
Ontem,
Moro tentou seduzir Renato Duque concedendo-lhe o benefício de redução de pena.
Desde que, claro, o ex-diretor da Petrobras ‘colabore’. Em português atual:
delate.
Renato
Duque tem 13 processos nas costas e se somadas todas as suas condenações
totalizam 62 anos e 11 meses de prisão. O juiz Sergio Moro concedeu que Duque
possa sair após cumprir cinco anos em regime fechado e devolver € 20,6 milhões
(aproximadamente R$ 75 milhões).
Tudo
muito bonito, afinal de contas se Joesley Batista saiu completamente livre de
qualquer condenação por ‘colaborar’ com a Justiça, fazer alguém pagar pelo
menos 5 anos é melhor que nada, certo?
Errado.
Moro
não pode fazer isso. Juiz nenhum pode negociar delações, elas são
responsabilidade do Ministério Público. “Ao juiz cabe apenas aferir se o acordo
não violou nenhuma lei”, afirma Gustavo Badaró, professor de direito da USP.
Nesse
caso especificamente, quem violou a lei, foi Sergio Moro.
“A
lei veda que o juiz tome qualquer parte no acordo de colaboração. Ao oferecer
um incentivo, ele violou esse vedação legal”, completou o professor. Renato
Duque ainda não fechou o acordo de delação com o MP. Isso vem se arrastando há
meses.
Moro
mais um vez agiu de forma nebulosa sobre suas intenções. Mas agradou a defesa
de Renato de Duque que agora acredita poder reduzir ainda mais a pena.
“Foi
muito bom para ele, mas queremos mais e seguimos lutando”, disse Antônio
Figueiredo Basto, advogado de Renato Duque.
O
Ministério Público Federal informou que vai recorrer da concessão do benefício
sentenciada por Sergio Moro feita conjuntamente com a condenação de Antonio
Palocci.
No
mesmo dia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou mensagem a
colegas do Ministério Público Federal:
“Num
regime democrático, ninguém está acima da lei ou fora de seu alcance, cuja
transgressão requer o pleno funcionamento das instituições para buscar as
devidas responsabilidades”, escreveu Janot em razão de ter oferecido denuncia
no Supremo Tribunal Federal contra Michel Temer, pelo crime de corrupção
passiva praticado em pleno exercício do mandato (segundo Janot os R$ 500 mil da
famosa mala eram de Temer).
O
recado, no entanto, bem que poderia ser destinado ao juiz Sergio Moro que anda
conseguindo a proeza de perder até admiradores por conta de suas atitudes não
condizentes com o cargo.
“O
juiz não tem que se meter em delação. O acordo é uma negociação entre o
Ministério Público ou a polícia e o investigado”, declarou Gilson Dipp,
ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, e que já foi da legião de
apoiadores de Moro.
Mas
Sergio Moro não era o destinatário da mensagem de Janot e continua achando-se
acima das leis e cometendo transgressões como grampear conversas sem
autorização ou seduzir um acusado para que faça a delação. No mês passado, em
depoimento, Renato Duque disse a Moro que Lula ‘conhecia e comandava tudo’.
Lula é o objetivo máximo de Moro e ele não poupa esforços.
Num
país tropical em que alguém como Jair Bolsonaro aparece em segundo lugar nas
pesquisas para presidente, não espanta que um juiz fique acima das nuvens.
Sergio
Moro não é juiz. É um cabo eleitoral que trabalha para ver Lula fora da disputa
no ano que vem.
DCM
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