quinta-feira, 11 de junho de 2020

PAÍS ARDE E BOLSONARO MANDA INVADIR HOSPITAIS E VER SE TEM PACIENTES, POR FERNANDO BRITO

O criminoso que ocupa a presidência da República – se o Brasil ainda tivesse um Ministério Público – estaria agora preso em flagrante por incitação ao crime.
Pela internet, insuflou seus seguidores a invadir hospitais para verificar se, de fato, ali existem doentes ou se os leitos estão ocupados ou se se está “inventando” pacientes da pandemia.
“[Se] Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”, disse o presidente, registra a Folha.
Como é que alguém, em meio a uma epidemia mortal, vai entrar clandestinamente num hospital, contaminando e sendo contaminado?
Se amanhã um dos debilóides que o segue entrar imundo numa UTI, de celular em punho e babujando pela boca, vai poder alegar que está seguindo ordens presidenciais?
O que será que Bolsonaro acharia se pessoas invadissem a UTI onde estava sendo operado para verificar se a facada do Adélio era fake ou não? Pode?
Isso é crime contra a saúde pública, cominado no Código Penal e tem de ser, imediatamente, objeto de ação pena.
Difícil não descer ao nível de canalhice deste sujeito, que em outras épocas levaria uma bofetada.
Se os bem-pagos promotores públicos, fiscais da lei, não se mexem, talvez isso venha a ser necessário.
Do Tijolaço

terça-feira, 9 de junho de 2020

SÉRGIO MORO O CAVALEIRO DA HIPOCRISIA, POR FERNANDO BRITO

Não é para qualquer um, não.
Ser chamado de “hipócrita” no The New York Times é realmente algo no padrão Sergio Moro, como acontece hoje, num artigo de Gaspard Estrada, diretor executivo do Observatório Político para a América Latina e o Caribe da Universidade Sciences Po, em Paris.
Para ele, Moro meteu-se num “terreno pantanoso” ao deixar o governo Bolsonaro e passar a atacar o presidente, mas na sua “mudança repentina do ministro estelar de Bolsonaro para seu perseguidor, há um paradoxo de que os brasileiros não devem perder de vista”:
“em 2017, como autoridade do judiciário, Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua frase se tornou popular : ” A lei é para todos .” Mas quando as informações foram divulgadas mais tarde sobre como o ex-juiz manipulou os mecanismos de denúncia compensada e que ocultou evidências do processo no Supremo Tribunal Federal – ele sentenciou Lula da Silva por ” atos indeterminados de ofício ” com a aprovação do tribunal. do recurso de Porto Alegre, que considerou que a operação Lava Jato “ não precisa seguir regras processuais comuns ” -, ficou evidente que para ele a lei não é a mesma para todos.”
Estrada diz que Moro é hipócrita, por ter dado cobertura – “usou sua influência política” – a Bolsonaro em investigações sobre seu governo, “perdoou” o caixa-dois de Ônyx Lorenzoni ede ficar “calado diante de vários ultrajes democráticos” da administração federal:
Agora que deixou o governo, Moro redescobriu os benefícios do estado de direito e a liberdade de imprensa que ele contribuiu para colocar em risco. Não devemos esquecer isso.
Hoje, a democracia brasileira está em perigo . Embora Moro tenha feito a coisa certa renunciando e denunciando possíveis violações da lei do presidente, o sistema de justiça brasileiro deve julgar as investigações de seus métodos como juiz e ministro o mais rápido possível.
hipocrisia de Moro é tão flagrante que salta aos olhos de todos.
Do Tijolaço

SÃO PAULO QUANTO MAIS SE ABRE PORTAS MAIS SE MORE, POR FERNANDO BRITO

A cada rasgo de imprudência dos governantes paulistas, vem um castigo: um novo recorde de mortes.
Anuncia-se para amanhã a reabertura do comércio de rua e, no dia seguinte, a dos shoppings.
E anuncia-se hoje que o Estado teve 334 vidas perdidas para o vírus, o que eleva o total de vítimas fatais em São Paulo para 9.522, o suficiente para colocar o território paulista, se fosse um país, em 9° lugar em número de mortes no mundo.
Em número de casos, os agora registrados por lá já colocam os 44 milhões de paulistas em pé de igualdade com os 67 milhões de franceses: 150 mil.
Foram 5.545 novos casos o que, com a taxa de mortalidade de 6,4% que tem o Estado, projetam, para adiante, 355 mortes.
Que, naturalmente, podem ser assunto de comentários durante um passeio pelos corredores dos shoppings, reabertos para a alegria da classe média.
Do Tijolaço

