Segue
completamente obscuro o início do longo processo de vacinação contra a Covid,
sem que haja no país uma dose sequer além das chineses da Sinovac, em parceria
com o Butantã.
Não
obstante, cada um fala numa data – como fez hoje Eduardo Paes, ao mencionar que
“ouviu dizer” que a vacinação nacional começaria no dia 20 de janeiro, o que
foi formalmente desmentido pelo Ministério da Saúde, que preferiu dizer que a
data é, apenas, “a melhor das hipóteses”.
Como
o mundo inteiro com a vacinação já em marcha (lenta, aliás, pela baixa
disponibilidade dos imunizantes), não é preciso ser muito atilado para saber
que – como aconteceu há meses com os respiradores – há uma guerra para capturar
os pequenos estoques de vacinas já prontas.
O
Globo publica agora à tarde que a “Vacina
de Oxford, a maior aposta do governo, pode levar cerca de um mês para
ficar disponível“,
apontando razões burocráticas para tamanho atraso.
Há,
porém, etapas anteriores a elas.
É
preciso, primeiro, receber as vacinas e ter a garantia de um fluxo de
fornecimento que permita planejar a vacinação, do contrário estaremos causando
mais confusão, como fez hoje o novo prefeito do Rio ao falar em vacinar 2,6
milhões de pessoas numa primeira fase. Ora, isso é o equivalente a 38% dos
cariocas e significaria que, recebendo vacinas segundo sua proporção na
população brasileira, seria necessário que o país tivesse disponíveis 83
milhões de vacinas, o que nem o mais otimista espera que tenhamos até o
terceiro trimestre de 2021!
Além
disso, o Reino Unido, sede da empresa que produz a vacina de Oxford e a Índia,
onde se encontra a maior planta de produção do imunizante – o Serum Institute –
começam amanhã a usá-la e é claro que não seremos a prioridade. Aliás, o Serum já
assinou um protocolo de intenções com a associação de clínicas vacinais privada
brasileira, para o fornecimento de 5 milhões de doses (2,5 milhões de
imunizações), certamente a preço melhor do que o cobrado do governo brasileiro.
Tudo
está, ainda, na base do “se cumprirem o prometido”, que a gente nem sabe o que
foi, como no caso do vai-não vai com a vacina da Pfeizer.
Depois
do show aquático com direito a xingamentos a João Doria é legítimo duvidar que
Jair Bolsonaro vá deixar o seu arqui-inimigo posar de pioneiro da vacina no
Brasil, embora seja ele que tem, na mão, 10,6 milhões de doses dela para
aplicar.
Se
isso será feito apressando a de Oxford, mesmo em pequena quantidade, para o que
tenho chamado de “vacinação cenográfica” ou atrasando a liberação da Anvisa do
imunizante chinês, logo iremos saber.
Do Tijolaço.
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