As
agressões descabidas aos manifestantes antibolsonaro e as cenas de
confraternização de policiais com os bolsonaristas – o diálogo de um deputado
do PSL e um capitão, sobre queimar uma faixa de protesto e a proteção dada
senhora histérica, de taco de beisebol e bandeira norte-americana a fazer
ameaças – deveria deixar de cabelo em pé os generais da ativa na cúpula das
forças armadas.
As
polícias estaduais estão, à toda evidência, na iminência de quebrarem todas as
cadeias de comando. Estão prontas para reprimir com violência qualquer protesto
contra o governo, enquanto agem – já há semanas – ajudando a organizar e a
abrir caminho para mas marchas da morte, antes exigindo a abertura do comércio
e, agora, o fechamento do Supremo.
Se,
nas polícias, a “bolsonarização” ocorre, em boa parte, pela via da milícia que
a elas se tornou simbiótica, no Exército ela foi patrocinada pelo próprio
comando, que franqueou ao ex-capitão quartéis e academias militares para que
ele desfilasse ali sua estupidez e – algo que traz em sua própria carreira
militar – e sua indisciplina.
Há
muitos sinais de que os oficiais do comando do Exército estão pressionados por
uma pinça que é formada pelo grupo de militares palacianos e governistas – e
não são poucos, porque o governo está tomado por centenas deles – e uma baixa
oficialidade que está ideologicamente contaminada pelo extremismo de direita.
E
não apenas isso: segundo levantamento do Ministério da Defesa, feito a pedido
do Estadão,
mostra que militares da ativa já ocupam quase 2,9 mil cargos no Executivo. São
1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea Brasileira
(FAB).
A
atitude do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ao acompanhar num
helicóptero do Exército, a chegada de Jair Bolsonaro em sua exibição equestre e
asinina na Praça dos Três Poderes não poderia ter sido mais inconveniente.
Os
comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, neste momento, agarram-se
a frangalhos de seus comandos. Estão sendo conduzidos, embora obrigados ao
silêncio e usurpados em suas atribuições.
E
vendo, sobretudo, 30 anos de desfazimento da imagem golpista das Forças
Armadas, indo para o ralo com um projeto que seria, afinal, o de
profissionalização dos militares.
Na
ânsia de parecerem heróis, viraram vilões.
Do
Tijolaço
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