Derrotados
ontem, mesmo, só saíram os militares brasileiros, levados a “pagar um mico”
homérico com seu desfile de tanques e ideias velhas de mais de meio século, do
tempo em que expelir colunas de fumaça preta indicava a potência de dragões
bélicos e não a obsolescência de geringonças para a guerra e para golpes.
Jair
Bolsonaro não se importa nem um pouco em parecer saudosista; é isso mesmo o que
quer: evocar a memória de um passado que não existiu, o da “felicidade” dos
brasileiros nos tempos do regime militar.
Ironicamente,
alegando estar defendendo o que a ditadura de seus “heróis” tirou dos
brasileiros, o voto para presidente.
E
o presidente também não liga em ter exposto as Forças Armadas, pois em relação
a elas não tem senão o recalque do mando finalmente conquistado e a certeza que
elas se alimentam de poder, soldo e arrogância, e não de profissionalização, capacidade
e eficiência.
A
batalha política, lamento informar, não foi mal para Bolsonaro, nem tanto por
causa dos 229 votos que seu Cavalo de Troia recebeu, mas pelos 211 contrários,
quase 100 a menos que os partidos que se opuseram a ele esperavam registrar no
painel da Câmara.
Nem
se fale em MDB e DEM, mas dos que assumiram posições claras e deveriam, por
isso, ter poucas defecções.
Confiram:
no PSDB, o voto foram 14 votos bolsonaristas; no PSD, 20; no PSB, 11; seis
votos a favor no PDT e três no Cidadania. Quase 60 fotos que, se fossem
coerentes, teriam baixado a votação da manobra governista para os 170 esperados
e erguido para 270, como esperados, o muro do “não” a Bolsonaro.
Daqui
a pouco começará a gritaria e não é difícil prever que o presidente dirá que,
apesar de ter tido a maioria – o que, no seu discurso, vai virar “a vontade do
povo” -, não conseguiu a marca necessária de 308 por conta das “pressões
indevidas” do presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso.
E
seguirá em sua agitação, usando os militares como alegorias exibidas como
fiadoras de suas pretensões continuístas: tem os exercícios da semana que vem
como palco e o Dia do Soldado, 25 de agosto, como motivo para uma manifestação
de gala para seus apetites.
As
instituições civis, que não soltam fumaça, parecem estar em pior estado que os
deprimentes tanques do desfile de ontem. Nem soltam roncos ou fumaças: miam
diante do aspirante a ditador.
Tijolaço.
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