Confira
o cenário político e econômico do Brasil nesta sexta-feira, 04 de dezembro. Os
dados da covid-19 no Brasil, que registrou 46.884 novos casos e 694 novos
óbitos.
A
média diária semanal permanece em alta, e chegou em 42.231 novos casos e 570
óbitos. “E o general Pazuello dizendo que todo mundo saiu para a campanha
eleitoral e não mudaram os indicadores. Em que mundo que vive?”, pergunta
Nassif.
Na
análise por estados, 18 Estados apresentam alto crescimento no registro de
casos, três Estados tem crescimento moderado, quatro Estados apresentam quadro
estável e apenas dois Estados mostram queda drástica. Já os dados de óbitos por
Estado mostram alto crescimento em 11 Estados, crescimento moderado em três
Estados, patamar estável em sete Estados e queda drástica em seis Estados.
O
comentarista André Roncaglia discorre sobre as declarações do ministro da
Economia, Paulo Guedes, de que a economia brasileira está “voltando em V”. “A
gente está longe de restaurar nos níveis pré-pandemia: quando colocada em uma
ótica de mais longo prazo, o nosso atual nível de atividade se encontra 7%
abaixo do pico, atingido no primeiro trimestre de 2014”
“Quando
a gente considera os índices de desenvolvimento medidos pelo PIB per capita, a
gente vê que o Brasil retrocedeu 10 anos e encontra-se hoje em níveis de 2009.
Isso está longe de ser a terra da fantasia que Guedes quer pintar para a
sociedade”, explica Roncaglia. “Mesmo assim, o ministro já vem utilizando isso
como justificativa para a extinção do auxílio emergencial a partir de 2021,
muito embora mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenha alertado o
Brasil para a importância de manter os estímulos fiscais na tentativa de não
desrespeitar o teto de gastos”.
“A
postura de Guedes entra em flagrante contraste com aquilo que vem ocorrendo
mundo afora, que é uma mudança radical na maneira de se compreender a política
econômica, em particular a política fiscal”, diz Roncaglia. “Os Bancos Centrais
injetaram trilhões mundo afora e relaxaram muito aquilo que os economistas
chamam de ‘restrição fiscal do Estado’ – ou seja, a ideia de que o dinheiro
acabou, a ideia de que o Estado precisa restringir os seus gastos a aquilo que
ele consegue arrecadar da economia”.
“O
resultado tem sido uma mudança radical de pensamento econômico, em particular a
postura prática dos economistas”, diz Roncaglia, citando o discurso da indicada
para a Secretaria do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.
“A
grande discussão é essa: como você coloca no centro das políticas públicas os
vulneráveis, os cidadãos, como algo imprescindível para o desenvolvimento do
país”, diz Nassif, citando o debate realizado na série Milênio, abordando a
busca de outro paradigma.
Sobre
as eleições de 2022, Nassif começa sua análise abordando as forças que se
uniram em torno do impeachment, tendo como ponto central o antipetismo e o
antilulismo. “Quando cai o PT, e vem o impeachment, vem a fase terrível
do Temer, que foi um preparativo para Bolsonaro – agora essas forças se diluem
com interesses divergentes, com posições diferentes. O Bolsonaro vira um
inimigo em comum e, agora, você começa a planejar para 2022”
“Grosso
modo, você tem dois grupos se articulando hoje: um grupo muito estranho que é
um centro-direita mais centro-esquerda, que não vai se sustentar. Entra o
mercado, entra o STF e a mídia, você tem o DEM e o Rodrigo Maia e essa
tentativa do Ciro Gomes de trazer o PDT e o PSB”
“Você
tem o mercado, o Supremo Tribunal Federal e a mídia, você tem o DEM e o Rodrigo
Maia e essa tentativa do Ciro Gomes de trazer o PDT e o PSB. Do outro lado você
tem uma frente de esquerda em que entra o PT, entra o Lula, e entram os
partidos menores que estão se articulando”, diz Nassif
Nassif
diz que “a centro-direita, que tem o PDT e o PSDB, tem como potenciais
candidatos o Luciano Huck, que é o favorito, o João Doria e o Ciro Gomes, que
acha que vai entrar nesse bolo e vai poder ser o candidato desse grupo. Isso é
uma autoilusão sem tamanho. E você vê um discurso muito recorrente do Ciro, de
apresentar o Lula como ultrapassado”.
