Coube
ao colunista Bernardo de Mello Franco, em O Globo, produzir a melhor definição do que se começa a
assistir: o lançamento da candidatura de Sergio Moro é a “segunda via” do
bolsonarismo que se perdeu na atuação desastrosa do atual presidente, que o
ex-juiz de Curitiba ajudou a eleger e a quem foi pressurosamente servir.
Sim,
Moro é isso, um candidato que só aparece como algo relevante porque Jair
Bolsonaro vem, como dizia a minha avó, se desmiliguindo ao ponto de a Folha registrar,
hoje, que ele “enfrenta debandada de aliados em estados onde é rejeitado“.
E
estes estados são “apenas” 20 entre as 27 unidades da federação onde os que os
rejeitam superam a soma entre os que os apoiam e os que lhe são indiferentes.
Como os bolsonaristas “raiz” tendem a votar em candidatos com seu apoio aberto,
isso é um veto para candidatos a cargos majoritários – governador e senador – e
um peneira para os proporcionais: fanático só vota em fanático.
Bolsonaro,
a esta altura, tem uma arma. Duas, se você considerá-las assim: um par de notas
de guará, os R$ 400 do auxílio que pretende instituir para um quinto das
famílias brasileiras.
Isso,
porém, não responde à classe média que foi o carro-chefe do bolsonarismo, desde
sempre.
Este
é o flanco por onde tenta entrar o ex-juiz de Curitiba, Como diz Mello Franco,”
além de mirar a classe média antipetista, Moro buscou seduzir empresários e
banqueiros que perderam o encanto com Paulo Guedes. Prometeu austeridade,
reformas e privatizações. Recitou chavões a favor do empreendedorismo e da
livre iniciativa.”
Moro
tenta ser o Bolsonaro “limpinho e cheiroso” – ainda que limpeza e cheiro bom já
não exalem da Lava Jato.
E
ele sabe disso, tanto que foca sua campanha no antipetismo e não no antibolsonarrismo.
Para
isso, porém, depende de que Bolsonaro siga – e mais rápido, na sua trajetória
de erosão e, para freá-la, as duas notas de guará são sua aposta essencial.
Desbotada,
rota, rasgada, a identidade da direita brasileira, como diz o colunista,
procura em Moro a sua segunda via.
Que,
entretanto, traz a cara de Bolsonaro como sua marca d’água, a mostrá-la fajuta.
Tijolaço.
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