos de bala do que filiados.

Tijolaço!

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

ALCKMIN E LULA: ACORDO NÃO PRECISA SER ELEITORAL PARA SER BOM. POR FERNANDO BRITO

A reação do ex-governador Geraldo Alckmin, dizendo ” diferenças intransponíveis com Lula” e que política precisa ser feita com civilidade e com quem tem apreço pela democracia é uma acontecimento positivo, goste-se ou não do tucano e de sua orientação política.

Não quer dizer, é claro, que seja, ao menos neste momento, viável uma aliança eleitoral, ou ainda uma chapa que os reúna.

Mas Alckmin reconheça-se, não esteve entre aqueles tucanos aos quais o antipetismo levou ao crime de apoiarem Jair Bolsonaro e que hoje posam de “oposicionistas” ao governo federal e amargou, quase sozinho, as agruras do adesismo do PSDB ao ex-capitão, com cenas como todos lembram da traição de sua cria.

Não creio em desdobramentos mais próximos deste gesto, como a formação de uma chapa conjunta, mas é extremamente positivo para Lula contar, senão com a neutralidade, ao menos com uma postura civilizada como a de Alckmin na dura disputa pelos votos de São Paulo.

E se for, eventualmente, eleito para o governo paulista – seja qual for o partido para onde vá – fará uma bancada e terá a influência que dá o Palácio dos Bandeirantes que podem jogar, em favor da estabilidade de um governo Lula.

Aos que reagem com espanto, é bom lembrar em que condições assumirá o novo governo, antes de sair chutando baldes.

Alckmin está tendo uma atitude corajosa e digna, pois sabe que entre seus apoiadores também é chocante a ideia de uma relação de cooperação com o PT e com Lula.

A eleição, aliás, vem se configurando mais como uma disputa para ver quem será o “anti-Lula” por, ao menos de boca, anti-Bolsonaro todos dizem que são.

A postura civilizada do ex-governador ajuda a quebrar – e justo em São Paulo, o maior eleitorado do país – esta mistificação da direita.

Abriu-se mais um caminho de diálogo para Lula e ele não deixará de aproveitá-lo, como é dever de quem tem de pensar em derrotar Bolsonaro.

Tijolaço.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

“ESTA DIREITA É PEQUENA DEMAIS PARA NÓS DOIS”. POR FERNANDO BRITO

A candidatura Sérgio Moro é nada mais, nada menos, que a tentativa de um “Bolsonaro- Parte 2”.

É, como o original, o discurso da antipolítica.

Apresenta-se como o “puro” contra os “sujos”, o “justiceiro” que vai criar uma “Corte Nacional Anticorrupção”, que não é senão um tribunal de exceção. o que não mereceu, estranhamente, críticas do mundo jurídico.

Até porque, uma “corte nacional” seria a antítese do sistema hierárquico de Justiça, porque usurparia as funções do Superior Tribunal de Justiça e do próprio Supremo Tribunal de Justiça.

Não é diferente nas promessas contra a crise econômica, contra a qual promete – parece ironia – uma “Força Tarefa”, um mau agouro para alguém que , na Justiça, transformou, indevidamente, ao na destruição de empresas, embora aos empresários corruptos tenham sido preservadas as fortunas.

A rigor, a plataforma de Moro, com mais gramática, é exatamente a mesma com que Bolsonaro se apresentou, três anos atrás.

A essência é igual: são o policialismo e a repressão as armas do bem-estar social, não o desenvolvimento nem a distribuição de renda, transformados em “esquerdismo”.

Moro é a farsa do novo bolsonarismo, mas que se repete como tragédia.

Disputam o mesmo território e, por isso, não avançam.

É por isso que este blog insiste em que Moro tem uma importância apenas lateral no processo eleitoral.

A grande mídia até pode testar sua capacidade de surgir como “3ª Via”, mas com poucas chances de sucesso.

Moro é tão ruim quanto Bolsonaro, mas Bolsonaro é melhor que ele em fazer da maldade a sua bandeira.

O problema deles, ao seres pistoleiros, é aquele dos filmes de bangbang antigos.

“Esta direita é pequena demais para nós dois”.

