Embora
não tão promissores, os sinais emitidos por Vladimir Putin e Volodimir
Zelenskyi de que pode haver algum entendimento para que, ao menos, seja adotado
um cessar fogo no conflito Rússia-Ucrânia esbarram em um obstáculo que é
intransponível, exceto por uma concessão russa.
Explico:
Putin pode mandar parar o avanço de seus tanques e tropas, suspender o
lançamento de mísseis e interromper missões de sua aviação em território
ucraniano, como é necessário, não há dúvida.
Mas
não é crível que a compensação a isso seja mandar parar de jogarem garrafinhas
de gasolina nos tanques ou congelar as barricadas ucranianas, porque a
contrapartida ao avanço militar russo não é feita com isso, mas com as sanções
econômicas ao país.
Portanto,
numa negociação diplomática eficaz, a moeda de troca teria de ser essa: parar a
escalada de sanções econômicas à Rússia e isso está fora do controle das
autoridades ucranianas, ainda que o quisessem e, ao menos nos discursos, não
parecem querer.
Esta
guerra não é o confronto de egos ente Putin e Zelensky, mas um rearranjo das
estruturas mundiais de poder, onde as decisões vão muito além de Kiev e Moscou,
estão em Washington e Beijing.
Tanto
quanto Moscou não quer ter a Otan no seu quintal, Beijing não quer ter uma
Rússia controlada pelo Ocidente.
Basta
saber que a fronteira sino-russa tem mais de 4,200 km, maior do que a dos
limites sul e norte do Brasil, do Oiapoque ao Chuí.
Enquanto
os EUA jogarem com a destruição do atual governo russo – a queda de Putin – e a
sua substituição por uma incógnita, porque nas eleições do ano passado só ele,
com os 50% do seu partido “Rússia Unida” e o Partido Comunista, com 20%,
mostraram ter base suficiente para se apresentarem como forças nacionais e,
certamente, não é ao PC que o Ocidente quer entregar o maior território do
mundo.
E
parecem continuar com isso, com a acusação pública de que estaria havendo um
pedido russo de armas chinesas, um despautério, porque se falta algo à Rússia
nesta guerra não é arsenal, que tem suficiente para destruir 100 Ucrânias e o
próprio planeta.
O
cenário da guerra é outro, o da destruição da capacidade ucraniana de defesa,
com a anulação de suas bases de defesa aérea – aviação e radares, que já
permitiram incursões aéreas como a de hoje, nos limites ocidentais da Ucrânia,
sem riscos de interceptação aeronáutica ou por defesas terrestres.
Esta
é a questão: o Ocidente quer uma saída negociada para a paz? Reduzir ou mesmo
eliminar as sanções à Rússia se ela retirar suas tropas da Ucrânia dariam
àquele país as condições de voltar à diplomacia,
Enforcada,
ela não recuará.
Tijolaço.
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