segunda-feira, 8 de junho de 2020

BOLSONARO EM ESTADO DE DESAGREGAÇÃO, POR FERNANDO BRITO

Jair Bolsonaro, até os cegos e os ingleses podem ver, é um perigo real para a democracia brasileira, tanto que o “mercadistas” do Financial Times reconhecem, em editorial, que há preocupação “com o fato de Bolsonaro estar tentando provocar uma crise entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para justificar a intervenção militar”.
Mas também é evidente que seu poder para fazer isso está minguando e se reduzindo ao grupo de generais que, sabujamente, acham que ele pode ser o “cavalo de Tróia” para uma tomada de poder, à qual falta projeto, viabilidade política e aceitação internacional.
Os atos de hoje mostram que o poder de mobilização de uma classe média histérica por parte de Bolsonaro minguou até níveis próximos de zero, quando ficou inviável a ação coordenada de sua rede de fake news.
Afora incidentes típicos de provocadores ao final de manifestações, os atos democráticos de hoje mostraram uma situação que tem tudo para se expandir e alastrar-se fortemente, apesar da interdição da rua durante a pandemia.
E que o bolsonarismo se encolhe a uma dúzia de fanáticos selvagens e não tem força para dar apoio político a um golpe bem-sucedido e passa a depender, exclusivamente, de um “pronunciamento” militar sem causas que se possam alegar serem feitas contra a insurreição popular.
Os militares que não estão agarrados ao projeto bolsonarista estão vendo a instituição a ser transformada em mero coadjuvante do desejo de poder do presidente.
E o preço desta adesão é mais que a inação diante do cenário de morte e de dor do país, mas a sua criminosa negação.
Tomara que a hesitação causada pela possibilidade concreta de tornar-se cúmplice de um genocídio epidêmico faça refluir os militares de uma cumplicidade também no assassinato da democracia.
Estamos às portas de um desastre humanitário, que não poupará quem negá-lo, como fez com o bolsonarista que estava na iminência de assumir um alto posto no Ministério da Saúde para negar as mortes evidentes.
Por mais desqualificada que seja a camada militar que aderiu a Bolsonaro, a situação das Forças Armadas não permite, a esta altura, para assegurar-se que elas vão mergulhar numa aventura irresponsável.
Sem elas, Bolsonaro entra num restado de deterioração que não tem saída.
Do Tijolaço.

NOVA ZELÂNDIA CONSEGUE ERRADICAR CORONAVÍRUS E SUSPENDE RESTRIÇÕES DE DISTANCIAMENTO SOCIAL

A Nova Zelândia suspendeu todas as restrições sociais e econômicas, exceto os controles de fronteira, depois de declarar nesta segunda-feira que estava livre do coronavírus, um dos primeiros países do mundo a voltar à normalidade pré-pandêmica. Ressalta-se que a população da Nova Zelândia é de aproximadamente 4,9 milhões de habitantes, segundo estimativas de 2018.
Com o fim das restrições, os eventos públicos e privados, indústrias de varejo e hospitalidade e todo o transporte público foram autorizados a retomar seu funcionamento sem as regras de distanciamento ainda existentes em grande parte do mundo.
"Embora o trabalho não esteja concluído, não há como negar que este é um marco... Obrigada, Nova Zelândia", disse a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, em coletiva de imprensa, acrescentando que dançou de alegria com a notícia.
"Estamos confiantes de que eliminamos a transmissão do vírus na Nova Zelândia por enquanto, mas a eliminação não é acaso, é um esforço sustentado".
Os aproximados cinco milhões de pessoas da Nova Zelândia estão emergindo da pandemia, enquanto grandes economias como Brasil, Reino Unido, Índia e Estados Unidos continuam a lidar com a disseminação do vírus.
Os 75 dias de restrições na Nova Zelândia incluíram cerca de sete semanas de uma quarentena rígida, na qual a maioria das empresas foi fechada e todos, exceto trabalhadores essenciais, tiveram que ficar em casa.
"Hoje, 75 dias depois, estamos prontos", afirmou Ardern, anunciando que as restrições de distanciamento social terminariam à meia-noite.
Ardern disse que fez uma "pequena dança" quando lhe disseram que não havia mais casos ativos de Covid-19 na Nova Zelândia, surpreendendo sua filha de 2 anos, Neve.
"Ela foi pega um pouco de surpresa e se juntou a mim, sem ter absolutamente nenhuma ideia de por que eu estava dançando pela sala".
A Nova Zelândia registrou 1.154 infecções e 22 mortes por Covid-19 desde que o vírus chegou no final de fevereiro.
Ardern prometeu eliminar, não apenas conter, o vírus, o que significava interromper a transmissão por duas semanas após o último caso conhecido receber alta. Por enquanto, todos que entrarem no país continuarão sendo testados e colocados em quarentena.
Mesmo assim, o governo precisará mostrar que pode reviver a economia, que deverá afundar em recessão.
Os partidos de oposição criticaram a decisão de Ardern de manter as restrições por tanto tempo.
"Precisamos avançar com cautela aqui. Ninguém quer prejudicar os ganhos que a Nova Zelândia obteve", disse a premiê.
Reuters