Tijolaço.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A ‘BOCA’ DA LAVA JATO ERA RICA E ENRIQUECIA. POR FERNANDO BRITO

O dinheiro que o Tribunal de Contas da União mandou que os procuradores da Lava Jato de Curitiba devolvessem aos cofres públicos ,por diárias falsas recebidas ao longo de toda a operação é, em grande parte, resultado da atuação do corajoso jornalista Marcelo Auler, que denuncia, desde 2017, a farra de passagens e diárias a que os membros do Ministério Público se entregaram à custa do dinheiro público.

Só de janeiro a agosto daquele ano, informou, quase meio milhão de reais de diárias foram pagos a vários procuradores que. embora residissem na capital paranaense recebiam como se estivessem “em viagem”.

Fazem parte do grupo Antonio Carlos Welter, Carlos Fernando dos Santos Lima, Januário Paludo, Orlando Martello Junior, e Diogo Castor de Mattos, aquele que foi demitido por ter se valido de um “laranja” para custear um outdoor de promoção da trupe.

Deltan Dalagnol e Rodrigo Janot, que aceitaram montar um esquema de favorecimento dos colegas.

No caso de Deltan, porém, há igual farra de outra maneira, que ainda não teria sido avaliada pelo TCU. Deltan é de Curitiba, mas percorria o Brasil com passagens subsidiadas pelo Erário, para fazer proselitismo por todas as partes do Brasil e até do exterior.

A turma de Moro, em alguns casos, teve diárias em torno de R$ 500 mil, cada, fora as passagens durante a suposta investigação.

A teimosia de Marcelo Auler, escavando e insistindo no tema, enquanto a grande imprensa tratava a Força Tarefa como deuses da moral. Que, como se vê, é imoral.

Tijolaço.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

GASOLINA SOBE MAIS E CHEGA AOS 8 REAIS. POR FERNANDO BRITO

O dado é de sexta-feira e, portanto, já subiu, com certeza.

O preço da gasolina, no estado onde custa mais caro, o Rio Grande do Sul, chegou aos 8 reais. Se querem precisão, a R$ 7,999, como naquelas ofertas em que, psicologicamente, o 999 evita subir um real.

A inflação de outubro, que o IBGE divulga depois de amanhã, já “contratou 1% e, pouco mais, pouco menos, vai nos levar à casa dos 10,5% ao ano.

Este aumento no preço médio, de R$ 6,71, significa um acréscimo de 2,25% na semana passada e já é combustível para a inflação de novembro.

O diesel subiu no mesmo (2,45%) ficando em média de R$ 5,339.

E não vai parar por aí, porque vêm mais reajustes (e para cima) ,com o dólar seguindo entre R$ 5,50 e R$ 5,60 e o petróleo, no mercado internacional, acima de 80 dólares o barril.

Tijolaço.

RECESSÃO COM ELEIÇÃO E DESEMPREGO, POR FERNANDO BRITO

Análises e notícias da economia deste domingo têm um só tom: a previsão de dificuldades econômicas para 2022.

Situação fiscal e crise fazem investidor externo sair do Brasil, diz o Estadão em manchete, narrando a decadência do Brasil no ranking dos destinos de investimentos externos.

Ruim no financeiro, preocupante no comercial, pois a balança comercial teve o pior resultado desde 2015, mesmo com o dólar nas alturas.

Bolsonaro deixa deterioração econômica como herança para próximo presidente, constata (o óbvio) a Folha de S. Paulo, na manchete dominical.

A crise vai ser o tempero do ano eleitoral de 2022 e ninguém mais duvida disso.

Para Bolsonaro, a esperança é que o “Auxílio Brasil” o salve da maldição dos pobres. Muito difícil, porque ainda não se sabe seu alcance e possivelmente será menos amplo que o auxílio-emergencial que terminou.

Para Lula, é o recall do tempo de prosperidade vivido em seu governo, que lhe dá imensa vantagem na faixa de renda mais baixa.

Ciro e Moro terão de partir para o espetáculo: o primeiro, exibindo o “folheto” de seu Plano Nacional de Desenvolvimento, vago e abstrato e o segundo dizendo que a culpa da crise é a corrupção, um bordão que se desgastou com os anos.

É aí que se dará a disputa: o resto é perfumaria.

Os favoritos, Lula e Bolsonaro, já mostraram que são duros na queda: o primeiro resistindo a cinco anos de acusações e quase dois anos encarcerado por Sergio Moro. O segundo, que com todos os fracassos e ridículos, consegue manter seu núcleo de eleitores, tanto os simplórios quantos os fanáticos.

