Preso
por suspeita de obstrução de Justiça, o advogado Willer Tomaz enviou uma carta
à Folha de S. Paulo relatando a "armação" de Joesley Batista, da JBS,
para produzir provas e fechar um acordo de delação premiada com a Lava
Jato.
"Me
deparei com a absurda armadilha engendrara pelos delatores Joesley e Francisco
que, desvirtuando os fatos ocorridos, rifaram a mim e ao procurador Angelo como
moeda de troca para obterem premiadíssimos benefícios de colaboração",
escreveu o advogado.
Folha
não divulgou a íntegra da carta de Willer, mas destacou trechos que ajudam o
advogado a colocar em xeque a legalidade da delação - situação que interessa ao
governo Michel Temer, também delatado por Joesley.
Segundo
o jornal, Willer acusa Joesley e o diretor da JBS Francisco Assis e Silva de
terem preparado uma "armadilha" para entregar o advogado e um
procurador da República à Lava Jato, em troca da delação.
O
procudador é Angelo Goulart Villela, que também tem negado os crimes imputados
a ele pela força-tarefa, e promete falar a respeito à CPI da JBS, na Câmara.
Na
carta, Willer nega que tenha repassado ao procurador, que também está preso,
cerca de R$ 50 mil, como acusam os delatores.
O
advogado admite, contudo, que recebeu do procurador uma gravação da delação
premiada do empresário Mário Celso Lopes e mostrou a Joesley. A cena em que o
sócio da JBS toma conhecimento da delação foi gravada por ele e entregue como
prova de que Willer e o procurador vazaram informação da operação Greenfield.
Mário
é ex-sócio e inimigo da JBS e, de acordo com Willer, o procurador só entregou a
fita do depoimento para mostra que Joesley deveria pensar em fazer uma delação
premiada também. O advogado disse à Folha que esse modus operandi é praxe na
Lava Jato, ou seja, outros procuradores teriam mostrado depoimentos a empresários
investigados como modo de coagi-los a delatar.
Folha
disse que teve acesso à gravação, na qual Mário e procurador da Lava Jato
negociam o que o empresário iria receber em troca de denunciar os ilícitos da
JBS.
"Tomaz
contesta a versão dos delatores. Diz que não há prova a corroborar o repasse de
propina [ao procurador], que não tentou poupar ninguém de delação e que, ao
contrário do que afirmou Janot, ele próprio intermediava uma conversa entre
Villela [o procurador] e a JBS com vistas a fecharem delação", publicou.
Willer
dá a seguinte explicação para Joesley ter escolhido entregar o procurador: isso
agradaria Janot porque Villela supostamente defendia a escolha de Raquel Dodge
para a Procuradoria Geral da República.
O
advogado ainda disse que foi incentivado pela JBS a procurador Villela para
negociar a delação da empresa sobre possível corrupção envolvendo a Eldorado
Celulose e o FI-FGTS.
Nesta
semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes questionou as
condições em que as provas da JBS foram colhidas. Ele referia-se especialmente
à gravação de Joesley com Temer, onde o presidente aparece possivelmente dando
aval à compra de silêncio de Eduardo Cunha.
Na
mesma gravação, Joesley diz a Temer que tem conseguido frear as investigações
contra a JBS com a ajuda de um juiz e um membro do Ministério Público.
Do
GGN
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