“O
PT tem que fazer uma reciclagem, tem que fazer uma autocrítica para ver formas
de atuação, tem que desenvolver projetos de país, mas o Lula é a maior
liderança popular da historia do país”, afirma Nassif. “O que querem é anular,
efetivamente, qualquer vontade do Lula de se apresentar como candidato ou
endossando algum candidato”.
“E
entra o fator Ciro. O Ciro jamais vai ser aceito por esse leque de
centro-direita/centro-esquerda por algumas razões”, diz Nassif. “Primeiro pelas
virtudes: ele tem um conjunto de propostas de políticas públicas que é contra
as negociatas que são o cerne desse pensamento”
“Eu
não aguento mais ver televisão quando o cara entra e fala ‘se a Lei do Teto não
vier, acaba o país’ (…) É vergonhoso, não tem raciocínio, tem malícia, tem
campanha. E o Ciro é melhor discurso até agora para combater esses factoides.
Então, ele jamais vai ser aceito”.
“E
por qual motivo que está tendo esse namoro? A centro-direita é muito esperta:
traz o Ciro, o Ciro fica como agente para tentar impedir qualquer formação de
frente de esquerda e para tentar inviabilizar o Lula. Não tem outra”.
“O
Ciro não seria aceito pelas ideias dele e nem pelo temperamento dele. Alguém
acha que o Ciro, se fosse Presidente da República com esse grupo, iria se
curvar ao que pensa esse grupo? Não vai. Então, ele é um instrumento para
desmoralizar o Lula. É evidente que o PSOL vem vindo com um pensamento mais
moderno, mas os principais quadros técnicos de políticas sociais estão no PT.
Uma parte está indo para o PSOL, mas a maior liderança popular está no PT”.
“O
Ciro é um Cavalo de Troia, e nem é no mau sentido. Ele não é malicioso, ele é
egocentrado. O mundo tem que girar ao redor dele, e então fica com esse
pessoal, que faz a corte e daqui um tempo ele tá rompendo com esse pessoal e se
inviabiliza como candidato”.
“E
tem o fator João Doria”, diz Nassif. “O Doria é uma expressão da ultradireita.
O antipetismo dele, a radicalização dele, a falta de empatia com o pobre, o
estilo autoritário que ele tenta disfarçar com esse papel de estadista que
trata da saúde. Não cola (…) O que ele está fazendo com a saúde, de estimular a
disputa com Bolsonaro, é irresponsável”, afirma Nassif.
“Ele
(Doria) trouxe a Joice Hasselmann e o Alexandre Frota para ele. Traiu o PSDB
paulista – a presidência do PSDB SP mostra a maneira como ele rifou o PSDB (…)
Ele (Doria) tem um componente de falta de lealdade e de autoritarismo que torna
impossível qualquer acerto com o PSDB. Então, você vai ter um Huck, que vai se
fortalecer efetivamente”, explica Nassif.
“A
grande aposta é o Luciano Huck, que não é nada, é uma loucura mas é alguém que
vai ser ciceronado por esse centro-direita e o mercado”.
Nassif
entrevista o jornalista Américo Antunes, organizador do projeto Minas +300,
abordando os 300 anos de fundação de Minas Gerais – que é marcada por conflitos
de diversas origens.
Antunes
também aborda a importância da comunidade negra para a formação de Minas
Gerais, que era o principal destino dos escravos por conta do trabalho de
mineração de aluvião. “Ao mesmo tempo em que você teve o massacre de indígenas
e a importação maciça de escravos da África, principalmente da Costa da Mina,
você também teve um movimento de resistência muito grande, que hoje é um campo
de pesquisa – os quilombos de MG são poderosos”
“Houve
uma resistência muito forte, e que vai marcar profundamente a identidade
cultural mineira, tanto na culinária como no patrimônio cultural – Aleijadinho
é filho de um português com uma negra escravizada e é alforriado no momento do
batismo”
O
livro de Américo Antunes se chama “Terra Prometida – um Herege nas Minas de
Ouro”, elaborado a partir de trabalho de campo realizado “seguindo pelo Rio das
Velhas, indo pelo São Francisco até a fronteira com a Bahia, entrando pelo Rio
Paraguaçu até chegar ao Recôncavo”.
GGN