Daí um quadro eleitoral que, pesquisa após pesquisa, não se move, com o favoritismo de Lula, a presença forte de Bolsonaro e as migalhas dos demais.

Teremos uma eleição com recessão e os exemplos de 2002 e 2014, embora com resultados diferentes, deram o mesmo papel: a fraqueza do governismo.

Tijolaço.

sábado, 6 de novembro de 2021

CORONEL LIRA, O SUPER-CUNHA DA CÂMARA. POR FERNANDO BRITO

A recusa do presidente da Câmara, Arthur Lira, em fornecer a lista dos deputados que votaram a PEC dos Precatórios sem estarem em plenário ou mesmo sem estar no país é daquelas coisas absurdas que achávamos ter deixado para trás nos sertões dos anos 30, com a eleição a bico de pena.

É lógico que, se mantida por ele, vai cair de imediato no Judiciário, tamanho o absurdo que é ser um procedimento obrigatório o registro de ausência em função de missão oficial que, portanto, é pública .

Exigir, como se fez à Folha de S.Paulo, um recurso à Lei de Acesso à Informação, sobretudo numa votação que é nominal, aberta, é um disparate autoritário que não tem qualquer justificativa.

Ontem, começou a cair essa monstruosa manipulação, mediante o pagamento de emendas anônimas, dita de relator – um deputado afirmou que pagava-se, assim, R$ 15 milhões por voto.

Aliás, é este o destino de perto de um terço do excedente orçamentário, além de irrigar o Fundo Eleitoral e a prorrogação da desoneração da folha e pagamentos das empresas de 17 setores da economia.

Hoje, essa novidade em centenas de anos de parlamento: o voto-bagagem, o que viaja junto com o parlamentar.

Arthur Lira vai se convertendo num Eduardo Cunha, com aquela história do “sou apenas o usufrutuário” das contas no exterior.

No caso de Lira, votos no exterior.

Tijolaço.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

DECISÃO DE ROSA WEBER TRAVA PEC DOS PRECATÓRIOS NA CÂMARA, POR FERNANDO BRITO

O segundo turno da votação da PEC dos Precatórios não deve mais ocorrer na terça-feira, como previa fazer o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Esta é a mais imediata consequência da decisão de Rosa Weber suspendendo a execução das emendas de relator – o “orçamento secreto” da República.

É simples: ela paralisou as liberações de verbas que atenderiam os deputados “convencidos” a votar com o governo.

Talvez por mais tempo, se algum dos ministros pedir vistas ou destaque, neste caso levando ao julgamento presencial, é possível dizer que a decisão de Rosa Weber seguirá em vigor até o final do ano, a menos que Luiz Fux, pressuroso como é em relação aos interesses do governo, lance mão de algum recurso “antecipatório” de uma decisão de plenário que acelere sua apreciação.

Em termos práticos, impede que Arthur Lira, que não é o relator, mas é o “dono do relator”, possa usar as liberações de emendas como moeda de troca nas votações da Câmara.

Segunda-feira, a repercussão no mercado financeiro será forte, porque a decisão implica na descida a zero da capacidade do Governo e de Lira legislarem, porque é através desta “câmara de compensação de emendas” que têm a maioria para decidir.

Tijolaço.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

‘SUSPENSÃO’ DE CANDIDATURA É CONVERSA PARA BOI DORMIR, CIRO. POR FERNANDO BRITO

Não é crível que a liderança da bancada do PDT na Câmara tenha fechado um acordo com o governo e Arthur Lira sem o conhecimento do presidente do partido, Carlos Lupi, ou do seu futuro candidato a presidente, Ciro Gomes.

Faz tempo que inventaram o telefone, a internet e, pelo menos, os aplicativos de mensagem. Nem um zap, mesmo se tratando de uma decisão crucial para o governo do qual o partido é oposição?

Por isso, não dá para levar muito a sério esta história de que Ciro vai “suspender” sua candidatura. O que é “suspender” uma candidatura extra-oficial e sem os mecanismos próprios de comunicação de uma campanha (rádio, tv, impressos, material de campanha em geral).

Não é nada, senão uma frase de efeito para os tolos, porque nem mesmo vai se trancar em casa e não fazer visitas, palestras, entrevistas e tudo o mais que, nesta fase, é “campanha”.