sábado, 6 de junho de 2020

NOVA ORDEM NA SAÚDE: OS MORTOS SÃO UM MITO, POR FERNANDO BRITO

Sabe aquelas centenas de covas cavadas, à espera de corpos? Ou os caixões sendo amontoados em valas abertas com escavadeiras? As pessoas chorando seus parentes mortos? As câmaras frigoríficas? As UTI lotadas de pessoas respirando por ventilação mecânica?
É tudo mentira, diz o governo.
Carlos Wizard, o bilionário dono de cursinhos de inglês e de redes das fast food que assumiu o cargo de homem da ciência no Ministério da Saúde, em meio à explosão de novos casos e mortes, anuncia a sua prioridade: a “recontagem” dos mortos, porque, segundo ele, “o número que temos hoje está fantasioso ou manipulado”. É o que conta Bela Megale, em O Globo:
—Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos.
A origem da suspeita? “A pasta tem convicção que o número de mortos no Brasil seria menor que o divulgado até agora”, apesar, segundo os melhores, não ter provas. Convicção independe de provas, já “ensinava” a Lava Jato.
Disse ontem aqui que, pior do que a manipulação de números – tão inócua quanto a tentada por Marcello Crivella no Rio, “sumindo” com os mortos que não tinham Covid-19 escrita no atestado de óbito, de resto algo impossível pois as pessoas morriam antes de terem resultados para os testes, que só ficavam prontos dias depois – era a destruição dos sistemas de estatísticas de Saúde, que constituem um dos principais elementos para a definição de políticas sanitárias.
É isso o que está em curso, para além da monstruosidade desta gente que acha que o sofrimento de centenas de milhares de família é uma fraude, armada por gente que teria a cabeça doente que eles têm.
Terra plana, complô biológico comunista, mortos falsos, caixões vazios, nada disso é diferente das “mamadeira de piroca” e das criancinhas sendo “treinadas para serem gays” com que esta gente -, com a cumplicidade de uma mídia odiosa, usou para chegar ao poder e, lá, implantar seu obscurantismo medieval.
Para eles, a realidade é como um cadáver: enterra-se e pronto, logo será esquecida.
Esta gente, é preciso que se diga, é criminosa. Como estamos numa guerra para sobreviver, são criminosos de guerra, pois.
Um dia este país voltará a ter gente que lhes aponte com o dedo o caminho dos tribunais e as faça pagar pelo fato de serem os coveiros de dezena de milhares de brasileiros.
Existiram, viveram, foram pais, mães, irmãos, avós, filhos, cuja memória não pode ser enterrada e se dissolver, como seus corpos. Quem esconde a realidade é cúmplice de suas mortes e, como tal, deve pagar pelo que fez.
Do Tijolaço

sexta-feira, 5 de junho de 2020

O VÍRUS DA CENSURA É O DA DOENÇA DA MENTIRA, POR FERNANDO BRITO

Renato Souza, do Correio Braziliense, confirma o que já era voz corrente: o atraso para após as 22 horas do anúncio oficial do Ministério da Saúde sobre o número de casos de Covid-19 e das mortes por ele causadas foi ordem expressa de Jair Bolsonaro, já dada há tempos e só atendida agora, depois de implantada a gestão militar do órgão:
A estratégia da Presidência é evitar que os dados estejam disponíveis no horário dos telejornais noturnos, período em que as televisões têm maior audiência, pois muitos dos brasileiros estão em casa. Mesmo sem anúncio oficial, a ordem foi dada para que os dados sejam enviados à imprensa apenas no final da noite, mesmo que estejam prontos às 19 horas.
A intenção de atrasar a divulgação dos dados existe desde a gestão do ex-ministro Luís Henrique Mandetta. No entanto, à época, o titular da pasta se recusou a acatar a ordem alegando que geraria forte impacto na resposta a pandemia.
Trata-se, é óbvio, de uma tentativa de aplicar à informação a regra do do “morrer é o destino de todos” fazendo a população não se dar conta de que temos, hoje, seis tragédias de Brumadinho a cada 24 horas e, pelo número de casos, as que virão dentro de poucos dias.
Como disse ontem, se a realidade é ruim, demita-se a realidade.
É claro que isso não produz nenhum resultado, senão o de piorar a situação com a perda de uma atitude prudente por parte da população, cujos índices de isolamento, ontem, chegaram ao menos nível desde o início deste pesadelo e, com isso, agravar a população.
Ao ponto de fazer o “padrinho” Donald Trump citar hoje o Brasil (e a Suécia, que Bolsonaro cita como exemplo de sucesso) como referências de quantas mortes as políticas de semi-isolamento feitas nos EUA – e ausentes aqui – evitaram mais de um milhão de mortes.
Quando Trump, que coleta os resultados de um morticínio sem tamanho no seu país critica o desempenho de um governo é sinal que, para além do que ele produziu, o desastre por aqui pode ser muito maior do que aqueles que pensamos nos cenários de maior horror.
Do Tijolaço

