A
declaração de Jair Bolsonaro após o mega-reajuste do preço dos combustíveis
serve – e nem tanto – para os seguidores do “curralzinho”.
O
fato objetivo é que, ao retardar as decisões sobre reajustes nos preços dos
combustíveis que, há três semanas, eram evidentes, Jair Bolsonaro perdeu a
chance de que eles entrassem na conta da guerra no Leste Europeu.
Agora,
o aumento brutal decretado de uma só vez vai cobrar um preço muito maior,
porque desorganiza completamente os custos de uma série de setores econômicos,
com uma adição de custos que não tem como ser absorvida pelas empresas de
qualquer setor da economia.
Porque
soma ao aumento real de custos uma “liberação geral” de reajustes que cria,
para usar uma expressão popular, um “bundalelê” de valores em que tudo entra
nesta conta.
Já
vivemos isso no segundo semestre do ano passado com o reajuste da energia
elétrica, retardado no tempo, que – em taxa muito menor, 8%, contra de agora,
19% na gasolina e de 25% no diesel, empurrou para cima um conjunto de preços
com e sem relação com a eletricidade,
Desta
vez, porém, o impacto será ainda maior. E mais rápido, porque a conta de
energia leva um mês para chegar e o aumento do combustível cai de imediato ou,
no máximo, no tempo de reabastecer o veículo.
O
“vale-isso”, “vale-aquilo” que o Senado aprovou, ainda irá para a Câmara e
depois, depende de uma complicada regulamentação. Mas os preços não esperarão
isso e nem se reduzirão se e quando acontecer.
Esta
madrugada, milhares de pequenas caminhonetes e caminhões estarão levando
produtos para o mercado. Com o novo preço de gasolina e de diesel. Amanhã, o
frete de milhões de produtos entregues em domicílio, idem. E os que vão no
transporte pesado – produtos industriais e agrícolas – já contratarão o frete
ao menos 10% mais caro, senão mais.
Às
nove da manhã, todos estarão impactados por uma inflação de fevereiro que
estalou para índices maiores que os 0,85 do mesmo mês do ano passado. E as
projeções para a de março, agora, ficarão acima de 1%, saltando a acumulada em
12 meses para perto dos 12%.
Por
enquanto, porque é preciso esperar o quanto o círculo concêntrico de
transmissão deste míssil inflacionário vá expandir suas ondas de choque.
Tijolaço.
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