Diz que fica “suspenso” até que os meninos governistas que emporcalharam o PDT mudem de ideia e, na votação de segundo turno, “votem direitinho” e passem na “segunda época”.

Além de inverossímil, a explicação de Ciro, se for verdadeira, indica uma completa incapacidade política de agregar e dirigir. Como não saber que algo tão grave está se passando dentro de uma bancada de apenas 25 deputados, dos quais 21 estiveram na votação e 15 aderiram a Bolsonaro?

Mesmo que pretenda, não vai “consertar” o governismo de mais da metade dos deputados de sua base. Brizola, a quem repugnaria uma atitude destas do partido que criou e organizou nacionalmente lembrava sempre do dito gaúcho de que “cachorro que comeu ovelha não tem mais jeito.

Pois é, deputado que comeu emenda também não.

Aliás, vejam que vergonha as bancadas dos outros candidatos da 3ª via: governismo escancarado.

Tijolaço.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

MORO CHEGA PARA NÃO MUDAR NADA, FERNANDO BRITO

 

A nova pesquisa XP/Ipespe é apenas a confirmação de que o cenário eleitoral segue se cristalizando.

A possível entrada de Sérgio Moro na disputa presidencial não alterou, praticamente, o quadro de preferências e o ex-juiz tem, até agora, números decepcionantes: 2% na pesquisa espontânea (Lula, 31%; Bolsonaro, 24% e Ciro, 3%) e meros 8% na estimulada, onde os nomes são apresentados ao entrevistado (Lula, 41%; Bolsonaro, 25% e Ciro, 9%).

Num hipotético segundo turno contra Lula, o ex-herói nacional tem 34% e o ex-presidente 52%, o maior percentual que alcança em qualquer confronto direto com outro candidato. Em votos válidos, isso é 61,5% contra 38,5%. É apenas um pouco maior do que percentagem que Bolsonaro consegue, num confronto direto com Lula (36% x 64% nos votos válidos, com 50% x 32% nos votos totais).

Francamente, falar que um potencial candidato como Lula, ao chegar a mais de 60% dos votos válidos em qualquer confronto possível em segundo turno é ridículo, porque não há na história brasileira candidatura que ultrapasse em muito a marca de 60% dos eleitores que escolhem um candidato.

Mais ainda, quando todos sabem – exceto os fanáticos do governismo – que haverá um agravamento da crise econômica que, é claro, aumenta a tendência a que se busquem candidaturas que ofereçam a esperança de uma situação de estabilidade que, mais que qualquer outro, é Lula quem desperta.

Mesmo que a eventual ascensão de uma candidatura de Moro a presidente – se vier a se confirmar – o que acontecerá é um “troca-troca” de votos entre ele e Bolsonaro e os demais candidatos da chamada “Terceira Via”.

E não há nenhum sinal de que a ordem das parcelas vá alterar o produto.

Tijolaço.

sábado, 30 de outubro de 2021

COMO SE PORTA UM BOBO PERDIDO NA CORTE, POR FERNANDO BRITO

“Perdidão” após a sair do auditório onde suportou a reunião da cúpula do G-20, em Roma, Jair Bolsonaro saiu foi procurar alguém que estivesse tão isolado quanto ele e achou.

Intrometeu-se na conversa entre o social democrata Olaf Scholz, favorito para ocupar o lugar de Ângela Merkel como premiê da Alemanha, e Recep Erdogan, presidente da Turquia ( pessoa de quem os governantes europeus procuram manter distância), ignorando o alemão, que ele, leigo em relações internacionais, nem sabia quem era.

Com o turco, foi ver se com “colava” a história de que “a economia [está] voltando bem forte”, que ele [Bolsonaro] tem um grande apoio popular, mas que “a mídia, como sempre, [o está] atacando.

Quando Erdogan lembrou que o Brasil possuía muito petróleo e perguntou pela Petrobras, o sem-noção aproveitou para desancar a principal empresa brasileira, dizendo, com ar desolado, que ela “é um problema” e que há muita reação à quebra de monopólios, embora não se saiba, infelizmente, de alguma reação mais forte a isso.

E, de quebra, fez questão de dizer, como se isso fosse agradar Erdogan, que enfrentou enormes dificuldades políticas com o poderoso exército turco, que, no Brasil, “um terço dos ministros [é de] militares profissionais”.

