O
editorial do Estadão é preciso: o que está sendo feito por
paramilitares – oficiais da reserva e da ativa das PM que rasgam as proibições
legais de politização – é, de fato, uma “convocação do golpe“, com a chamada explícita que se invada
o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, tal como os adoradores de Donald
Trump invadiram o Capitólio, para subverter os resultados das eleições
presidenciais dos EUA.
Perante
esse quadro, não basta a existência de um inquérito no STF para investigar
organizações criminosas de ataque à democracia. É urgente que o Congresso reaja
e que o Ministério Público acione a Justiça, de forma a impedir a ação
criminosa contra as instituições.
Impõe-se o realismo. Depois de tudo o que já
foi divulgado, eventual tentativa de golpe no dia 7 de setembro não será
nenhuma surpresa. Será a estrita realização das táticas e objetivos anunciados,
repetidas vezes, por bolsonaristas.
A quem reclama de falta de liberdade de
expressão, caberia sugerir que experimente fazer na Alemanha ou na Inglaterra o
que os bolsonaristas estão fazendo aqui, anunciando a invasão e o fechamento da
Corte Constitucional e do Legislativo.
A
comparação seria perfeita se, como em Washington, Londres ou Berlim, houvesse
dúvidas sobre a fidelidade do Exército à lei.
É
claro que as ameaças fazem parte da guerra psicológica do golpismo mas também é
bom lembrar que chega um momento que o terror virtual põe os chifres de búfalo
à cabeça investe contra as instituições. E os pronunciamentos bélicos de vários
oficiais bandidos das PM são preditores mais que evidente de que este risco é
real.
E
que não tem daquelas instituições, respostas à altura, altivas, mas apenas
balbucios fracos e abstratos, que fingem que as feras estão quase à sua porta e
chamam o chefe das matilhas ao diálogo, como se rendas e dentes pudessem ter um
encontro suave.
O
que cabia a elas – aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e do STF, Luiz
Fux – era dirigir-se ao Ministro da Defesa e ao Presidente da República para,
nos termos das atribuições da Inspetoria Geral das Polícias Militares, o
primeiro, e do artigo 142, tomar as providências para o cumprimento dos
regulamentos pelos policiais militares e ao chefe do Executivo nos termos do
Artigo 142, tão invocado pelos bolsonaristas, garantir com as Forças Armadas a
incolumidade dos prédios diante das ameaças explícitas que estão sofrendo.
A
hora é agora, porque aquelas turbas não têm apoio algum: nem o da imprensa, nem
o do poder econômico, nem da sociedade civil e, ao menos formalmente, ainda não
têm o apoio das cúpulas das Forças Armadas, ainda que uma camada de ambiciosos
as usem como cacife palaciano.
É
preciso lancetar este tumor enquanto ele não toma totalmente o ambiente militar
e fazer as Forças Armadas protegerem também os dois outros poderes da
República.
Exigir
o respeito, antes de qualquer conversa, aliás, inócua, pois as atribuições de
cada poder estão descritas na Lei e não nos arranjos que seus chefes possam
fazer.
Do
contrário, aceitaremos que seja um coronel de Sorocaba ou um bombeiro do Ceará,
no delírio de seus fanatismos, sejam de fato os comandantes das armas no
Brasil.
Tijolaço.
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