O
Procurador Geral da República, Augusto Aras, não resistiu à pressão da
corporação – e do que é seu dever, afinal – e pediu a abertura de inquérito
sobre as responsabilidades do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na
catástrofe de Manaus.
Vai
ser um espetáculo de nudez na praça, onde se vão mesclar omissão, desídia,
charlatanismo e todas as vergonhas que marcaram e marcam o arrogante e infeliz
papel de um ministro que só tem como programa a obediência canina às loucuras
de seu chefe, Jair Bolsonaro.
Acolhido
o pedido pelo Supremo Tribunal Federal, o passo inicial será a devassa das
operações do Ministério pela Polícia Federal – inclusive na “Missão Cloroquina”
enviada à capital amazonense e sobre os avisos – formais e documentados – de
que o desastre e as mortes de pacientes por sufocamento viriam.
Por
exemplo, como explicar que oxigênio não veio, mas chegaram 120 mil caixas de
cloroquina e hidroxicloroquina para serem despejadas goela abaixo dos doentes.
E
é inevitável, pela mobilização de meios que seria necessária das três Forças,
que sejam os militares que se vejam arrastados para dentro deste episódio
trágico por permitirem que Jair Bolsonaro se servisse de um general da ativa
para impor às estruturas de Saúde do país alguém que estivesse disposto a
seguir sua política genocida, pró-morte e charlatã.
Por
falta de aviso não foi e, agora, estão todos metidos numa sinuca de bico.
Bolsonaro
não pode trocar de ministro nem Pazuello pode passar à reserva sem que qualquer
dos dois atos se configure como, antes mesmo de uma confissão de culpa, uma
demonstração de covardia.
E
os generais, que elevaram um louco, sedento de poder, à Presidência da
República e que agarraram-se, como carrapatos, às oportunidades políticas que
ganharam com isso.
Era
mais que avisado e
aqui mesmo se disse que Pazuello apodrecia na praça e levava o Exército com
ele.
A
omissão dos comandantes militares – afinal, o ministro é um general da ativa –
e a apropriação das Forças Armadas como ferramenta de poder, mesmo que isso
significasse deixar o país entregue aos delírios negacionistas e desumanos de
um sujeito que, afinal, nem para tenente do Exército servia.
Ou
será que, em lugar de adminitir as baixas que sue mau comando está causando,
irão investir contra o poder civil, pela audácia de achar que um general está,
como qualquer um, sujeito a leis e à Constituição?
Ou
vão querer que o general que ignorou o sufocar agônico de brasileiros é bom
demais para sentar num banco da polícia e dar explicações?
Tijolaço.
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