quinta-feira, 4 de junho de 2020

COM 1/4 DOS NOVOS CASOS DE COVID-19 E OS PILATOS QUEREM ABRIR TUDO, POR FERNANDO BRITO

Parece que pouca gente neste país está fazendo ideia do crime que está sendo cometido contra o povo brasileiro.
Seja qual for a hora em que o Ministério da Saúde divulgar os números de vítimas, hoje à noite, teremos chegado a 600 mil pessoas contaminadas e ficar em torno de 34 mil mortos nos igualando à Itália em óbitos e passando, assim, a ficar em terceiro lugar em perda de vidas, pois o segundo em perdas de vidas já somos há vários dias.
Ontem, dos 121 mil casos novos da doença registrados no mundo, corresponderam a brasileiros quase um quarto das vítimas.
Mas são se escuta aqui abrir, abrir tudo.
Até as escolas já falam em reabrir, sem ter qualquer ideia de até onde se pode chegar.
Em São Paulo e no Rio, libera-se os camelôs e, boa parte do comércio das periferias já está aberta, a meia-porta ou escancarado.
Um país sem governo, permitam o pleonasmo, vira um país desgovernado e, portanto, no rumo de um desastre imenso.
Hoje, na cobertura da Globonews, um jovem jornalista disse que aos jornalistas não cabe dizer se o relaxamento das poucas medidas restritivas seria correto ou não, mas apenas “ouvir especialistas”.
Desculpe, rapaz, mas aos jornalistas coube dizer se a abolição da escravatura “era correta”, se os desejos de igualdade da Revolução Francesa “eram corretos”, se os direitos dos seres humanos deviam ser respeitados…
Falta apenas erigir Pilatos como o patrono da “neutralidade”.
De que adianta invocar a ciência se, na prática, ficarmos indiferentes à morte de milhares de brasileiros?
Do Tijolaço

quarta-feira, 3 de junho de 2020

O PACTO NACIONAL, A PONTE PARA O FUTURO, E A RESISTÊNCIA DE LULA, POR LUIS NASSIF

Para que o grande pacto se concretize, Rodrigo Maia precisaria dar provas robustas de que, qualquer proposta de reforma, tenha participação de sindicatos e movimentos sociais. E, do lado do PT e Lula, demonstrações de que não se furtarão a discutir reformas necessárias, modernizantes, mas sem perder o foco na proteção social e na garantia dos direitos fundamentais.
A Lava Jato foi uma operação com clara conotação ideológica. Investiu contra o PT, não contra o PSDB. Quebrou as empreiteiras, não as instituições financeiras envolvidas em corrupção – como o BTG, com participação mais intensa que a própria Odebrecht. As empreiteiras eram as beneficiárias da visão desenvolvimentista de Dilma; as instituições beneficiárias da visão financeira de país. Foi esse viés político que determinou o destino de ambas as empresas. Os porta-vozes da Lava Jato sempre prestaram reverência ao mercado e à abertura total da economia.
O impeachment teve como objetivo não apenas tirar Dilma Rousseff, mas principalmente revogar os direitos previstos na Constituição de 1988. Michel Temer e Eduardo Cunha assumiram cavalgando a tal “Ponte para o Futuro”, com a missão principal de quebrar as pernas dos sindicatos. Antes do impeachment, acenou-se para a própria Dilma salvar o mandato endossando os princípios da Ponte. A Ponte foi o grande guarda-chuva divisor: quem se abrigou debaixo dela foi poupado; quem ficou de fora, se ensopou.
No Supremo Tribunal Federal (STF), os Ministros mais ideológicos – como Luis Roberto Barroso – empunharam a bandeira da financeirização selvagem e saíram rodando a baiana em palestras para empresas e instituições financeiras endossando as barbaridades estatísticas de Flávio Rocha. Ou seja, aceitaram os chefes do esquema político mais corrupto da época – Temer e Cunha – em nome da Ponte para o Futuro. Seguraram Cunha até que as reformas estivessem sob controle. Só então mandaram para a cadeia. A denúncia da JBS foi um acidente de percurso. Passado o momento, a releitura da mídia é que os diálogos gravados não indicavam intenção de crime, mesmo com a menção de Temer a seu intermediário, e o intermediário saindo do encontro com uma maleta de dinheiro. Foi o único caso que mereceu a indulgência do conterrâneo Luiz Edson Fachin.
Depois, endossaram a candidatura de Jair Bolsonaro, mediante o aval Paulo Guedes, da continuidade da desmontagem selvagem dos direitos sociais e trabalhistas.
Por tudo isso, qualquer iniciativa de pacto social tem que contemplar, se for politicamente honesta, os setores sociais e trabalhistas.
É evidente que mudanças no mercado de trabalho e nas formas de produção exigem uma revisão da legislação trabalhista e da própria função dos sindicatos. Assim como a questão da Previdência pública impõe-se não apenas na União, mas principalmente nos Estados.
Mas é evidente também que, com as tecnologias eliminadoras de emprego, tirar as centrais sindicais e as associações representativas dos funcionários públicos das discussões será um fator de desequilíbrio com profundas implicações sobre a paz social e o próprio mercado de consumo – como, aliás, ficou exposto de maneira dramática pela pandemia. Assim como ficou exposta a irracionalidade dos cortes indiscriminados de gastos públicos e da demonização generalizante do funcionário público. A Ponte para o Futuro foi de uma simplificação irresponsável.
Critique-se Lula pela dificuldade em se posicionar no atual jogo político e definir uma estratégia mais abrangente de resistência a Bolsonaro. Mas pretender que assine um cheque em branco para propostas genéricas de pacto social seria uma prova de ingenuidade inédita.
Para que o grande pacto se concretize, Rodrigo Maia precisaria dar provas robustas de que, qualquer proposta de reforma, tenha participação de sindicatos e movimentos sociais. E, do lado do PT e Lula, demonstrações de que não se furtarão a discutir reformas necessárias, modernizantes, mas sem perder o foco na proteção social e na garantia dos direitos fundamentais.
Do GGN