O presidente turco, nas imagens gravadas pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, não demonstra qualquer simpatia a Bolsonaro e nem mesmo chega a mover o rosto ao ouvir as palavras do “Mito”, terminando a conversa “sem qualquer entusiasmo”, descreve o correspondente.

É impressionante o despreparo e a falta de jeito de Bolsonaro como chefe de Estado. Confunde a promoção do Brasil com a sua própria e não sabe sequer do que tratar. Por exemplo, da crise cambial que atinge violentamente os dois países neste momento.

Mas já acabou a parte chata da viagem de Bolsonaro, agora é só turismo.

Tijolaço.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

BOLSONARO NÃO FAZ SÓ CAMPANHA. TAMBÉM FAZ TURISMO. POR FERNANDO BRITO

Se Jair Bolsonaro fosse um homem de sentimentos, bem se poderia dizer que sua visita à Itália pudesse ser dedicada a um “turismo sentimental”, para visitar a pequena vila de onde saiu, há 130 anos, seu bisavô paterno Vittorio Bolzonaro e uma passagem pelo Monumento de Pistóia, onde estiveram enterrados os corpos dos pracinhas brasileiros mortos na 2ª Guerra Mundial, há muito trasladados para o Brasil, onde repousam, desde 1960, junto ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Da única agenda oficial que tem, quase nada se sabe: não se tem os registros das reuniões de amanhã do G-20, grupo dos países mais poderosos do mundo que, em tese, prepararia a Cúpula do Clima, que começa segunda-feira em Glasgow, na Escócia. Para lá, Bolsonaro não vai, segundo o seu vice, general Hamílton Mourão, para que não lhe joguem pedras.

Embora tenha sido outra coisa, esterco, o que jogaram às portas da prefeitura da vila de Anguillara Veneta, de apenas 4 mil habitantes e uma prefeita de extrema direita que resolveu homenagear o presidente brasileiro.

La dolce vita de Bolsonaro em Roma incluiu comer salame e um passeio ao lado de Carluxo pelo centro histórico de Roma e à famosa Fontana di Trevi.

Certamente, a cena não foi nada semelhante à do La Dolce Vita de Federico Fellini, onde a linda Anita Ekberg entra nas águas e convida Marcello Mastroianni a entrar também. Bolsonaro evitou qualquer encanto: nem a tradicionalíssima moeda jogou à fonte, como fazem milhares de visitantes, desejando voltar à cidade eterna.

Tijolaço.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

LIRA NÃO TEM NÚMERO E ADIA PEC DOS PRECATÓRIOS. POR FERNANDO BRITO

Os votos obtidos nos requerimentos de retirada de pauta e de quebra de interstício regimental (prazo para uma matéria poder ser levada a plenário), menores que 260 votos levaram o presidente da Câmara a não colocar em votação a PEC dos Precatórios e, junto com ela, da quebra do “teto de gastos” constitucional.

Como precisa de 308 votos, era mais que temerário colocar a proposta em votação, faltando 50 votos para o mínimo para sua aprovação.

Possível, é. Mas não será fácil e véspera de feriadão não alardeia presença maior do que os 430 presentes ao plenário hoje.

É a segundo dia consecutivo em que Lira foge de colocar o texto em discussão e não é preciso ser nenhuma raposa política para ver que há uma sinalização de que a emenda constitucional não passa, salvo de for feita um imensa pressão sobre os parlamentares, o que não parece ser possível a esta altura.

Mesmo que a aprove por uma minoria muito tímida, isso vai repercutir no Senado, onde a situação do governismo é pior.

Sem ter um número seguro para a aprovação Lira insistirá em colocar a PEC em votação? Se o fizer, devolve a batata em chamas para Paulo Guedes: de onde tirar o dinheiro para o auxilio emergencial?

Há espaço, sim, mas isso deixaria o Governo sem espaço para as bondades eleitorais que planeja para 2022.

Há uma semana dava-se com o favas contadas a aprovação da pedalada dos precatórios na Câmara que, agora, tem possibilidades modestas de ser alcançada.

Não há duvida que é o cenário eleitoral que vai corroendo a fidelidade da base governista, porque a primeira lei humana – concedamos esta condição a nossos parlamentares – é sobreviver.

Tijolaço.