Arthur
Lira tentará – com grandes chances de conseguir – abrir mais uma porteira para
sua boiada, com a votação de um arremedo de reforma tributária que, em troca de
uma pequena bondade – o reajuste de quase nada na tabela o Imposto de Renda,
transformar os impostos brasileiros numa “salada” completamente imprudente, da
qual não se tem a menor ideia do que sairá, emendada e remendada para que possa
superar as resistências que lhe vem de toda parte.
Lira
esmerou-se no arranjo: colocou um relator bolsonarista à testa do projeto,
bloqueou a discussão do tema pela sociedade e acelerou uma aprovação a toque de
caixa com o argumento insólito de que “tem de votar na terça-feira”, como se
votar uma mudança – que só passa, em parte, a valer em janeiro (e depois disso,
para a aplicação de outras alíquotas) – hoje, amanhã ou semana que vem fizesse
alguma diferença prática.
Faz
diferença, sim, e isso motiva a intransigente pressa de Lira, mas na política.
É
provável que ele, com seu conhecimento dos humores da maioria dos deputados
pressinta que o processo de deterioração da base governista esteja em curso
mais rápido do que imaginava e que, daqui a algum tempo, a Câmara esteja em
posição de bloqueio ao governo Bolsonaro como já está o Senado, onde há medo de
se por em votação até mesmo a antes tranquila indicação de André Mendonça para
o Supremo.
Então,
é preciso tocar rápido a boiada, para que o pisoteio das regras públicas e a
consumação do pacto corrupto de destinação dos recursos públicos, com quase
exclusividade, aos interesses eleitorais paroquianos dos parlamentares,
num remake da fórmula do Centão mais realista: é recebendo que
se dá.
A
rigor, ninguém sabe o que vai sair disso. As fontes de compensação das perdas
de receita dificilmente passarão ilesas pelo plenário, pois a aprovação do
texto-base – cuja versão final nem sequer foi apresentada – serão fortemente
“depenadas” na votação de dezenas de destaques, sobre os quais não há acordos.
Será,
também, inevitável uma tempestade de questionamentos judiciais. E, a esta
altura, disputas judiciais não têm a menor tendência de resultarem em decisões
favoráveis ao Governo.
As
tais segurança jurídica e estabilidade tão reivindicadas pelo empresariado,
pelas mãos de seu escolhido político, estão indo, solenemente, para o brejo.
Tijolaço.
0 comments:
Postar um comentário