terça-feira, 2 de junho de 2020

MORRE O BURITIENSE VESPA DO DOMICIANO AOS 78 ANOS

Morre em Buriti VESPASIANO DURO DE OLIVEIRA NETO, o VESPA como era conhecido por todos, contava com 78 anos de idade, tinha a saúde debilitada, por outra epidemia, a da diabetes que hoje também grassa nesse pais, já havia amputado uma perna, andava de cadeiras de rodas por conta disto, e nesta tarde a situação se agravou por ter se contaminado pela COVID - 19, vindo a passar mal, no que fora internado na famosa Clinica de Buriti, onde veio a óbito por volta das 22:00 horas de hoje, 02 de junho.
Como seguem as recomendações das autoridades sanitárias de saúde, não haverá velório, terá solenidade ultra-restrita aos poucos familiares que estão acompanhado o caso, será sepultado imediatamente, no cemitério do Alto da Moderação, em razão da falta de espaço no principal campo santo da cidade, o São José.
Vespa era da Barra do Domiciano, localidade com o mesmo nome de seu pai, povoado buritiense que fica a norte, ao migrar para Buriti se profissionalizou em alfaiataria, ofício que trabalhou por muitos anos, com o minguar da demanda, por competição das roupas prontas, Vespa muda de ramo e passa a vender redes para dormir, comércio que desenvolveu por um bom período, hoje era aposentado.
O seu Vespa era um cidadão correto e trabalhador, prestou relevantes serviços à comunidade buritiense, criou seus filhos com o suor do seu rosto.  Por fim cumpriu com galhardia a sua missão na terra junto aos seus conterrâneos, agora passa da vida terrena para a celestial, deixa esposa, filhos e netos.  
É com grande pesar, que o editor deste veículo de comunicação vem, por meio da presente, lamentar a morte do seu VESPA, e prestar a nossa solidariedade à família, amigos e a comunidade buritiense. Que Deus conforte os corações de seus familiares, e lhe receba de braços abertos.  
 Reginaldo Veríssimo

A CAVALGADA DA MORTE NÃO É O DESTINO DE UM PAÍS, POR FERNANDO BRITO

Nosso país jamais teve uma camada tão fria e insensível de gente sobre a Nação, seja no governo, seja na elite dirigente.
Estamos mandando as pessoas para a rua, de maneira indiscriminada – onde é que vão funcionar medidas de distanciamento que estão sendo postas abaixo? – e mandando pessoas para as covas.
São 1.262 de ontem para hoje, será que isso não acende todas as luzes de emergência?
“Lamento todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, diz o presidente deste infeliz país diante desta carnificina, que não vai parar, porque a sua causa, todos os dias, atinge 30 mil pessoas, que acabarão por dar 2 mil corpos diários a mais para esta desgraça.
Não, isso não merece o seu “chega, acabou, porra!”
Não provoca a sua indignação, não interrompe sua cavalgada do Apocalipse, montado, como no Livro, num “cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia (Apocalipse 6:8).
E a esse monstro, quando muito, reage-se com miados, com beletrismo, com manifestos que sequer são capazes de dizer: fora, vá-se, não conspurque mais a vida brasileira, não faça este país ser a pátria da morte, da dor, do sofrimento.
Não, não é uma fatalidade inevitável: há 60 vezes menos mortos na Argentina, há cem vezes menos no Paraguai e no Uruguai, e não é com a maldita cloroquina que o assassino vai buscar com seu “mestre” que capitaneia um massacre ainda em maior escala.
Há a chance de frear este massacre se não fizermos tudo o que estamos fazendo, ao dizer que não se pode mais manter fechados shoppings e academias, que parecem ser a razão deste país existir.
Mas talvez o mereçamos, mesmo, porque aqui parecem ter desaparecido os homens capazes de gritar, de protestar, de atirar à face dos que mandam seus irmãos para a morte o nome e o estigma que merecem carregar: o de assassinos.
Do Tijolaço

