Seis
meses depois de sua chegada à presidência da Câmara dos Deputados, o país
começa a perceber que é ter o Poder Legislativo presidido, como nos tempos de
Eduardo Cunha, presidido por alguém sem o mínimo de pudor democrático.
Arthur
Lira aproveita a situação de fraqueza do governo Bolsonaro – que entregou-se ao
Centrão , alucinado por vender patrimônio público e criar artimanhas
econômico-eleitorais – e torna-se o fabricante de leis mais rápido da história.
Ou,
para ficar na expressão que já se usou aqui: o grande passador de “boiadas”,
atropelando qualquer debate.
Em
duas semanas da volta do recesso parlamentar, já tivemos a aprovação da
privatização dos Correios, da grilagem de terras públicas, uma “reforma”
trabalhista, com a supressão de direitos básicos de trabalhadores, a PEC do
voto impresso (esta numa derrota apenas formal do Governo), estamos em meio a
uma reforma eleitoral (onde estamos comemorando apenas o “podia ser pior”)
vamos para um arremedo de reforma tributária tresloucado e logo para uma
reforma administrativa com mais do mesmo: tira-se dos pequenos e não se bole
com os grandes.
A
coisa é tão escandalosa que a opinião pública, que antes achava que Lira e o
Centrão se contentariam apenas com cargos e emendas, está despertando para o
fato de que eles são uma nuvem de gafanhotos, também, paara toda a organização
jurídica do país, em todos os campos: social, político, tributário,
administrativo.
O
presidente da Câmara está capitaneando – e veloz, com as velas enfunadas – uma
nau de insensatos, que parte do princípio que a maioria parlamentar tem o
direito de fazer o que quiser, como e quando quiser.
Por
trás desta avalanche, não duvide, há comissões e negócios rolando à solta.
Já
não lembro onde, mas li hoje cedo a expressão que resume tudo: Lira é o
Bolsonaro do Congresso.
Tijolaço.
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