Nos
velhos tempos, havia as “raposas do Congresso”: animais políticos matreiros,
espertos, de pelo macio e movimentos suaves.
Em
matéria de canídeos, hoje, além das grotescas hienas que se vê, a toda hora, o
que parece dominar a fauna parlamentar são mesmo lobos, em lugar dos refinados
felpudos do passado.
Rodrigo
Maia e David Alcolumbre, com muito pouco acanhamento senão o verbal têm os
poderes de presidentes da Câmara e do Senado e mostram que não irão largá-los,
ainda que à custa de um atropelo constitucional que só mesmo o desqualificado
STF que tem este país poderia considerar.
Até
há alguns anos, ainda que os partidos políticos brasileiros já fossem
extremamente degradados, ainda se conseguia tratar da escolha dos chefes do
Legislativo com um mínimo de correspondência com o tamanho das bancadas
partidárias.
Agora,
o DEM, que acumula a presidência das duas Casas, é apenas o 10° partido na
Câmara e o 7° no Senado.
A
despeito da clareza do comando constitucional que proíbe a reeleição dos
presidentes de Câmara e Senado na mesma legislatura, o Judiciário está atraído
pela ideia de que Rodrigo Maia, principalmente, é um obstáculo ao poder
absoluto de Jair Bolsonaro, afinal parido pelas decisões da Justiça que lhe
abriram caminho.
Providencialmente,
surge agora a acusação do Ministério Público contra Arthur Lira, o candidato do
Centrão – e de Bolsonaro à chefia da Câmara. Lira teria, como o filho-senador
do presidente, se beneficiado de um sistema de “rachadinhas”, como relata o Estadão:
(…)o
deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL) esteve à frente de um esquema
milionário de “rachadinha” quando integrou a Assembleia Legislativa de Alagoas,
segundo acusação do Ministério Público Federal. Documentos até então sigilosos
obtidos pelo Estadão indicam desvio, entre 2001 e 2007, de R$ 254 milhões dos
cofres públicos. Somente o líder do Centrão movimentou R$ 9,5 milhões em sua
conta. As informações estão em uma ação penal que Lira ainda responde na
Justiça estadual. Ele já foi condenado pelo caso na esfera cível.
Para desviar o dinheiro da Assembleia, o “grupo criminoso” liderado por Lira,
como destaca o processo, incluiu na folha de pagamentos funcionários fantasmas.
O esquema, afirma a acusação, usava empresas de terceiros para simular
negociações e empréstimos pessoais como forma de justificar a movimentação
financeira nas contas dos parlamentares.
É
possível que seja reação ao comando que vem do Planalto: derrotar Rodrigo Maia
de qualquer forma, para evitar que ele seja o núcleo de uma candidatura de
centro-direita (seja com que candidato for) e atrapalhe os planos de outra
reeleição, ao do próprio Bolsonaro.
A
política brasileira virou esta mixórdia, por que o baixo clero ocupou a própria
Santa Sé.
Do Tijolaço.
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