segunda-feira, 1 de junho de 2020

XADREZ DA CASSAÇÃO DE BOLSONARO E A INCÓGNITA MILITAR, POR LUIS NASSIF

O relevante é que parece ter caído a ficha geral do risco da prorrogação do governo Bolsonaro. Não há acordo possível. E não há empate. O STF e o Tribunal Superior Eleitoral têm que pagar para ver.
Peça 1 – o desmonte da ordem pós-Segunda Guerra
Até os anos 80, o comportamento militar brasileiro era previsível. Havia dois grupos principais. Um deles, de alinhamento com os Estados Unidos, processo acelerado iniciado na Segunda Guerra e tendo como expoentes o grupo da Sorbonne – liderado intelectualmente por Golbery do Couto e Silva. Havia um segundo grupo, ligado genericamente à chamada linha dura, ao qual pertenceram, em épocas diferentes, Arthur da Costa e Silva, Garrastazu Médici. E um grupo egresso do tenentismo dos anos 30, tendo como líder o último dos tenentes, Ernesto Geisel.
O primeiro grupo era defensor do mercado, do alinhamento automático com os Estados Unidos. O terceiro grupo apostava em um projeto nacional fincado na industrialização. E o segundo grupo era pragmático: queria o poder.
Como pano de fundo, havia a excepcional influência americana, presente no domínio sobre o multilateralismo do pós-guerra, no alinhamento com forças militares de todo o mundo e um discurso fincado na guerra fria, tendo o comunismo como o grande adversário da democracia apud EUA.
Peça 2 – as mudanças globais
A partir dos anos 80, houve mudanças substanciais na geopolítica norte-americana. A parceria com governos militares virou alvo de críticas contundentes, após as denúncias de tortura e práticas antidemocráticas. A partir de então, mudam o foco e passam a trabalhar o Judiciário dos diversos países.
Mais recentemente, o avanço das redes sociais colocou um ingrediente novo no jogo, ao permitir o exercício da chamada guerra híbrida. A desorganização do mercado de opinião, o protagonismo dos setores do Judiciário denunciando os vícios do modelo democrático e do financiamento de campanha, a indignação com a concentração de renda, abriram espaço para o renascimento da ultradireita antiglobalista em nível mundial. A inimiga da democracia passa a ser, então, a ultradireita, não mais o comunismo.
Esse movimento leva ao poder dos EUA Donald Trump, justamente na fase mais decisiva da história moderna dos EUA. Houve uma completa perda de rumo nas estratégias internacionais dos EUA. E, agora, com as eleições, poderá emergir um país completamente diverso daquele liderado por Trump.
Peça 3 – o elefante e os sete cegos
Tudo isso impactou o pensamento militar, e a uma perda ampla de referenciais. Afinal, o que pensam os militares brasileiros?
Antigamente, os Clubes Militares refetiam as divisões nas Forças Armadas. E essas divisões se davam apenas entre o oficialato. Havia. Grupo pró-americano, liderado por Eduardo Gomes, Juarez Távora. Na outra ponta, o grupo nacionalista liderado por Stillac Leal, Horta Barbosa, os Cardoso (pai e tio de Fernando Henrique Cardoso). Ambos com posições ideológicas e políticas bastante claras.
Hoje em dia, há confusão total. De um lado, a absoluta falta de projeto nacional pelas Forças Armadas. A rigor, os únicos grupos que pensam estrategicamente a questão da segurança nacional são os Institutos Militares – mas sem eco nos centros de poder militar.
Ao lado disso, há um novo espaço de discussões dos escalões inferiores. No pré-64, o conceito de hierarquia foi abalado pelo fantasma da sindicalização de soldados, cabos e sargentos. Cabo Anselmo foi o agente infiltrado que, com seus fake News, ajudava a incendiar os escalões superiores, acelerando a adesão ao golpe militar.
Hoje em dia, a opinião da base se consolida através das redes sociais e de grupos de WhatsApp.
Por outro lado, o trabalho de desmoralização da política, empreendido pela Lava Jato, com aval do Supremo, abriu um vácuo de poder que, em determinado momento, foi ocupado pelo Ministério Público Federal. Duas ações nefastas endossaram a ascensão de Bolsonaro e, com ela, a contaminação política do poder militar. Do lado da Justiça, a Lava Jato; do lado das Forças Armadas, o general Villas Boas.
Hoje em dia, a questão militar é uma incógnita. Lembra a fábula do elefante e os 7 cegos. Cada jornalista traz as impressões que colhe junto aos militares que conhece, e atribui as declarações a um genérico “os militares”. E há as chamadas vivandeiras, pretendendo definir as manifestações na Paulista como meras brigas de torcida, que justificariam a intervenção militar.
Peça 4 – A incógnita militar e os poderes
Pelos ecos da cobertura de Brasília, percebe-se três níveis de posição entre os militares.
O Alto Comando parece preocupado com a imagem da instituição. E entendendo o estrago causado pela aproximação com um Presidente desastroso e temerário como Bolsonaro. A indignação com o vazamento do vídeo da reunião de 22 de abril foi devido ao fato de expor a humilhante subordinação dos ministros militares ao comando constrangedor de Bolsonaro.
Há o grupo dos interessados, dos dois mli e tantos  militares, muitos da ativa, convocados para cargos no governo. E os herdeiros da guerra fria, como esse inacreditável general Alberto Heleno.
As reportagens de Brasília refletem, em geral, opiniões de um desses três grupos. Mas não trazem o todo. Como são as discussões internas entre essas posições? Quais as pressões de lado a lado? Até que ponto o Alto Comando vai aceitar a defesa da Constituição que, de alguma forma, prejudique o protagonismo recente das Forças Armadas, que as fizeram merecedoras de benesses nas reformas da Previdência e nos cargos públicos?
É essa falta de informação que segura a cassação da chapa Bolsonaro.
Ontem, no editorial “Os democratas precisam conversar” O Globo comprovou a influencia da incógnita militar. Propôs uma grande frente nacional em defesa da democracia, como ocorreu após o impeachment de Collor. Ótimo! Conclamou todos os setores democráticos, da esquerda moderada à direita moderada para um pacto nacional. Maravilha! Denunciou o método chavista de Bolsonaro, de cooptar militares, muitos da ativa, para compromete-los com seu projeto de poder. Verdade! E encerrou com a verdadeira quadratura do círculo: “Esta via política não deve excluir Bolsonaro, que, por sua vez, precisa fazer um gesto pelo entendimento, a melhor alternativa também para ele e seu governo”.
É o chamado prego sobre vinil.
No Supremo Tribunal Federal, o Ministro Alexandre de Moraes aposta que Bolsonaro blefa ao invocar o apoio militar. Já Dias Toffoli e Celso de Mello temem a ascensão do fascismo.  Mas, independentemente do maior ou menor receio, sabe-se que o enfrentamento será inevitável.
Para Gilmar Mendes, o mais relevante, no momento, é desconstruir, junto ao Alto Comando das Forças Armadas, o discurso bolsonarista de que as decisões do Supremo, como a autonomia dos estados para decidirem sobre o isolamento, é inconstitucional; desconstruir a tese absurda de Ives Gandra de que o artigo 142 da Constituição conferiu às Forças Armadas o poder de defender a Presidência contra outros poderes; e rechear o inquérito 141, de Alexandre de Morais, com provas definitivas e irrefutáveis.
Enquanto isto, o receio dos Ministros é, em algum momento, um grupo de milicianos tentar invadir o Supremo e a Polícia não agir para contê-los.
Peça 5 – sem empate
O relevante é que parece ter caído a ficha geral do risco da prorrogação do governo Bolsonaro. Não há acordo possível. E não há empate. O STF e o Tribunal Superior Eleitoral têm que pagar para ver.
Há dois resultados possíveisO primeiro é as Forças Armadas respeitarem a Constituição e acatarem as determinações do Supremo. Nesse caso, encerra-se o drama brasileiro através do TSE e abre-se o espaço para um governo de transição comandado por Rodrigo Maia.
Se as Forças Armadas endossarem Bolsonaro, então não há o que discutir. Apenas se anteciparia um golpe inevitável.
Seja qual for a visão dos Ministros, há uma ampla solidariedade a Alexandre de Morais. E a convicção de que, nessa guerra entre a democracia e a barbárie, não há espaço para empate.
Do GGN

NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DO COMERCIANTE BURITIENSE ALMIR RAPOSA AOS 66 ANOS

O editor do TUBINEWS.COM vem, por meio desta nota, lamentar a morte aos 66 anos de ALMIR ARAÚJO DE SOUSA, mais conhecido pelo apelido familiar acrescido ao prenome de ALMIR RAPOSA, um comerciante prestativo, boa praça, amigo de todos, e prestar a nossa solidariedade à família, amigos e a comunidade buritiense.
Almir Raposa, era descendente de uma família numerosa, de pais lavradores, nascido no povoado Rio Preto, deste município, mais tarde migrou para cidade, onde se tornou um comerciante promissor, um homem leal e cumpridor dos seus compromissos, deixa a esposa Maria de Fátima e 03 filhos: Karina, Karol, Kilsa e netos.
Almir Raposa, foi acima de tudo um empreendedor, com muitos serviços prestados na sua área de atuação, um bom pai, um bom filho, e segue deixando um vazio imenso junto aos seus, com o seu falecimento prematuro em um leito de hospital em Chapadinha, vítima dessa pandemia que assola o mundo.
Nesse momento de dor e grande pesar, nos unimos a todos em orações, rogando pala interseção do Criador do Universo que os conforte por essa grande perda. Que Deus receba o Almir de braços abertos na sua nova morada.


Buriti (MA), 01 de junho de 2020.
Reginaldo Veríssimo
Editor do TubiNews

FALTA UM GESTO PARA SERMOS “70%” E ESTARMOS #JUNTOS, POR FERNANDO BRITO

Celso Rocha de Barros, hoje, na Folha, resume em poucas linhas a situação de fraqueza de Jair Bolsonaro que impediu, até agora, que ele desfechasse o golpe autoritário que sempre mirou:
As chances de sucesso de um golpe bolsonarista já foram maiores: quando tinham Moro e o lavajatismo na mão, quando tinham o dobro de aprovação popular, quando a reeleição de Trump parecia certa, quando ainda havia quem acreditasse em Paulo Guedes, quando Bolsonaro ainda não havia sido o pior governante do mundo no combate à pandemia. Mas mesmo um golpe fraco pode ser bem-sucedido se não encontrar resistência.
Na última frase está o cerne da questão: a nossa capacidade de resistência foi desmantelada, erodida, quase destruída pela era do ódio à política que marcou a maior parte desta década.
Para viabilizar-se uma frente política, como é absolutamente necessário hoje, é preciso romper esta prática que, afinal, é a responsável por ter acontecido o inconcebível: legitimar-se, pelo voto, a ascensão de um psicopata com pretensões golpistas, como se a democracia pudesse escolher seu algoz para dirigi-la.
Todos – partidos, políticos, mídia, ministério público, juízes, Polícia Federal – estão na raiz deste processo que hoje as deixou em impotentes diante deste monstro que pariram.
A reedição de frente democráticas, a que se refere a manchete de capa da Folha – “Manifestos pró-democracia buscam clima de Diretas Já após ataques de Bolsonaro” – não depende, como diz seu mais importante manifesto – o #Juntos – de ” deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum”.
Trata-se de recusar, também, os métodos que estas disputas tomaram e que nos levaram ao que temos, tal como naquele distante 1984 tratou-se de recusar o golpe militar – igualmente apoiado por muito dos integrantes do movimento, duas décadas antes – como forma de ascender ao poder.
Para chegarmos ao movimento das Diretas Já houve, antes, o processo de reintegração na vida brasileira daqueles que dela foram excluídos pelas leis do arbítrio. Sem a volta deles, os cassados e exilados, na plenitude de seus direitos, não teria havido o reencontro do país com a liberdade.
Hoje, como então, mais do que eles exigirem, todos exigiam, mesmo alguns de seus mais ferrenhos adversários.
Nos dias de hoje é preciso que se reconheça que há um personagem que só pode dar a esta frente democrática o vínculo popular que ela precisa ter. Ninguém duvida, a crer no número que intitula um destes movimentos – o Somos 70% – que a metade, ou quase isso, o tem como referência.
Sabe-se que retirá-lo da política foi a pedra de toque do nefasto processo que nos conduziu ao desastre em que nos encontramos e é preciso fazer cessar esta causa quando se quer pôr fim às consequências.
Não é possível reconstruir a democracia sem que se readmita, nos seus anos finais ao menos, o mais importante personagem de duas décadas de sua reedificação nos pós ditadura. Tratá-lo como um marginal é manter vivo o que gerou o monstro, o ódio doentio.
É tão forte o sentido disto que, sem citar-lhe o nome, todos sabem de quem se fala.
Formar ombro a ombro com os que ajudaram nas origens do nosso infeliz presente exige superar diferenças e rancores. E para isso acontecer, é preciso que seja mútuo, do contrário será falso.
Há que desfazer o nó central desta trama desastrosa que nos amarou e prendeu a um regime intolerável, se queremos desmanchá-la.
Do Tijolaço

A S TROPAS DE BOLSONARO EM AÇÃO, POR FERNANDO BRITO

As agressões descabidas aos manifestantes antibolsonaro e as cenas de confraternização de policiais com os bolsonaristaso diálogo de um deputado do PSL e um capitão, sobre queimar uma faixa de protesto e a proteção dada senhora histérica, de taco de beisebol e bandeira norte-americana a fazer ameaças – deveria deixar de cabelo em pé os generais da ativa na cúpula das forças armadas.
As polícias estaduais estão, à toda evidência, na iminência de quebrarem todas as cadeias de comando. Estão prontas para reprimir com violência qualquer protesto contra o governo, enquanto agem – já há semanas – ajudando a organizar e a abrir caminho para mas marchas da morte, antes exigindo a abertura do comércio e, agora, o fechamento do Supremo.
Se, nas polícias, a “bolsonarização” ocorre, em boa parte, pela via da milícia que a elas se tornou simbiótica, no Exército ela foi patrocinada pelo próprio comando, que franqueou ao ex-capitão quartéis e academias militares para que ele desfilasse ali sua estupidez e – algo que traz em sua própria carreira militar – e sua indisciplina.
Há muitos sinais de que os oficiais do comando do Exército estão pressionados por uma pinça que é formada pelo grupo de militares palacianos e governistas – e não são poucos, porque o governo está tomado por centenas deles – e uma baixa oficialidade que está ideologicamente contaminada pelo extremismo de direita.
E não apenas isso: segundo levantamento do Ministério da Defesa, feito a pedido do Estadão, mostra que militares da ativa já ocupam quase 2,9 mil cargos no Executivo. São 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea Brasileira (FAB).
A atitude do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ao acompanhar num helicóptero do Exército, a chegada de Jair Bolsonaro em sua exibição equestre e asinina na Praça dos Três Poderes não poderia ter sido mais inconveniente.
Os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, neste momento, agarram-se a frangalhos de seus comandos. Estão sendo conduzidos, embora obrigados ao silêncio e usurpados em suas atribuições.
E vendo, sobretudo, 30 anos de desfazimento da imagem golpista das Forças Armadas, indo para o ralo com um projeto que seria, afinal, o de profissionalização dos militares.
Na ânsia de parecerem heróis, viraram vilões.
Do Tijolaço